quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O nômade Luizão chega ao Flamengo

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Henrique Moretti

Não há jogador no mundo hoje que retrate melhor o chamado “Futebol Profissional” do que Luizão. O atacante, revelado no início dos anos 90 pelo Guarani de Campinas, se consagrou vencendo o Campeonato Paulista pelo Palmeiras, a Taça Libertadores da América pelo Vasco e os Campeonatos Brasileiro e Mundial pelo Corinthians, vem passando por uma fase peculiar. Em pouco mais de 4 anos, conseguiu a proeza de hoje chegar a seu oitavo clube, o Flamengo. Nesse período, Luizão já “amou” o Corinthians, o Grêmio, o Hertha Berlim, o Botafogo, o São Paulo, o Nagoya Grampus e o Santos, e agora assina com o Flamengo dizendo-se torcedor do clube da Gávea e que “tem a cara da equipe”.

A “peregrinarão” de Luizão, 30 anos completados em Novembro passado, teve início quando, às vésperas da Copa do Mundo de 2002, entrou na justiça contra o Corinthians, reivindicando direitos de imagem atrasados, e partiu em direção ao Grêmio de Porto Alegre, onde pouquíssimo tempo ficou. Acabou no Hertha Berlim, da Alemanha, onde passou boa parte do ano lesionado. Assim, em 2004, transferiu-se ao Botafogo, sua segunda passagem pelo futebol carioca, onde apresentava um bom futebol até ter nova contusão no joelho e perder o fim da temporada.

O matador então foi tratar-se no famoso Refis do São Paulo Futebol Clube e, como em boa parte dos casos de atletas lá tratados, acertou para jogar no clube que leva o nome da capital paulista, sem antes porém tentar acerto com o Corinthians (onde parecia anteriormente estar brigado). Seu início não foi bom, preterido pelo técnico Emerson Leão. Incomodado portanto com a reserva, Luizão acertou por fora um pré-contrato com a equipe japonesa Nagoya Grampus, cuja transferência se concretizaria em meados de 2005.

Para sua surpresa, o futuro lhe sorriu, e Luizão com a mudança no comando tricolor (entrada de Paulo Autuori o lugar de Leão), ganhou vaga de titular no time e foi um dos principais destaques na conquista da Copa Libertadores da América pelos são-paulinos.

No entanto, com o contrato já assinado com a equipe japonesa, Luizão viu-se obrigado a cumpri-lo, seguindo rumo ao Oriente, jurando amor ao São Paulo e chorando, prometendo voltar.

Para o espanto de todos, poucos meses depois, com a saída de Robinho do Santos para o Real Madrid, o matador revelado pelo Guarani voltava ao futebol paulista para um dos principais rivais do São Paulo, a equipe da baixada.

Luizão se dizia profissional e que não estava satisfeito no longínquo futebol japonês. Mas a alegria que ele teve na equipe da capital não permaneceu no Santos, com Luizão afundando na crise santista que culminou com a demissão do então treinador Nelsinho Baptista. Nem mesmo a chegada de Vanderlei Luxemburgo, no início de 2006, foi suficiente para manter o atacante na Vila Belmiro.

Finalmente, no último dia do mês de Janeiro de 2006, Luiz Carlos Goulart chega ao Flamengo para resolver a eterna falta do “camisa 9” pelos lados da Gávea, dizendo que “seu estilo de jogo se assemelha ao que a torcida quer, que é muita luta” e que “é movido pelos gritos da arquibancada, jogador com rótulo de clube de massa".

A torcida do mais querido vê com olhos de contestação a contratação do experiente jogador. A questão aqui é: qual Luizão jogará no Flamengo? O que vibrou no São Paulo ou o que decepcionou no Santos?

Indo além, como saber quanto tempo Luizão desta vez ficará?


PERFIL

Nome: Luiz Carlos Goulart
Nascimento: 14/11/75
Altura: 1,78 m
Peso: 77 kg
Posição: Atacante
Clubes: Guarani (1991/1992); Paraná (1993); Guarani (1994/1995); Palmeiras (1995/1996); Deportivo La Coruña-ESP (1997), Vasco (1998), Corinthians (1999-2002), Grêmio (2002), Hertha Berlim-ALE (2002-2003), Botafogo (2004), São Paulo (2005), Nagoya Grampus-JAP (2005) e Santos (2005)
Principais títulos: Copa do Mundo (2002), Mundial de Clubes da Fifa (2000), Copa Libertadores (1998 e 2005), Campeonato Brasileiro (1999)

terça-feira, janeiro 31, 2006

Euro 2008 - Sorteio da fase Eliminatória

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Christian Avgoustopoulos


Nesta Sexta Feira ocorreu o sorteio de grupos para a fase classificatória da Euro 2008, que está com taça nova (foto). 50 seleções, subdivididas em 7 potes gerariam 7 grupos, 1 com 8 seleções, e os demais com 7. Segue então a apresentação dos grupos com uma ligeira análise das possibilidades de cada seleção:

Grupo A:
Portugal
Polônia
Sérvia e Montenegro
Bélgica
Finlândia
Armênia
Azerbaijão
Cazaquistão

É o grupo de 8 seleções. Um dos mais complicados, não só pelo alto nível das principais seleções, como também pelas distâncias das viagens, principalmente para Portugal. Podemos observar 3 seleções que estão classificadas para a Copa do Mundo: Portugal, Polônia e Sérvia, o que comprova a força do grupo em questão. A Bélgica também tem chances de brigar por uma das vagas, e a Finlândia, com chances menores, corre por fora nesse disputada e aberta chave.


Grupo B:
França
Itália
Ucrânia
Escócia
Lituânia
Geórgia
Ilhas Faroe

Outro grupo extremamente complicado, também com 3 seleções que irão para a Copa. França e Itália, seleções de enorme tradição no futebol, devem ser apontadas como favoritas para as duas vagas. Mas a emergente Ucrânia, que tem apresentado um bom futebol, de alto nível, deve ser apontada também como uma das seleções que brigam por uma das vagas. A Escócia deve ser observada, mas com chances bem menores.


Grupo C:
Grécia
Turquia
Noruega
Bósnia
Hungria
Moldávia
Malta

Grupo equilibrado e aberto. Os gregos, atuais campeões europeus, aparecem com boas possibilidades de chegarem à fase final e defenderem seu título. Novamente, assim como nas eliminatórias para a Copa do mundo, Grécia e Turquia estão juntas (foto), porém com adversários teoricamente mais frágeis que os que tinham para a disputa da Copa. Noruega e Bósnia correm por fora por uma das vagas, com ligeira vantagem para os nórdicos. Hungria também merece atenção especial, embora com pouquíssimas chances. Curioso o fato de nenhuma seleção deste grupo estar qualificada para o Mundial.


Grupo D:

República Tcheca
Alemanha
Eslováquia
Irlanda
País de Gales
Chipre
San Marino

Alemanha e Republica Tcheca podem ser apontados como os mais fortes desse grupo, mas Eslováquia e Irlanda aparecem com boas chances de brigar por uma das vagas, principalmente pela aposentadoria de Nedved e a contestação de muitos críticos quanto a força da seleção alemã. Grupo aberto com ligeira vantagem para os alemães e tchecos, que estão na Copa.


Grupo E:
Inglaterra
Croácia
Rússia
Israel
Estônia
Macedônia
Andorra

Amplo favoritismo da Inglaterra neste grupo, que deve confirmar a 1a posição. A briga pela segunda vaga fica entre Croácia e Rússia, com chances iguais, e Israel correndo por fora. Certamente, não é um dos grupos mais complicados. As demais seleções não devem aprontar nenhuma surpresa.


Grupo F:
Suécia
Espanha
Dinamarca
Letônia
Islândia
Irlanda do Norte
Liechtenstein

Grupo complicado, marcado pelo grande equilíbrio entre Espanha, Suécia e Dinamarca, que devem disputar sem favoritismo as 2 vagas. Interessante observar a repetição do duelo regional entre Suécia e Dinamarca, que estiveram na mesma chave na Euro 2004. A Letônia, que também havia se classificado para a edição anterior da Eurocopa, pode surpreender e brigar indiretamente por uma das vagas.


Grupo G:
Holanda
Romênia
Bulgária
Eslovênia
Albânia
Belarus
Luxemburgo

Neste grupo o favoritismo é total da seleção holandesa (foto), que deve sem problemas assegurar a 1ª posição. A Romênia finalmente aparece com boas possibilidades de voltar a disputar a fase final de um torneio, o que não ocorre desde a Euro 2000. A Bulgária também pode brigar pela segunda vaga, fazendo o duelo balcã com os romenos.



Todas as partidas serão realizadas no período compreendido entre 2 de setembro de 2006 a 21 de novembro de 2007. Áustria e Suíça já estão classificadas para a fase final, por serem os anfitriões do torneio. Em caso de empate entre 2 ou mais seleções, o critério de desempate será o numero de pontos obtidos entre as seleções em questão (confronto direto). Caso o empate persista, os critérios seguintes são saldo de gols, gols pró e gols marcados fora de casa. Ambos critérios contados apenas nas partidas entre as seleções empatadas.

domingo, janeiro 29, 2006

Parabéns, Baixinho!

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Pedro Galindo

Romário. É nessa palavra em que se resume uma figura enigmática do futebol brasileiro. Esse é o nome que às vezes se confunde com a palavra ‘mito’. Um mito polêmico, mas um mito. Sua habilidade em disparar declarações polêmicas, as famosas “escapadas” das concentrações, e principalmente, seus gols – ao todo quase mil – são a marca registrada desse jogador, que certamente foi um dos maiores (e um dos mais longevos também!) da década de 90. Tudo isso pode ser sintetizado em apenas uma alcunha: o Rei do Rio.

Sua vida é uma verdadeira história de sucesso, recheada de gols e títulos por quase todos os lugares em que passou. Ele começou sua carreira no mesmo clube em que joga atualmente, o Clube de Regatas Vasco da Gama. Com 19 anos, subiu ao elenco profissional do time cruz-maltino. Nesse mesmo ano (1985), conquistou o campeonato sul-americano sub-20, com a Seleção Brasileira, e no ano seguinte sagrou-se artilheiro do Cariocão. Dois anos depois, conquistou o campeonato carioca, feito que se repetiria no ano seguinte. Em 1988, transferiu-se para o PSV Eindhoven, da Holanda. Na terra de Van Gogh, sua carreira meteórica continuou impressionando a todos. Com o “Baixinho” em seu elenco, o time da Phillips conseguiu uma “dobradinha” – Copa Holandesa e Campeonato Holandês – logo na sua primeira temporada. Durante todo o tempo que passou em Eindhoven, foram três ligas e três copas. Depois desse sucesso estrondoso na Holanda, o gigante espanhol Barcelona se interessou pelo craque. Então, o “peixe” seguiu para a Espanha, terra da maior liga do mundo. Mas isso não foi suficiente para barrar sua ascensão no futebol: em uma primeira temporada avassaladora, Romário fez 33 gols em 30 jogos pela Liga Espanhola, se sagrou campeão do mundo com a Seleção Brasileira, sendo escolhido o melhor jogador da Copa. De quebra, terminou o ano de 1994 como o melhor jogador do mundo escolhido pela FIFA.

Apesar de ter se adaptado à vida espanhola, o craque sentia falta da vida nas praias do Rio, do futevôlei, e da vida boêmia que a Cidade Maravilhosa lhe proporcionava. Então, numa das maiores transferências da história do futebol brasileiro, o Flamengo repatriou o Baixinho, e não demorou a colher os frutos. Romário foi artilheiro também no rubro-negro carioca, onde jogou por dois anos (95 e 96). Novamente, chamou a atenção de clubes europeus, e decidiu retornar à Espanha, só que desta vez ao Valencia. Não chegou a atuar muitas vezes pelo clube, e voltou ao Brasil apenas um ano depois de sua saída, mais uma vez ao Flamengo, onde permaneceu por mais alguns anos, até que, no final de 1999, ele trocou o Flamengo pelo seu clube de origem, o Vasco. Foi artilheiro do Campeonato Carioca, do Brasileirão e da Copa Mercosul, no ano seguinte. Em 2001, o craque continuou brilhando, se tornando o artilheiro do Brasileirão, ainda pelo Vasco. Em 2002, mais uma transação polêmica, na qual ele foi para o Fluminense. O tricolor carioca foi um dos clubes em que obteve menos sucesso: não conquistou nenhum título, embora tenha continuado uma fonte interminável de gols, mesmo com a idade já avançada.

Romário permaneceu no “Flu” até 2004, quando, aos 38 anos, acertou sua volta ao clube que o revelou. Sua passagem pelo Vasco foi marcada pelas críticas da imprensa a respeito da sua “esticada” na carreira. E, quando todos menos esperavam, o “Baixinho” reassumiu com primor a função de colocar a bola para dentro das redes, ao terminar o Campeonato Brasileiro de 2005 como artilheiro, com 22 gols em pouco mais da metade das partidas do Vasco no campeonato.

Dessa marca que o “Gênio da Área”, como gosta de ser chamado, alcançou, podem ser tiradas duas conclusões:

1) Romário é, realmente, um gênio. Um jogador que conseguiu fazer história, sendo artilheiro de um campeonato difícil como o Brasileiro aos 40 anos. Só deuses do futebol conseguem proezas como essa, logo, o Baixinho se enquadraria nessa categoria, o que deixa seu lugar guardado na história do esporte bretão.

2) O campeonato brasileiro, infelizmente, está em um nível tão medíocre que até um jogador de 40 consegue ser artilheiro. Com a debandada de craques para o futebol europeu, aqui em nossas terras só sobra o “bagaço”, o que facilita o trabalho de “ex-jogadores em atividade”, como Romário.

Os críticos optariam pela segunda alternativa. Até porque é a mais lógica. Não restam dúvidas de que se Adriano, Ronaldo, Aílton, e muitos outros “matadores” estivessem aqui, a briga pela artilharia seria muito mais acirrada. Eu, particularmente, prefiro acreditar na magia, na inteligência e no toque refinado e decisivo do “Baixinho”. Romário sempre será uma referência de atacante no futebol do mundo todo, uma inspiração a todas as crianças que sonham em ser jogadores de futebol (ou seja, todas as crianças), e, sobretudo, um ícone da cultura nacional. Mesmo aos 40 anos, o artilheiro do Brasileirão é o principal atrativo usado na campanha de venda do Brasileirão-2006 fora do Brasil. Ele é o símbolo da tradicional malandragem do brasileiro, o símbolo do talento natural do povo da nossa nação com a bola nos pés – não é exatamente um adepto dos treinamentos: já nasceu com o dom. Resta-me, então, a mim e a todos os brasileiros, desejar boa sorte a este gênio, nessa que parece ser sua “última cruzada” na carreira: alcançar o milésimo gol. Boa sorte, Romário, e parabéns pelos seus 40 anos!