sexta-feira, janeiro 25, 2008

A consagração de Messi

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Henrique Moretti

Na terça-feira, 28 de junho de 2005, as seleções sub-20 de Argentina e Brasil abriam uma série de três confrontos entre equipes oriundas dos países rivais. Ao final, a única vitória hermana foi no sub-20, passando pelos canarinhos comandados por Rafinha, Arouca e Rafael Sóbis. Ainda no dia seguinte, a seleção brasileira principal levaria a melhor na final da Copa das Confederações, por 4 x 1, e o São Paulo garantiria classificação à final da Libertadores ao passar pelo River Plate no Monumental de Nuñez por 4 X 2.
Depois de uma semana, a bela equipe sub-20 da Argentina acabaria conquistando o quinto título mundial do país na categoria, diante da Nigéria, de Taye Taiwo e John Obi Mikel, por 2 x 1.
A campanha para alcançar o caneco na Holanda, porém, havia começado mal, em uma derrota pelo placar mínimo para os Estados Unidos, comandados por Freddy Adu. Mas nada que abalasse a estrutura de garotos como Fernando Gago e Lionel Messi, que ajudaram a Argentina a passar por Egito e Alemanha para ficar com a segunda posição do grupo D – atrás dos norte-americanos.
Nas oitavas-de-final, clássico sul-americano com outro país que costuma revelar bons jogadores e ainda era a atual campeã do continente, a Colômbia: vitória por 2 x 1. Na fase seguinte, o desafio era superar a Espanha, um país ainda mais tradicional em termos de torneios de base. Veio um triunfo por 3 x 1 sobre a equipe de Fàbregas, fazendo a albiceleste entrar de vez no caminho do quinto título mundial. O teste de fogo contra o então invicto Brasil, que também lutava pelo pentacampeonato sub-20, só foi decidido aos 47 minutos do segundo tempo, com Zabaleta aproveitando assistência de Messi. Os dois gols de pênalti que garantiram o título sobre a Nigéria também foram marcados pelo barcelonista, maior estrela daquele certame.
Título “sem Pekerman”
Pode-se afirmar que o título no Mundial sub-20 da Holanda foi um momento de afirmação do futebol argentino de base. Notório revelador de talentos, o país só havia levantado uma taça até 1995, quando teve início a era José Pekerman. Desde a competição daquele ano, disputada no Catar, a Argentina passou a dominar a categoria, vencendo também os eventos de 1997, na Malásia, e 2001, em casa. As três conquistas foram sempre com equipes dirigidas por Pekerman, conhecido pela grande capacidade de trabalhar com jovens jogadores – Riquelme, Cambiasso e Aimar figuram entre os talentos lapidados.
Em 2005, ocorreu o primeiro Mundial Sub-20 sem a batuta do “mestre”, que finalmente havia passado a dirigir a equipe principal, depois de recusar o cargo por mais de uma vez. A partir daí, a história de Pekerman é bastante conhecida: substituiu o campeão olímpico Marcelo Bielsa, mas não conseguiu acabar com o jejum da albiceleste na Copa do Mundo da Alemanha, em uma doída eliminação nos pênaltis frente aos donos da casa. Na oportunidade, o treinador foi duramente criticado justamente por não ter colocado para jogar garotos como Messi, que esquentou o banco de reservas durante todo aquele confronto de quartas-de-final.
Voltando ao sub-20, o trabalho no Mundial da Holanda foi muito bem conduzido por Francisco “Pacho” Ferraro, treinador que já tinha uma boa experiência em categorias de base. Portanto, mesmo que não possa ser considerado um título sem nenhuma participação de Pekerman, essa afirmação para o futebol argentino era necessária. E ela acabou confirmada dois anos depois, no Mundial do Canadá, com os hermanitos levando para casa o sexto caneco, já comandados por Hugo Tocalli. Com o terreno tão bem preparado, era possível haver vida longe do antecessor que marcou época.

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