sábado, janeiro 07, 2006

RUMO A 2006: Equador

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Henrique Moretti


Surpresa nas Eliminatórias para a Copa de 2002, quando alcançou a segunda posição, apenas atrás da líder Argentina e a frente do campeoníssimo Brasil (e sem nunca haver participado de uma fase final), o Equador já aparece em 2006 como realidade.

A campanha nas recentes eliminatórias foi novamente boa e tranqüila, com classificação em 3º lugar e com uma rodada de antecedência, confirmando assim a nova tendência de que equatorianos e paraguaios estarem roubando a posição do Uruguai (que nem vai à Copa) como terceira força sul-americana.

O time do técnico colombiano Luis Fernando Suárez conta com um plantel equilibrado e inteligente taticamente. Jogadores experientes, como o lateral De la Cruz, já há algum tempo no futebol inglês, o zagueiro Hurtado, e o interminável goleador Delgado, que hoje atua no futebol local, se juntam à jovens como os meio-campistas Lara e Valencia (foto abaixo contra o Uruguai).

Só que, ao que tudo indica, o principal aliado equatoriano não estará no Mundial da Alemanha em Junho: o estádio Olímpico de Quito e sua altitude de mais de 2500 metros. Foi lá que 23 dos 28 pontos da equipe nas Eliminatórias foram conquistados, tendo terminada invicta em seu campo nesta fase. Inclusive vitórias contra Brasil e Argentina foram obtidas.

Resolver esse pequeno problema da falta do fator-campo é o desafio de Suárez e seus comandados, para não repetir o feito de 2002, quando o Equador foi eliminado em apenas 2 jogos contra Itália e México, porém não chegou a passar vexame, tendo vencido e ajudado a eliminar a Croácia em sua terceira partida.

Para 2006, o grupo equatoriano é teoricamente mais tranqüilo que o da última Copa, acompanhado na chave A pela dona da casa Alemanha, a sua concorrente direta pela segunda vaga Polônia e a frágil Costa Rica.

Em suma, passagem do Equador à segunda fase não será considerada nenhuma surpresa, apesar do pequeno favoritismo polonês. Isso, se o time não sentir novamente falta de Quito.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1925
Afiliação à FIFA: 1926
Participações em Mundiais: 1 (2002)
Melhor Resultado: Primeira Fase (2002)
Última Copa: Primeira Fase (2002)
Campanha nas Eliminatórias: 3º colocado da Zona Sul-americana
Títulos Continentais: Nenhum
Ranking FIFA: 37º
Time-Base: Mora, De la Cruz, Hurtado, Espinoza, Ambrosi; Ayoví, Tenório (Lara), Méndez, Valencia; Delgado e Borja
Técnico: Luiz Fernando Suárez
Principal Estrela: Agustín Delgado (Barcelona - EQU)
Formação: 4-4-2
Avaliação: ** (Briga por vaga à Segunda Fase)

FALTAM 153 DIAS PARA A COPA DO MUNDO 2006!
imagens: www.fifaworldcup.com

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Copa São Paulo de Juniores: Testando as Promessas

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Pedro Galindo


Logo na primeira semana do ano, teve início a principal competição que envolve jogadores jovens do Brasil. A Copa São Paulo de Futebol Junior, que vem sendo realizada desde 1969, tem 22 grupos de quatro clubes nessa edição, e confrontos que prometem ser um bom laboratório para as categorias de base dos clubes brasileiros. O maior campeão da história da "Copinha", como é chamado o certame, é o Corinthians, que a venceu seis vezes, inclusive as duas últimas edições.

A principal finalidade desse torneio é tornar promessas em realidade, o que tem acontecido com freqüência. Não são poucos os exemplos de grandes jogadores que “nasceram” para o futebol na Copinha. Sylvinho, lateral do Barcelona, Edu, hoje no Valencia, e Fred, ex-Cruzeiro e atualmente no Lyon, são alguns exemplos mais recentes. O luso-brasileiro Deco é outro grande jogador que se originou do torneio. Mais exemplos, desta vez mais antigos, são Toninho Cerezo, Cafu, Careca e Denner (foto abaixo). Se for analisado o histórico da competição, vê-se que inúmeros jogadores que fizeram fama começaram nesse “laboratório”.

A Copinha foi criada em 1969, uma iniciativa da prefeitura da cidade de São Paulo para comemorar o aniversário da cidade. Inclusive, a final tradicionalmente ocorre no dia 25 de janeiro, dia de sua fundação. Além disso, foi uma tentativa de fazer os clubes revelarem novos valores, devido às conseqüências que, como todos sabem, o esporte pode trazer à sociedade. Em sua primeira edição, apenas quatro times jogaram o torneio, número que agora cresceu para 88. Isso não é exatamente bom: pensar que, quanto mais clubes, mais revelações vão aparecer, é ilusório. Poucos jogadores se destacam, a ponto de serem levados á clubes maiores ou promovidos às categorias principais, em apenas três jogos, como pode acontecer com algumas equipes. Com isso, poucos conseguem realmente aparecer no cenário nacional.

Outro gravíssimo problema são os empresários. O que vem ocorrendo ultimamente é a formação de “agremiações”, às vésperas do torneio, montadas exclusivamente para ganhar dinheiro. Times sem a menor tradição e muito menos futuro, participando do torneio, que fica servindo para os empresários tentarem empurrar “goela abaixo” as suas “promessas” para as equipes grandes.

Esse torneio, que é importantíssimo para o futuro do futebol brasileiro, merece sérias modificações. Uma delas, e possivelmente a mais urgente, é a tabela. Para começar, uma redução no número de clubes participantes. Depois, uma divisão das equipes em grupos maiores, como por exemplo, grupos de oito times. Seriam mais jogos para se observar as promessas, que é o real objetivo do certame. Essa redução seria possível graças à outra atitude que precisa ser tomada: a restrição a certos clubes participantes – se é que assim se pode chamar de clubes esse aglomerado de jogadores liderados por um empresário. Com essas medidas básicas, poder-se-ia haver um torneio que cumprisse melhor suas propostas. Com isso, tudo indica que teria prosseguimento a soberania verde e amarela nos gramados internacionais.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Futebol Alemão: O Fim de uma potência Mundial?

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Alden Calviño

Tricampeã do mundo, finalista em 1982, 1986 e 2002, nação de célebres jogadores como, Matthäus (foto), Voller, Muller, Brehme, a Alemanha pode estar com os dias contados no cenário futebolístico.

Como o atual técnico da seleção e ex-jogador Jürgen Klinsmann afirmou no recente Fórum do Futebol no Rio de Janeiro, não se vêem mais crianças jogando futebol nas ruas, a tradicional “pelada”, coisa comum nos países sub-desenvolvidos, segundo o próprio.

Mas qual seria o problema que ocorre com as crianças da Alemanha? Qual a causa desse desaparecimento dos garotos?

Maior economia da Europa, 3º maior PIB do mundo, a Alemanha fora das “quatro linhas” vai muito bem, obrigado.

Contudo, um dos grandes contratempos vividos na Alemanha hoje em dia é a baixa taxa de natalidade, e a alta taxa de longevidade, o que inclusive fizeram com que os políticos alemães, em Março de 2005, chegarem a realizar um apelo para a população ter mais filhos.

Com esse problema, não há a renovação no futebol alemão, pois as crianças hoje são minoria num país envelhecido.

Isso sem contar que, em uma nação extremamente capitalista, os jovens desde cedo são incentivadas pelos pais a estudarem e assim conseguirem um lugar ao Sol no concorrido e disputado mercado alemão, alternativa mais plausível a que se aventurarem no mundo do futebol.

Esse dilema não ocorre em países subdesenvolvidos, ainda de acordo com Klinsmann, pois as chances de uma criança que convive com mais oito irmãos são menores em se conseguir um estudo que se preze, ao passo que os países do 3º Mundo ainda contam com diversos problemas na área educacional.

Logo esses garotos que não terão muitas chances no estudo acabam entrando num mundo não menos rentável e de mais fácil entrada, o futebol.

Em um estudo realizado em Lagos, capital da Nigéria, 9 em cada 10 crianças sonham em se tornar jogadores de futebol, e diariamente praticam o esporte jogado na rua, com o intuito de se destacar, e em breve chegar à Europa, sonho de consumo dos atletas de países subdesenvolvidos.

Um outro fator importante a se destacar são os imigrantes africanos. Estes têm mais dificuldades em entrar na Alemanha, diferentemente da França, onde facilmente conseguem acesso. Caso semelhante também ao da Holanda, que durante muito tempo teve jogadores de suas colônias, Suriname, Antilhas, dentre outros.

Isso fez com que as seleções destes países se fortalecessem dentro de campo, numa grande mistura de raças, e assim organizaram fortes equipes, vide a França de 1998.

Alguns poderão afirmar que na atual seleção da Alemanha existem jovens jogadores que podem dar à um futuro promissor à Seleção, casos de Schweinsteiger, Podolski e Mertesacker. Mas apenas isso será suficiente para uma seleção tricampeã do mundo?

Muitos crêem que não, que isso seria muito pouco para o quilate da seleção alemã; outros pensam que sim e que o fussball voltará ao seu auge e se tornará novamente uma potência futebolística.

De agora em diante é esperar para ver se os problemas extra-campo irão permitir à Alemanha a se firmar novamente no cenário mundial ou ela irá só assistir de camarote o crescimento e um possível domínio do futebol africano.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

RUMO A 2006: Itália

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Henrique Moretti

Uma nova Itália é a que está por apresentar-se na Alemanha 2006. A atual equipe do treinador Marcello Lippi é bem diferente das de Giovanni Trapattoni, que passaram por vexame na Copa 2002 (eliminação conturbada pela arbitragem diante da Coréia) e na Euro 2004 (eliminação ainda na primeira fase).

A política do experiente treinador foi a de não taxar os medalhões como titulares absolutos. Assim, o goleador Christian Vieri e o meia-atacante Alessandro Del Piero perderam espaço e devem figurar apenas no banco da seleção, se tanto para o primeiro. Bonera, Zaccardo, Diana, Iaquinta, Gilardino, todos novatos na seleção e que podem fazer barulho na Alemanha, são alguns dos substitutos.

Os resultados vieram: campanha tranqüila nas Eliminatórias e encerramento do ano de 2005 sem derrotas, inclusive com boa vitória em recente amistoso contra a Holanda, que vinha numa grande invencibilidade. Com isso, torcida e crítica italianas acreditam que a tradição de ser tri-campeã do mundo pode voltar a ser botada em prática na tentativa do quarto título.

A defesa, por tradição, continua sendo o ponto forte da equipe, que para muitos possui o melhor miolo de zaga do mundo, com Cannavaro e Nesta, com ainda a opção do experiente Materazzi na suplência. Nas laterais, a única dúvida. O versátil Zambrotta, da Juventus, pode jogar tanto pela esquerda quanto pela direita, e Lippi testou a formação com os palermitanos Zaccardo (empurrando Zambrotta para a esquerda) e Grosso (empurrando-o para a direita), sendo mais agradado por este último, que parece o titular. Para o gol, o mais que experiente Gianluigi Buffon é muito importante no esquema italiano.

No meio, Gattuso é o volante fixo, de contenção. Pirlo e Camoranesi são os encarregados de fazer a bola chegar aos pés do organizador Totti, dando-lhe a liberdade necessária para realizar o que se espera dele, um arremate preciso ou uma assistência na medida para a dupla de ataque, formada pelo milanista Gilardino (foto), da nova geração, e o já veterano porém novato na Azzurra Luca Toni, de incrível média de um gol por jogo no Campeonato italiano, atuando pela Fiorentina. Del Piero é grande opção para o banco.

Até aí, tudo parece um mar de rosas italiano. Contudo, essa teoria cai por terra consirando-se o sorteio da Copa, que não foi dos mais favoráveis à equipe. No grupo E, a Itália aparece com a companhia da forte República Tcheca, da surpresa Gana e dos Estados Unidos em grande evolução e assim pode se complicar. Projetando as oitavas-de-finais, um possível cruzamento com o Brasil que está no Grupo F, o que complicaria ainda mais a campanha dos italianos.

Portanto, vida fácil o time da Bota não terá nesse Mundial. Ao menos, no mesmo caso da Alemanha, Lippi prova que a renovação é possível e necessária. Mesclar experiência e juventude aparenta ser a alternativa mais plausível para fazer a Squadra Azzurra voltar a ser o que era. O respeito dos adversários ela ainda tem. Tentar voltar ao ponto mais alto do mundo após longos 24 anos é o grande desafio.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1898
Afiliação à FIFA: 1905
Participações em Mundiais: 15 (1934, 1938, 1950, 1954, 1962, 1966, 1970, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002)
Melhor Resultado: Campeã (1934, 1938, 1982)
Última Copa: Oitavas-de-finais (2002)
Campanha nas Eliminatórias: 1º colocada do Grupo 3 da Zona Européia
Títulos Continentais: Campeã da Eurocopa (1968)
Ranking FIFA: 12º
Time-Base: Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Nesta, Grosso; Gattuso, Pirlo, Camoranesi, Totti; Gilardinho e Toni
Técnico: Marcello Lippi
Principal Estrela: Francesco Totti (Roma)
Formação: 4-3-1-2
Avaliação: *** (Apesar de grupo e possível cruzamento nas oitavas difíceis, tem a força da tradição)

FALTAM 158 DIAS PARA A COPA DO MUNDO 2006!
créditos: www.fifaworldcup.com