segunda-feira, agosto 13, 2007

O ceu e o inferno "rosanero"

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Henrique Moretti

Começou no céu e terminou quase no inferno. Assim pode ser resumida a temporada 2006/07 do Palermo, maior clube da Sicilia na primeira divisão do Campeonato Italiano. No começo da competição, os rosaneri chegaram a formar a única equipe capaz de fazer frente à superlíder Internazionale. Porém, um péssimo segundo turno deixou o time treinado por Francesco Guidolin na decepcionante quinta colocação, fora da zona de classificação à próxima UEFA Champions League, espaço ocupado pelo Palermo durante quase toda a Série A.

Alguns fatores podem ser apontados como decisivos nessa grande derrocada do clube siciliano. Deles, destoam dois: as contusões de seus dois melhores jogadores, o volante Corini e o atacante Amauri. O primeiro, capitão e ponto de equilíbrio da equipe, demorou para se recuperar de uma lesão no nariz, enquanto o segundo, que era um dos líderes da artilharia do primeiro turno, sofreu grave contusão no joelho e ainda não atuou em 2007.

Maurizio Zamparini, milionário que controla o Palermo desde 2002, quando os sicilianos estavam na Série B e longe da elite desde a longínqua temporada de 1972/73, ainda tentou contornar a lesão de seu principal atacante, contratando, na inter-temporada, dois jogadores para o setor: o talentoso Cavani, destaque do Uruguai no Sulamericano e no Mundial sub-20, e o dinamarquês Matusiak, com passagens pela seleção do país escandinavo. Como a maré de azar pelos lados do Renzo Barbera teimava em passar, o jovem uruguaio também acabou lesionando justamente quando seu futebol começava a sobressair.

Mas nem só de problemas com lesões conviveram os rosaneri no segundo turno do Italiano. Guidolin não conseguiu encontrar um esquema de jogo eficiente e, sem contar com seu principal volante e atacante, mudava taticamente a equipe em praticamente todos os jogos. Houve um momento em que o torcedor palermitano não sabia mais se o time jogava com 2 ou 3 zagueiros, ou se com apenas 1 atacante. Mais rodízio via-se no gol, em que inexplicavelmente o treinador dava chances ao irregular Agliardi, em detrimento do veterano, e mais seguro, Fontana. As pressões de Zamparini, que não costuma deixar as comissões técnica que controla em paz, também atrapalharam a caminhada do Palermo, e Guidolin viveu na corda-bamba em toda a segunda metade da temporada, tendo sido inclusive demitido e, logo depois, recontratado.

Visando à temporada 2006/07, o que há nas bandas do Renzo Barbera são incógnitas. Os torcedores sabem que, sem a punição a equipes como Milan, Lazio e Fiorentina, e com a volta da poderosa Juventus, junto às promoções dos também tradicionais Genoa e Napoli, o Palermo inicia a nova época muito mais distante do sonho de disputar pela primeira vez a UCL. Zamparini também aparece menos arrojado neste mercado de verão, e contratações de impacto, como na última temporada (quando vieram Bresciano, Diana, Fábio Simplício e Amauri, entre outros), estão mais raras.

A equipe que entrará em campo na primeira rodada, em 26 de agosto diante da Roma, deve ser bem diferente da que encerrou a última Série A na quinta posição, qualificando-se para a Copa da UEFA. A começar pelo banco de reservas, em que Stefano Colantuono, que levou a Atalanta a uma honrosa oitava colocação no último Nacional, substitui o sempre criticado Guidolin. O capitão também mudou de ares: Corini deixou o clube que defendeu por 4 anos para voltar a jogar no norte do país, na equipe do Torino. Um dos principais atacantes, Di Michele, rumou ao clube grená de Turim. Nesse mesmo setor, Caracciolo também se transferiu. O antigo camisa 10 do Palermo irá jogar na Sampdoria, e deixa a Sicília sem deixar muitas saudades, já que se esperava muito dele quando saiu do Brescia com a boa referência do título europeu sub-21 conquistado pela Seleção Italiana, em 2004.

Para o lugar das baixas no ataque, veio Miccoli, que pintou como uma grande promessa do futebol italiano e, depois de não convencer na Juventus, perambulou por Fiorentina e Benfica, sem atingir grande sucesso. Para o meio-campo, uma promessa: Bosko Jankovic, destaque da Sérvia no último Campeonato Europeu Sub-21 e ex-jogador do Mallorca. Outros jogadores também se juntaram ao plantel rosanero, dentre eles o goleiro Ujkani, ex-Anderlecht, o zagueiro Rinaudo, ex-Siena, o meia Migliaccio, ex-Atalanta, e o atacante Matteini, ex-Empoli.

A tarja de capitão ficará em boas mãos se o zagueiro Barzagli, campeão do mundo pela Itália em 2006, rechaçar as especulações que o colocam nos tradicionais Juventus e Fiorentina, o que deve acontecer. Já Bresciano pode ir para o Manchester City e será uma grande perda se a transação se confirmar.

Para completar, a lateral-esquerda ainda é problema, com a falta de boas opções para Colantuono, já que Pisano e Dellafiore não conseguem suprir a lacuna deixada na lateral-esquerda após a saída de Fabio Grosso para a Inter, ocorrida 1 ano atrás.

E assim, com objetivos mais modestos que os do ano passado, o Palermo começará sua caminhada na temporada 2007/08 do Campeonato Italiano. Zaccardo chegou a afirmar que a nova meta é se firmar na “zona da Europa”, com uma nova classificação à Copa da UEFA – que seria a terceira seguida do clube –, ou, num sonho mais distante, alcançar uma vaga na fase preliminar da UCL.


também publicado em www.futeboleuropeu.com.br