sábado, janeiro 21, 2006

RUMO A 2006: Polônia

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Henrique Moretti

Depois do vexame realizado na Copa do Mundo de 2002, na Coréia e Japão, onde foi eliminada logo na primeira fase, a Polônia busca na Alemanha 2006 apagar aquela má lembrança e tentar voltar aos tempos de glória, como nas Copas de 74 e 86, em que levada por jogadores talentosos como Zbigniew Boniek e Kazimierz Deyna alcançou o terceiro lugar.

A equipe hoje treinada pelo técnico Pawel Janas por muito pouco não terminou as Eliminatórias Européias como líder de um grupo que tinha Inglaterra, Áustria e País de Gales: ficou na segunda posição, e se classificou diretamente ao Mundial pelo índice técnico, com apenas duas derrotas – para os ingleses – e com direito a goleada de 8x0 frente ao Azerbaijão.

A defesa, que possui três zagueiros e tem como nome mais conhecido o goleiro Jerzy Dudek, herói da última conquista da UCL pelo Liverpool e hoje lá renegado, mostrou força, com média inferior a um gol sofrido por jogo. De resto, vários jogadores desconhecidos do grande público, poucos desses titulares nas maiores ligas inglesas. Como destaques se sobressaem o atacante Ebi Smoralek e o meia Jacek Krzynowek, dos alemães Borussia Dortmund e Bayer Leverkusen, e os artilheiros da Polônia nas eliminatórias, Zurawski e Frankowski (a direita da foto, com Zewlakow), ambos com sete gols.

Olisadebe, africano naturalizado polonês que foi o principal jogador do time na Copa 2002, já não integra mais os planos para esse próximo Mundial. Pesa muito contra ele as recentes contusões pelo Panathinaikos e a falta, portanto, de ritmo de jogo.

No sorteio para a maior competição de seleções do planeta, a sorte sorriu para o lado da Polônia, que caiu num grupo mais que acessível, o A. Os adversários são a anfitriã Alemanha e as incógnitas Equador e Costa Rica. A briga pela segunda vaga (os alemães são favoritos à liderança) deve ser boa, porém com aparente vantagem para os poloneses.

No mais, brilho ninguém vai esperar da Polônia para a Copa, mas muita vontade e disciplina tática deverão compensar a falta de talento de seus jogadores. A expectativa de superar a campanha de 2002 é bem possível de ser realizada.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1919
Afiliação à FIFA: 1923
Participações em Mundiais: 6 (1938, 1974, 1978, 1982, 1986, 2002)
Melhor Resultado: Semifinais (1974, 1982)
Última Copa: Primeira Fase (2002)
Títulos Continentais: Nenhum
Ranking FIFA: 23º
Time-Base: Dudek, Klos (Jop), Zewlakow, Baki; Sobolewski, Zurawski, Szymkowiak, Baszcynki, Krzynowek; Frankowski e Smolarek
Técnico: Pawel Janas

Principal Estrela: Ebi Smolarek (Borussia Dortmund)
Formação: 3-5-2
Avaliação: ** (Em grupo teoricamente fácil, tem tudo para chegar à segunda fase)

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Copa Africana de Nações: prévia do "africano da vez"

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Pedro Galindo

Hoje, dia 20 de janeiro, começa em Cairo, no Egito, a 25ª edição da Copa Africana de Nações. O torneio, que é o mais importante do continente negro - o equivalente à Copa América ou à Euro - terá a participação de 16 equipes que foram selecionadas de acordo com a sua campanha nas Eliminatórias Africanas. A atual campeã, Tunísia, vai em busca do bi, mas conta com alguns adversários difíceis no meio do caminho, como Costa do Marfim, Nigéria, África do Sul, Camarões (o maior vencedor da história do torneio, junto ao Egito e a Gana, com quatro títulos cada), entre muitos outros africanos tradicionais. A divisão dos grupos foi feita da seguinte forma:

Grupo A: Egito, Costa do Marfim, Líbia e Marrocos;
Grupo B: Angola, Camarões, República do Congo e Togo;
Grupo C: Tunísia, Guiné, África do Sul e Zâmbia;
Grupo D: Gana, Nigéria, Senegal e Zimbábue.


Apesar da aparente formação de um "grupo da morte" - o grupo D - o equilíbrio parece ter sido a principal marca do sorteio. A cada dia que passa, mais jogadores são revelados por toda a África, haja vista o crescente trabalho que as seleções africanas vêm dando nas Copas do Mundo e, principalmente, nas competições de base. E isso faz com que o torneio tenha se nivelado bastante: não há mais nenhuma "superpotência", como já foram Camarões, na década de 90, e Egito, na década de 60. Possui, sim, vários elencos de alto nível, que têm condições de competir com a maioria das seleções do mundo, em iguais condições, como talvez seja o caso da seleção da Costa do Marfim.

Esse torneio, que já teve um nível técnico baixíssimo - para se ter uma idéia, a primeira vitória de uma seleção africana na história das copas foi apenas em 1978, numa vitória da seleção da Tunísia sobre o México, por 3x1 -, agora já tem excelentes jogadores atuando, talvez até alguns que possam ser considerados craques, como o nigeriano Jay Jay Okocha ou o senegalês El-Hadji Diouf. Outros exemplos de grandes jogadores que atuarão no certame são os costa-marfinenses Didier Drogba (foto acima) e Kalou, os camaroneses Samuel Eto'o (foto a direita), artilheiro do Barcelona, e Geremi, meia do Chelsea. Também participará o meia ganês Essien (foto abaixo), também dos Blues, além do nigeriano Obafemi Martins. Alguns deles, como é o caso dos camaroneses (talvez o melhor time da competição), querem tentar apagar o "fiasco" nas eliminatórias, quando o time, que era considerado favorito, não conseguiu a vaga para o maior torneio de seleções do mundo, após perder a vaga em um pênalti desperdiçado no final do segundo tempo do último jogo, contra o Egito. Outra seleção que vai com o mesmo objetivo dos Leões camaroneses é a nigeriana. Depois de desperdiçar uma boa geração, que não conseguiu se classificar para a Copa da Alemanha - perdeu a vaga para a "zebra" Angola -, a seleção campeã na Olimpíada de Atlanta vai lutar pelo caneco, ao qual é fortíssima candidata. Outras seleções que correm por fora são, principalmente, África do Sul, Gana e Costa do Marfim.

Outra "finalidade" desse torneio, já citada no título, é tentar prever quem será o "africano da vez", ou seja, a surpresa africana na Copa seguinte. Como exemplos, a Nigéria, que em 94 ganhou a Copa Africana e foi bastante longe na Copa dos EUA, em relação às outras seleções do continente, ou a seleção camaronesa que foi campeã em 1988 e, logo depois, surpreendeu o mundo com um futebol alegre e, principalmente, com os gols do "artilheiro-quarentão" Roger Milla.

A fórmula de disputa é bastante simples: o torneio tem um formato similar ao da Copa do Mundo, só que com a metade dos times. O primeiro e o segundo lugar de cada grupo se classificam, se enfrentam em partidas eliminatórias até dois deles chegarem à final. Muito provavelmente, teremos partidas de altíssimo nível técnico durante todo o certame e, sobretudo, na final, que com certeza encherá os olhos daqueles que adoram ver o alegre, contagiante e altamente técnico futebol africano. Olho neles, porque na Copa, sempre tem um que surpreende.


Transmissão: ESPN Brasil

Jogo de Abertura:
20/01/2006
- sexta-feira - Egito x Líbia - 15 horas – AO VIVO

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Clássico abre Candangão 2006

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Leandro Alarcon


Começo cheio de rivalidade no Campeonato Candango 2006. Logo na primeira rodada, os principais times do Distrito Federal, Gama e Brasiliense, fizeram o principal clássico da região.

O confronto aconteceu graças à decisão da Federação Metropolitana de Futebol de não fazer o sorteio direcionado, permitindo a possibilidade de formação do chamado grupo da morte, com Gama e Brasiliense na mesma chave.

Foi o que aconteceu. Os principais times do Distrito Federal cairiam na mesma chave e são os grades favoritos as duas vagas do grupo “A”, que conta ainda com Capital, CFZ, e UNAÍ-MG. No grupo “B” todos possuem chances iguais de classificação, com uma pequena vantagem para o Ceilândia, que no ano passado surpreendeu ao ficar com o vice-campeonato e que neste ano, além de reforçar o elenco, reformou o seu estádio que esteve fechado na temporada passada.

A briga no grupo “B” ainda conta com mais um tempero. Como o regulamento garante aos dois melhores colocados do campeonato, participação na série “C” do Brasileiro deste ano e Gama e Brasiliense já estão garantidos na série “B”, os dois times que saírem do grupo “B”, deverão disputar a terceira divisão do nacional deste ano, isso é claro, se os favoritos não tropeçarem em nenhuma zebra pelo caminho.


Brasiliense x Gama

O primeiro tempo foi movimentado, com os dois times criando várias chances de gol, até que o meia Canela fez o gol do Gama. O Brasiliense não se abateu e ainda no primeiro tempo conseguiu buscar o empate com o estreante Allann Delon.

Apesar de o Gama ter mais a posse de bola no primeiro tempo e ter criado algumas boas chances, não conseguiu converter as oportunidades criadas em gol, terminado o primeiro tempo no 1x1 mesmo.

No segundo tempo o Brasiliense veio com força total, abrindo espaços para as jogadas de contra ataque do Gama, mas novamente o alviverde não soube aproveitar suas chances e acabou sendo vítima do velha máxima do futebol, “quem não faz leva”. Iranildo, de falta, aos 21 minutos, virou para o Jacaré. O jogo seguiu equilibrado, mas acabou assim, Brasiliense 2 x 1 Gama.


J
ogos da rodada

Brasiliense 2 x 1 Gama

Unaí 2 x 2 CFZ/Brasília

Ceilândia 2 x 1 Dom Pedro

Guará 0 x 4 Luziânia

terça-feira, janeiro 17, 2006

Matthäus no Furacão. É uma boa?

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Dante Baptista


O Atlético-PR anunciou a contratação do técnico Lothar Matthäus. Campeão do Mundo pela Alemanha em 1990, terá o desafio de ser o primeiro técnico de uma grande potência européia a dirigir um time brasileiro de grande porte. A idéia de dirigir o Furacão partiu do próprio Matthäus, que se impressionou com a estrutura do clube. Ele recebeu o sim da esposa, e só espera a resposta dos advogados para vir ao Brasil em definitivo.

Porém, trazer o alemão para dirigir o Atlético é uma grande jogada de marketing. O nome de Matthäus é conhecido no mundo todo, e a sua vinda para o Brasil projetaria o nome do Furacão a esferas internacionais. O time paranaense também conta com o apelo da colônia alemã no sul do país, e, por ser um grande vendedor de jogadores, ter um técnico como Matthäus ajudaria nas negociações.

Porém, como toda jogada de marketing, a vinda de Matthäus traz problemas. O alemão ainda é inexperiente e reconhecidamente não é um bom técnico. Seu currículo tem, além de times alemães, a seleção húngara, a qual ele não conseguiu classificar nem para a repescagem das eliminatórias.

Fora isso, o provável técnico do Furacão terá de se adaptar a dois problemas recorrentes dos estrangeiros que vêm ao Brasil. Língua e calendário. E, no caso de Matthäus, não se sabe o que é pior. A distância entre a língua brasileira e a alemã é enorme e dificulta a obtenção de bons resultados a curto prazo.

E, para conseguir se adaptar a um calendário com várias competições simultâneas e sem o plantel e o dinheiro europeus, Mathäus terá dificuldades. Mesmo tentando aliar o talento brasileiro à disciplina do velho continente, a missão é complicada. Há o risco de o tiro sair pela culatra.

Como em qualquer previsão, só o tempo pode dizer o que vai acontecer. Porém, é um risco muito grande para um clube em franca ascensão como o Atlético trazer um técnico ainda sem know-how no futebol brasileiro. Mesmo com o nome que tem Lothar Matthäus, a aposta é arriscada e pode não dar o resultado desejado. O exemplo de contratações apenas pelo marketing já foi dado pelo Real Madrid, e ficou provado que não dá certo. Cuidado, Furacão...


Coluna republicada do http://futeblog.uniblog.com.br - Futebol com Informação e Opinião


domingo, janeiro 15, 2006

Fim da linha para Carlos Bianchi

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Henrique Moretti

O técnico argentino Carlos Bianchi durou pouco no comando do Atlético de Madrid. Sua passagem pelo clube da capital espanhola durou exatamente 219 dias, tendo se iniciado em Junho de 2005. O golpe de misericórdia foi realizado na derrota da última quarta-feira (0x1) para o Zagaroza em pleno estádio Vicente Calderón, pelo jogo de ida das oitavas-de-final da Copa do Rei. “El Virrey” teve inclusive sua cabeça pedida por parte dos torcedores atleticanos.

Essa notícia, tal qual a da demissão de Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid, deixa o torcedor sul-americano com muitas dúvidas na cabeça. Como pode um treinador comprovadamente vencedor na América, com vários títulos importantes por Boca Juniors e Vélez Sarsfield ir tão mal quando o desafio é no Velho Continente?

Bianchi, que já havia fracassado na Roma no fim dos anos 90, sabe que será muito duro receber uma nova boa oportunidade de trabalho na Europa. E o caso do Atlético é bem peculiar. Depois da equipe terminar entre os 10 primeiros da última Liga Espanhola, tendo inclusive brigado diretamente por vagas nas copas européias, o presidente Enrique Cerezo resolveu abrir os cofres do clube para realmente ganhar títulos, depois de longo jejum. Para alcançar o objetivo, nada melhor seria que apostar num técnico já consagrado, como Bianchi, e lhe dar a devida liberdade para contratar.

Ao todo, 22 milhões de euros foram gastos na construção do time, com as contratações dos argentinos Maxí Rodriguez e Luciano Galleti, do sérvio e montenegrino Mateja Kezman - que sofreu muito com contusões - e do búlgaro Martin Petrov, todos defensores de suas seleções nacionais. Todos esses somado à juventude e talento de Fernando Torres (na foto com Kezman), provável dono da camisa 9 da Fúria na Copa 2006, e à habilidade do baixinho meia também argentino Ariel Ibagaza.

O teórico timaço ficou apenas no papel e o Atlético amargou muitos pontos perdidos dentro da própria casa, problemas inusitados, como o da intoxicação estomacal que tirou de cena vários jogadores do elenco na semana retrasada, e uma apenas medíocre 12ª posição no campeonato nacional, a quatro pontos da zona de rebaixamento, e o que era pra ser uma volta triunfal de Bianchi ao futebol (ficou afastado dos gramados por mais de um ano devido a problemas familiares) acabou se transformando num vexame que talvez não tenha mais volta para o argentino.

Só resta agora ao “Virrey” provar novamente que tem condições de realizar um grande trabalho na Europa. Treinar a Seleção Argentina pós-Copa do Mundo pode ser um bom (re)começo.