segunda-feira, novembro 21, 2005

Cada vez mais cedo

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Henrique Moretti

E mais um jovem jogador brasileiro está deixando o país. O atacante Celsinho, de apenas 17 anos, da Portuguesa de Desportos, deve se transferir para o Lokomotiv Moscou, da Rússia, no ínicio do ano que vem. As bases salariais já estariam acertadas, segundo o próprio atleta, e a proposta final chegaria a 7 milhões de reais, o que totalizaria nem 3 milhões de dólares, ou seja, praticamente uma mixaria.
A situação do futebol brasileiro se caracteriza cada vem mais calamitosa. Se antes os atletas costumavam sair, já cedo, com 20 anos, agora piorou. Celsinho nem maior de idade ainda é e já vai trocar seu país de origem pela gelada Moscou. Literalmente, parece ser uma fria.
Ele é mais um desses jogadores promissores, que brotam aos montes nos campos por Brasil afora. Acabou sendo vice-campeão do Mundial sub-17 esse ano no Perú, e vai embora sem ao menos disputar uma edição da Série A do Campeonato Nacional. No começo do ano, era mero reserva da equipe juníores da Lusa na Copa São Paulo, e chegará à Rússia sem saber o que é enfrentar um Corinthians, um São Paulo, um Flamengo.
Junta-se a ele o garoto dos mesmos 17 anos Anderson, do Grêmio, que também disputa a Série B do Brasileirão. Explodiu no Campeonato Gaúcho de 2005, foi comprado por um grupo de investidores portugueses por 10 milhões de dólares, uma bolada, e será cedido ao FC Porto em 2006. O meia, maior revelação gremista desde Ronaldinho Gaúcho, também sairá antes de completar a maioridade.
Com a debandada, cada vez mais nos acostumamos a ver nossos craques desfilando sua arte em gramados europeus. E mais: alguns atletas, como Thiago Motta e Deco, despontam na Europa praticamente sem ter passado pelo país de origem. Para se ter uma idéia, hoje, do grupo de 23 jogadores que o técnico Carlos Alberto Parreira deve levar à Copa do Mundo de 2006, apenas 3 jogam no Brasil. Ver Kaká no São Paulo, Adriano no Flamengo, Ronaldo no Cruzeiro, Robinho no Santos, todos disputando um grande Campeonato Brasileiro, e juntos, torna-se uma utopia praticamente impossível de ser alcançada.
E ainda tem Jô, Rafael Sóbis, Rosinei e companhia, jogadores ainda sub-23 que apostam nos dólares e rumam ao Velho Continente aos montes, deixando tudo pra trás e sem hora determinada para voltar. O pior é quando o destino é o mesmo de Celsinho, a Rússia, ou outros países do Leste Europeu, como a Ucrânia. A situação exportadora do Brasil, que na época das saídas Romário e Cafu já era apressada, hoje se dá ainda mais prematura. E deixa órfãos os clubes e os amantes do futebol canarinho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa matéria, eu nao tava sabendo do celsinho ainda.
O Brasil atualmente eh um exportador de craques, somenteee!!
Porque a infra-estrutura oferecida pelos clubes brasileiros, eh muito precária (citado no coments do rubens).
Eu nao acho q os jogadores têm total culpa nesse fator, eu acho q nao existe apoio da CBF e dos clubes em si.
O futebol brasileiro parou de andar!Ainda mais com problemas de arbitragem, cartolices e td mais, os jogadores temem serem extintos aki msm!! E para sua sobrevivencia a saída eh ir jogar em um mundo totalmente diferente de costumes e cultura.
Mas pelo menos lah eles sao valorizados, nao tanto como deveriam, mas mto mais do q aqui no Brasil.
Abraço Marcelo bela matéria.