sábado, fevereiro 18, 2006

RUMO A 2006: França

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Henrique Moretti


Campeã do Mundo em 1998. Campeã da Euro em 2000. Campeã da Copa das Confederações em 2001. Líder do Ranking FIFA por um ano. A França soube muito bem o que é estar no topo e o que é se manter nele por um bom espaço de tempo. Porém, os tempos áureos do esquadrão francês não duraram para sempre e a equipe favoritíssima para vencer a Copa do Mundo de 2002 decepcionou.

Às vésperas daquela fatídica competição, bastaram contusão e corte do meia Robert Pires e, já com o Mundial em andamento, lesão na perna do astro Zinedine Zidane (que acabou só participando da última partida, contra a Dinamarca, e no sacrifício) para que as pretensões franceses desandassem.

A história completa todos conhecem. Mesmo num grupo teoricamente tranqüilo, a França amargou duas derrotas, um empate e nenhum gol marcado. Um vexame difícil de ser esquecido.

Após a competição, coube a Jaques Santini juntar os cacos da desclassificação precoce no Oriente (o comando na época era de Roger Lemerre), e a equipe entrou na Euro 2004 em Portugal disposta a ganhá-la de qualquer forma. E não foi o que aconteceu.

Apesar de uma boa primeira fase, alcançando a primeira posição de um grupo que contava com a forte Inglaterra, os franceses acabaram eliminados pela até então modestíssima Grécia de forma melancólica.

Assim, entrou em cena o atual técnico dos Bleus, Raymond Domenech (ex-treinador do sub-20 francês), que viu-se diante de uma situação muito difícil de ser resolvida. A equipe não contava mais com o astro Zidane, além dos também importantes Lílian Thuram e Claude Makelele, todos acima da casa dos 30 anos e aposentados do futebol internacional.

E a seleção da França continuou sem solução. Até 3 de Agosto do ano passado, poucos, em sã consciência, poderiam apostar numa classificação francesa para a Copa da Alemanha. Afinal, o time somava apenas 10 pontos em seis jogos nas eliminatórias européias, disputando o passaporte à Alemanha palmo-a-palmo com Suíça, Israel e Irlanda.

Mas foi então que entrou em cena, novamente, Zinedine Zidane. O meia anunciou sua volta à seleção, e com ele vieram ainda Thuram e Makelele.

A equipe sentiu esses retornos imediatamente, conquistando dez dos últimos doze pontos disputados e garantindo a classificação como líder do grupo 4.

Já projetando o Mundial da Alemanha para os franceses, há no papel um excelente time, com vários jogadores de destaque no futebol internacional. O único porém é a idade elevada de alguns desses, como o goleiro Fabien Barthez, um dos heróis da conquista de 98, que hoje atua no Marseille e deve assistir do banco o bom Grégory Coupet, também "trintão", atuar. Na defesa, mais um veterano: Lilian Thuram. Mais jovens, Sagnol aparece na lateral-direita, e Gallas na esquerda. Boumsong, do Newcastle United, deve formar a linha principal de defesa com Thuram.

Para o meio-campo, dois grandes volantes. Makelele, do Chelsea, e Vieira, da Juve, formam uma dupla que não deixa a desejar a nenhuma seleção mundial. Na criação, o capitão Zidane, que pode ser acompanhado de Malouda, do Lyon, Giuly, do Barcelona, ou ainda Wiltord, atacante também do atual campeão francês, que já foi improvisado na posição. Há ainda outras opções da nova safra, como Diarra, Pedretti e Rothen.

No ataque, uma parceria mortal. Trezeguet e Henry já formam a linha de frente francesa há seis anos e estão mais que entrosados para fazer os gols necessários. No banco, Cissé, do Liverpool, Anelka, do Fenerbahçe, voltando à equipe depois de três anos de ausência, e ainda Govou, do Lyon, este com menos chances de ir ao Mundial, são grandes trunfos.

Tirando a dúvida no meio-campo, a França tem um verdadeiro esquadrão. Se Domenech deixasse de lado os problemas pessoais, Pires poderia ser essa solução, enquanto Silvestre e Ismael poderiam reforçar a defesa. Porém, devem ficar de fora, apesar de que o meia do Arsenal chegou recentemente a pedir desculpas publicamente ao treinador, juntando pequenas esperanças de participar da campanha francesa.

O grupo da França na Copa é o G, um dos mais tranqüilos da competição. Acompanhada de Suíça, companheira de eliminatórias, Coréia do Sul, que não tem mais o fator casa, e Togo, canditato a último colocado da Copa, a classificação gaulesa é praticamente certa. Num hipotético cruzamento para as oitavas-de-final, mais boas notícias. O Grupo H não parece assustar, com a incógnita Ucrânia e a desfalcada Espanha como possíveis adversários.

Portanto, o caminho francês parece traçado até, ao menos, às quartas-de-final. Isso se Domenech, que vem dando declarações de que só o título o interessa, conseguir levar bem a envelhecida equipe para a Alemanha e se Zidane, que vai se despedir da seleção após a Copa, estiver em boa forma. A irregular campanha nas eliminatórias prova o quanto o maior jogador francês desde Platini é importante para a equipe e seu estado físico, em Junho, será decisivo para as pretensões francesas de dar a volta por cima.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1919
Afiliação à FIFA: 1904
Participações em Mundiais: 11 (1930, 1934, 1938, 1954, 1958, 1966, 1978, 1982, 1986, 1998, 2002)
Melhor Resultado: Campeã (1998)
Última Copa: Primeira Fase (2002)
Campanha nas Eliminatórias: 1ª colocada do Grupo 4 da Zona Européia
Títulos Continentais: Bicampeã da Eurocopa (1984, 2000)
Ranking FIFA: 5º
Time-Base: Coupet, Sagnol, Thuram, Boumsong, Gallas; Makelele, Vieira, Malouda (Wiltord), Zidane; Trezeguet e Henry
Formação: 4-4-2
Técnico: Raymond Domenech
Principal Destaque: Zinedine Zidane (Real Madrid)
Avaliação: **** (Boas chances de título)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Copa da Uefa - Emoções à vista!

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Christian Avgoustopoulos


A Copa da Uefa é sem dúvida um dos mais interessantes torneios de futebol que se tem no mundo. Com um formato muito criativo, alternando fases eliminatórias com fases de grupos, abriga 80 times em sua 1a fase e permite várias formas de qualificação paraa competição, que vem ganhando prestígio entre muitos clubes europeus, que por vezes contam com ela para salvar uma temporada aquém do esperado.

Participam da Copa da Uefa os times que terminam nas primeiras colocações de seu campeonato nacional, exceto o campeão e melhores colocados das maiores ligas (que vão para a UCL), o campeão de cada taça nacional, os 3 vencedores da Taça Intertoto, 3 clubes através do ranking Fair Play da Uefa, times eliminados da 3ª fase qualificatória da Uefa Champions League e mais a frente, já na fase mata-mata, os 8 terceirosos colocados dos grupos da UCL. O número de vagas para cada confederação depende da posição do país no Ranking de Entradas da Uefa, que sofre alterações de acordo com a participação dos clubes de cada país ao longo de todas competições européias.

Some todos esses ingredientes a clubes de certa expressão, como Roma, Udinese, Sevilla, Schalke 04, Middlesbrough, Olympique de Marselha, Sttutgart, Hamburgo, entre outros, mais ainda pequenos clubes que vão sendo sensações da temporada, como por exemplo Thun, Artmedia e as surpreendentes equipes romenas, que dominaram seus grupos. É interessante também observar a presença do Strasbourg, que corre sérios riscos de rebaixamento no Campeonato Francês, mas que surpreende ao chegar forte nessa fase final.

Além disso, devido ao mercado de inverno, muitas mudanças foram feitas em alguns dos principais times, como na Udinese e no Stuttgart, que demitiram seus técnicos recentemente. O Artmedia inclusive teve um desmanche em seu elenco, ficando reduzido a apenas 18 jogadores inscritos na competição. E o Hamburgo tem sérias dificuldades com a lesão de Van der Vaart (à direita), seu principal jogador.

No dia 15 começaram as primeiras partidas da fase final, que conta com 32 times. Destaque para alguns confrontos sem favoritismos aparentes, como Schalke x Espanyol, Lille x Shakhtar, Bolton x Marseille e Hertha x Rapid Bucuresti. A rodada é completada nessa quinta-feira, com Stuttgart x Middlesbrough sendo a partida a se destacar.

Ano passado, o vencedor foi o CSKA Moscou, que não era cotado como um dos favoritos e sequer conseguiu chegar à fase final deste ano. Isso demonstra o alto equilíbrio que a competição apresenta. O torneio permite também que equipes de menor expressão possam fazer partidas em cenários internacionais, podendo ajudar muito no crescimento dessas equipes.

Enfim, façam suas apostas! A Copa da Uefa vem aí para sua fase decisiva, e certamente acertar quem será o campeão é algo tão difícil quanto marcar um gol de trás do meio de campo.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Com a lista definida...Ou não!

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Bruno de Oliveira


O técnico Carlos Alberto Parreira divulgou ontem a lista de convocados para o amistoso do próximo dia primeiro. O treinador parece não ter mais dúvidas em relação aos 23 que vão à Alemanha.
Com o grupo praticamente formado, Parreira e Zagallo tinham nesse amistoso a última oportunidade para testes. Mas não houve nenhuma novidade. Na última convocação antes da Copa, Gustavo Nery ficou mesmo com a vaga de reserva na lateral esquerda. Gilberto e Júnior, que disputavam a posição e que vêm em melhor fase, terão que acompanhar o torneio pela TV. Injusto, já que o lateral do Corinthians não mostra um bom futebol desde a metade do Campeonato Brasileiro do ano passado.
Quem parece ter carimbado a vaga, também, é o meia Ricardinho. Depois de comentários sobre a volta de Rivaldo, e com as atuações perfeitas de Alex na Turquia, o jogador recém contratado pelo Corinthians chegou a correr riscos. Mas Parreira mostrou que confia em seu futebol e que deve mesmo levá-lo para a Alemanha. O que não significa, necessariamente, que Alex deva perder as esperanças. Na coletiva de ontem, o treinador deixou claro que Fred ainda está em observação, e que pensa em aproveitar a contusão de Ricardo Oliveira para levar mais um jogador de meio. Se o atacante do Lyon não convencer definitivamente o chefão, pode perder o lugar para o meia do Fenerbahçe. Outro que poderia entrar na disputa é o volante/meia/centroavante Julio Baptista. Mas o autor desse texto sequer analisará essa possibiliade, por considerá-la uma ofensa ao futebol.
Definidas as posições e respondidas as dúvidas, a lista de convocados para a Copa deve ser a mesma de ontem, com as voltas de Cafú no lugar de Maicon e Roque Júnior (infelizmente) para o lugar de Cris, mais o goleiro Marcos, que se recupera de contusão.
O jogo contra os russos marca, também, a estréia do novo uniforme da seleção. Apresentada na última segunda, no Rio, a nova camisa não possui mais todos aqueles horríveis detalhes verdes, exceção feita às mangas e à gola. É uma camisa mais limpa, simples, bonita. O modelo, agora exclusivo, recupera a tradição do apelido "seleção canarinha", com um amarelo bem forte. A seleção pentacampeã tem, agora, um uniforme digno de sua história e de seu futebol. Já era hora.


Convocados para o Amistoso contra a Rússia (01/03)

Goleiros:
Dida (Milan)
Julio Cesar (Internazionale)

Laterais:
Cicinho (Real Madrid)
Maicon (Monaco)
Roberto Carlos (Real Madrid)
Gustavo Nery (Corinthians)

Zagueiros:
Lúcio (Bayern de Munique)
Juan (Bayer Leverkusen)
Luisão (Benfica)
Cris (Lyon)

Volantes:
Émerson (Juventus)
Zé Roberto (Bayern de Munique)
Edmilson (Barcelona)
Gilberto Silva (Arsenal)

Meias:
Ronaldinho Gaúcho (Barcelona)
Kaká (Milan)
Ricardinho (Corinthians)
Juninho Pernambucano (Lyon)

Atacantes:
Ronaldo (Real Madrid)
Adriano (Internazionale)
Robinho (Real Madrid)
Fred (Lyon)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Copa de 1954: A máquina Húngara

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Alden Calviño

Terminada a Copa de 1950, os olhos agora estavam voltados para a Suíça, novamente uma Copa do Mundo seria na Europa. Depois de 16 anos, os europeus sediariam novamente uma competição deste porte, agora com a volta da Alemanha, até então banida pela Fifa, depois da 2ª Guerra Mundial.

Como de praxe, as eliminatórias tiveram várias desistências, e dos 82 países ligados à Fifa, apenas 35 disputaram as Eliminatórias. E duas grandes potências futebolísticas não participaram: a URSS e a Argentina, que achava ter o melhor futebol da América.

Mas, o que realmente todo mundo queria saber era: existe alguma chance da Hungria não ser a campeã do mundo? Afinal estavam invictos a mais de 25 jogos, e estavam aniquilando seus adversários. Com o comunismo a todo vapor no Leste Europeu, eles criaram o Honvéd, uma equipe do Exército que contava com os grandes craques da Hungria, este time era praticamente imbatível, logo, foi criado um outro time, o MTK, ou o time da Polícia, para que o Campeonato Húngaro se tornasse mais equilibrado.

E a Seleção Húngara começou a fazer história, com um esquema totalmente inovador, os húngaros iam desfilando seu futebol encantador, que deixava todo o mundo embasbacado. Até a estréia na Copa, os húngaros fizeram mais de 100 gols em 27 jogos, levando apenas 26 gols.

O grande momento para eles seria enfrentar a Seleção Inglesa em amistoso em Wembley, local este aonde jamais os ingleses haviam perdido para alguma seleção não-britânica.

Os ingleses não sabiam da força da Hungria, se achavam superior a qualquer seleção, e no dia 25 de novembro de 1953, puderam enfim, assistir (literalmente) o time húngaro jogar.

No final, 6x3 para a Hungria, num jogo em que o resultado ficou de bom tamanho para os britânicos, sendo que poderia ser bem pior.

Um novo confronto então foi marcado, para que os húngaros se colocassem em seu devido lugar, pois os prepotentes ingleses achavam que aquele resultado foi além da sorte, um certo despreparo por parte deles, e que jamais aquilo iria ocorrer novamente.

E em 23 de maio, desta vez em Budapeste, os filhos da "terra da rainha" entraram confiantes e preparados, mas mesmo assim foram novamente dizimados pela Hungria: sonoro 7x1, e a certeza que ninguém poderia detê-los.

Iniciada a Copa da Suíça, a certeza de antes se transformava em fato concreto. Os húngaros e o seu “Quarteto Mágico”, formado por Puskás, Kocsis, Hidegkuti e Czibor, venceram sem dificuldades os coreanos por 9x0 e os alemães por 8x3.

Um fato curioso, que marcou a competição, foi a partida entre Brasil e Iugoslávia. Os brasileiros não tinham muito conhecimento do regulamento e não sabiam que o empate classificaria as duas seleções.

O jogo estava 1x1, e os iugoslavos tentavam com mímicas dizer aos brasileiros que o empate serviria para os dois, mas entendendo que aqueles gestos eram provocação, partiram com tudo pra cima, atrás da vitória, que não ocorreu.

E no final os brasileiros saíram de campo cabisbaixos, pois achavam erroneamente que haviam sido eliminados.

Terminada a primeira fase, as seleções sorteadas iniciariam as quartas-de-final, e o destino selou para os brasileiros enfrentar nada menos que a Hungria, no jogo que ficou conhecido como a Batalha de Berna (foto ao lado).

Como poucos previam, o jogo foi extremamente equilibrado, mas os gols relâmpagos que os húngaros faziam nos inícios das partidas foi fundamental, num 2x0 em apenas 7 minutos.

O Brasil reagiria e ainda chegaria e encostar no marcador em 3x2, mas as expulsões de Nilton Santos e Humberto acabaram com as chances brasileiras, que ainda viram Kocsis marcar o quarto gol húngaro.

A partida foi umas das mais violentas de todas as Copas. Humberto deu uma inacreditável tesoura em Lorant, Brandãozinho derrubou Hidegkuti com um incrível soco, depois de haver recebido um chutinho na canela, Puskas quebrou uma garrafa na testa de Pinheiro e Zezé Moreira deu com a chuteira no rosto do técnico húngaro Gusztav Sebes.

No dia seguinte os jornais execraram Brasil e Hungria, e alguns jornais brasileiros acreditavam numa suposta ajuda ao time húngaro por parte da arbitragem.

Nos outros confrontos, dois lindos jogos, Uruguai 4x2 Inglaterra, e Áustria 7x5 Suíça, além de Alemanha 2x0 Iugoslavia.

Nas semi-finais, a Hungria enfrentaria os poderosos uruguaios e a Alemanha, a Áustria.

Os germânicos passearam em campo e venceram com sobras por 6x1, e esse resultado deixou todos surpresos, pois antes da Copa poucos acreditavam no poderio da Alemanha. Assim, restava a eles esperarem seu adversário na grande final.

Na outra semifinal, a mais bela partida de toda o Mundial. Depois de estarem perdendo por 2x0, os uruguaios iniciaram uma reação formidável e chegaram ao empate com Hohberg, aos 41 do 2º tempo, levando o jogo para a prorrogação.

No final do jogo o herói uruguaio, tomado pela emoção e cansaço, acabou desmaiando e ficou de fora do restante da partida.

A prorrogação foi um espetáculo, as duas equipes buscaram a vitória, e qualquer uma que saísse com a ela seria justo, mas Kocsis, com dois gols de cabeça, derrubou a valente e organizada equipe celeste.

Na final, um confronto repetido. Durante a primeira fase, a Hungria havia derrotado a Alemanha por 8x3, e todos não imaginavam outro resultado a não ser a vitória húngara.

E ela começou a ser desenhada logo aos 6 minutos com Puskas. Aos 9, Czibor aumentaria a vantagem: 2x0.

Mas então começou a mais fantástica reação de uma equipe numa final de Copa do Mundo. Até hoje ninguém consegue explicar o que aconteceu naquele 4 de julho de 1954.

Com uma rapidez assustadora, a Alemanha empataria o jogo, aos 11 e 18 minutos, colocando fogo na partida, deixando os húngaros estarrecidos, e aumentando sua confiança.

O técnico Sepp Herberger, famoso por suas táticas defensivas, anulava com perfeição o cérebro da equipe húngara, Hidegkuti, e apenas esperava para encaixar uma de suas armas favoritas: o contra-ataque.

E faltando 5 minutos para o final da partida, Rahn, sozinho na grande área, definiu o jogo para a Alemanha: 3x2.

Como havia acontecido quatro anos atrás, ninguém acreditava naquilo, e todos puderam presenciar a queda da máquina húngara, a então imbatível seleção da Hungria.

E mais uma vez, os céus mostravam como o futebol pode ser decidido num detalhe, numa fração de segundo, e de que uma partida se resolve somente, e tão-somente, dentro de campo.


Alemanha 3 x 2 Hungria

Local: Wankdorf-Stadion, Berna
Árbitro: William Ling (Inglaterra)

Alemanha: Turek, Posipal, Kohlmeyer, Eckel; Liebrich, Mai; Rahn, Morlock, O. Walter, F. Walter, Schäfer
Técnico: Joseph Herberger

Hungria: Grosics, Buzanszky, Lantos, Bozsik; Lorant, Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas, M.Toth
Ténico: Gusztav Sebes

Público: 60000 pessoas
Gols: Puskas, aos 6, Czibor, aos 9, Morlock, aos 11, Rahn, aos 18 minutos do primeiro tempo. Rahn, aos 39 minutos do segundo tempo

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Em dia de clássico, Tricolor rouba a cena

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Daniele Pechi

Na tarde em que todos os holofotes pareciam estar voltados para o tão aguardado Corinthians e Santos, o jogo das 16h mostrou-se muito mais interessante. O São Paulo, que já começou a sua arrancada no Paulistão, alcançou a quarta colocação. No jogo que contou com a volta do zagueiro Lugano, o time do Morumbi, mesmo fora de casa, estava com a maior torcida, que não se decepcionou e voltou de viagem comemorando a goleada sobre a Briosa por 5x0.

Pressionando desde o início, o Tricolor marcou o primeiro com o atacante Thiago aos 19 seguido por Danilo e Fabão na primeira etapa. Completando o placar marcou também Richarlysson, depois de um lindo passe de Leandro, além de Danilo pela segunda vez. O principal erro da Portuguesa Santista foi ter mudado seu esquema para o 3-5-2. A intenção de aumentar a marcação teve efeito contrário e os contra-ataques eram facilitados para o time visitante.

A mudança realmente pode ser um grande risco, mas não quando o técnico que está no banco é Vanderlei Luxemburgo. Ao entrar com três zagueiros no jogo de ontem contra o Corinthians, o técnico santista não deixou o time com a maior folha de pagamento do campeonato jogar como de costume. Apesar de muitas tentativas e com a vantagem de um jogador a mais, o time do Parque São Jorge não conseguiu evitar a derrota por um a zero, que colocou o time mais longe da briga pelo título (agora está em 6º, 4 pontos atrás do líder) e deixou o Peixe na ponta da tabela, com os mesmos 19 pontos do Noroeste.


Falando em deslizes...

O Palmeiras, que jogou no sábado contra o Bragantino também decepcionou e ficou num magro 1x1 ruim para os dois. O Verdão poderia estar na liderança se tivesse ganhado e com esse resultado, o Bragantino continua na zona de rebaixamento junto com Mogi Mirim, São Bento e Marília.


Noroeste segue firme...

O time que acabou de subir para a primeira divisão paulista mostra que não é cavalo paraguaio e continua firme como líder do Paulistão! Após bater o Paulista por 3x1, empurrou para sétimo lugar o time de Jundiaí, que seguia firme até se deparar com o gigante de Bauru.


Apesar de criticada, a fórmula do Paulista 2006 parece estar dando certo e o medo de os grandes despontarem na frente já foi deixado para trás, mostrando um campeonato com equipes muito equilibradas, alternância de líderes, com pequenos lutando pelo título...que está em jogo agora mais do que nunca!!

domingo, fevereiro 12, 2006

Maracanazo: Um Drama Eterno

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Alden Calviño

Depois de o mundo assistir atônito à Segunda Guerra Mundial, e conseqüentemente a não realização de duas Copas do Mundo, 1942 e 1946, o ano de 1950 marcou a retomada para as disputas entre as seleções.

Como a maior parte dos países europeus haviam sido devastados com a Guerra, coube ao Brasil a honra de sediar a 4ª edição.

Como já havia acontecido nas eliminatórias anteriores, ocorreram algumas desistências, o que acabou prejudicando severamente os grupos da Copa, já que a Fifa havia os sorteado antes mesmo das Eliminatórias acabarem, e das 16 equipes que iriam ao Mundial, apenas 13 acabaram indo ao Brasil.

Isso causou algumas curiosidades nos grupos, como o Grupo 3, com três seleções: Suécia, Itália e Paraguai e o 4, com apenas duas seleções: Uruguai e Bolívia.

Na Primeira Fase tivemos algumas surpresas, destaque para a vitória da “zebra” Suécia sobre a Itália, bicampeã do mundo, mas que acabara de perder vários jogadores num acidente aéreo - o avião da delegação do Torino, que formava a base da seleção italiana, sofreu um terrível acidente, vitimando 31 pessoas, incluindo sete titulares da Azzurra.

Como conseqüência, vitória dos suecos, 3x2, num jogo disputado e dominado pelos italianos, e com direito a uma bola no travessão no último minuto de jogo na baliza escandinava.

Mas a grande zebra da competição e talvez de todas as Copas do Mundo tenha sido a vitória de 1x0 dos EUA contra os ingleses, que se consideravam a melhor seleção do mundo, razão de seu desprezo pelas Copas anteriores.

Formado por sua grande maioria de jogadores amadores, os EUA acabaram causando uma surpresa tão grande, que os jornais britânicos achavam que o resultado relatado a eles, vindo do Brasil, estava errado, e que o correto seria Inglaterra 10 x 1 EUA. Mas para desespero dos ingleses este placar não ocorreu, e com um gol do haitiano Joseph Eduard Gaetjens, os EUA os derrubaram.

Outra curiosidade ocorreu no Grupo 4, onde apenas Uruguai e Bolívia se enfrentariam para decidir quem prosseguia e quem dava adeus à Copa. E o Uruguai acabou arrasando os bolivianos com uma sonora goleada, 8x0, passando assim para a Fase Final.

Terminada a fase de grupos, as semifinais seriam disputadas, no sistema de pontos corridos, sistema este que nunca mais ocorreria em outro Mundial.

O Pacaembu e o Maracanã iriam abrigar os jogos finais, com o “Maraca”, que havia sido construído às pressas para sediar a Copa, contando com uma capacidade de público nominal de 155.000 pessoas, iria testemunhar uma das maiores façanhas do futebol mundial.

O Brasil fez sua estréia na semifinal humilhando os suecos, 7x1, com um show à parte de Ademir, autor de quatro gols, mostrando a todos que aquela competição parecia que não lhe escaparia das mãos.

Enquanto isso Uruguai e Espanha empatavam em 2x2 no Pacaembu, num jogo disputadíssimo e emocionante, com o grande Basora anotando os gols da Fúria.

Na segunda rodada, os uruguaios enfrentariam os suecos, numa partida emocionante, e vencido de forma heróica pela Celeste após estar perdendo por 2x1. Com dois gols no final do jogo anotados por Miguez, os uruguaios ainda estavam dentro da disputa pelo título, enquanto os suecos davam adeus.

No outro jogo, novamente o Brasil atropelou seu adversário, desta vez a Espanha, por impiedosos 6x1, numa partida que se mostrara complicada no início, mas que acabou tornando-se fácil principalmente no 2º tempo, quando a seleção brasileira voltou arrasadora fazendo três gols em 10 minutos. Assim, Brasil e Uruguai fariam a “final” daquela Copa de 1950.

Ninguém em sã consciência diria que o Brasil pudesse perder naquela tarde de 16 de Junho de 1950, nem o mais pessimista dos torcedores. Afinal, os canarinhos vinham de duas ótimas apresentações, ao passo que o Uruguai havia penado para vencer seus oponentes.

O Brasil entrou em campo para decidir o jogo no começo, como havia feito nos jogos anteriores, e o Uruguai praticamente só se defendia, usando de contra-ataques para tentar surpreender o anfitrião.

Mas logo os uruguaios equilibraram as ações, anulando o ponto forte do Brasil, no caso os bons passes trocados entre Zizinho, Jair Rosa Pinto e Ademir, com uma forte marcação individual em cada um deles, e com Obdulio Varela jogando na sobra. O Uruguai foi se aproveitando do jogo e criando situações de gols, mas ao fim do 1º tempo ninguém saiu na frente.

Logo no inicio da 2º etapa, Friaça marcaria para o Brasil aquele gol que faria tremer o Maracanã, após receber ótimo passe de Ademir.

Depois disso, o Brasil parou de atacar e começou a ver um Uruguai se recompondo e tocando a bola, e num ataque pelo flanco direito, Ghiggia partiu para cima de Bigode e na linha de fundo cruzou para Schaffino anotar o gol do empate.

Então a partir daí o Uruguai encontrou a mina de ouro, ou seja, o setor direito de seu ataque, e com o próprio Ghiggia, após receber um passe nas costas de Bigode, a vitória celeste estava selada, num chute entre Barbosa e a trave, lance que até o dia da morte do goleiro ficara marcado por uma suposta “falha”.

Depois disso o Brasil ainda foi empurrado pelos mais de 170.000 torcedores, mas nada conseguiu.

E a seleção da casa havia perdido uma Copa praticamente ganha, segundo os jornais da época, para a tradicional raça Celeste, que acabou se sobressaindo sobre o então “emergente” futebol brasileiro.

Muitos dizem que apostadores perderam grandes fortunas naquele fatídico dia, afinal ninguém imaginava um desfecho como aquele.

Talvez essa tenha sido até os dias de hoje a mais traumática derrota do futebol hoje pentacampeão, mas o que ninguém sabia, é que um domínio verde e amarelo se iniciaria alguns anos mais tarde daquele acontecimento, com um certo Pelé.


Brasil 1 x 2 Uruguai:

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro
Juiz: George Reader (Inglaterra)
Público: 200.000 pessoas (aproximadamente)
Gols:
Friaça 3, Schiaffino 21 e Gigghia 34 do 2º tempo.

Brasil: Barbosa, Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir Menezes, Jair e Chico
Técnico: Flávio Costa

Uruguai:
Máspoli, González, Tejera; Gambetta, Obdulio Varela, Andrade; Ghiggia, Pérez, Míguez, Schiaffino e Morán
Técnico: Juan López