sexta-feira, março 10, 2006

RUMO A 2006: Angola

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Henrique Moretti

Se o vencedor da Copa do Mundo fosse o mais simpático, já haveria um campeão prévio: a seleção de Angola.

Jovem país que só obteve sua independência de Portugal há três décadas e que possui apenas 26 anos com federação de futebol afiliada à FIFA, Angola conseguiu chegar à competição máxima do futebol mundial, após cinco tentativas frustradas (a primeira foi para o México 86).

Os "pelancas negras", como são conhecidos, são detentores do pior ranking FIFA (atualmente o 63º posto) entre as 32 seleções que participarão do Mundial da Alemanha. Por isso mesmo, sua qualificação para a fase final do evento pode ser considerada milagrosa, considerando que o pobre país tem problemas graves de infraestrutura e uma história recente de guerra civil. Para dificultar ainda mais a tarefa, os angolanos acabaram caindo na mesma chave da Nigéria, a 4, nas eliminatórias africanas.

As vagas para o continente negro são destinadas apenas aos líderes de cada um dos cinco grupos, e Angola alcançou o que parecia impossível. Terminou em primeiro, com 21 pontos, mesma pontuação das "Super Águias" nigerianas, ficando à frente no confronto direto, onde ocorreu uma vitória angolana em Luanda (1x0), ainda em 2004, e um empate no campo do adversário (1x1), na antepenúltima rodada das eliminatórias.

O golpe de misericórdia para os nigerianos foi dado na última rodada, quando Fabrice Akwa, principal jogador da seleção vermelha, preta e amarela, fez o gol da vitória sobre Ruanda a 10 minutos do apito final, fazendo com que a implacável goleada de 5x1 aplicada pela Nigéria sobre Zimbábue de nada adiantasse. Festa no país, terceiro a falar português entre os que estarão na Copa, fato inédito.

Grande parte do mérito dessa seleção cabe ao treinador Luis Oliveira Gonçalves, remanescente da triunfal campanha angolana na Copa Africana de Nações sub-20, em 2001 e que comandou a equipe sub-21 durante o Mundial da Argentina, no mesmo ano.

A base do time é formado por jogadores que atuam na própria Angola, ou em times portugueses, como os atacante Mantorras, do Benfica, e Figueiredo, do obscuro Varzim, da segunda divisão. O capitão Akwa (foto abaixo), que também já atuou no Benfica, hoje está no futebol do Qatar. Detalhe para a idade dos dois últimos, que já passou da casa do 30 anos, o que mostra uma seleção um pouco envelhecida. De resto, a se destacar os nomes peculiares de alguns atletas, como Lebo-Lebo e Zé Calanga além de Arsenio "Love", esse apelidado. O bom atacante Johnson, conhecido do povo brasileiro, não está nos planos.

Porém, nem tudo em Angola é "mar de rosas", longe disso. Os resultados recentes deixam grandes dúvidas na cabeça do torcedor angolano. Derrotas por 1x0 para Japão e Coréia em amistosos e má campanha na Copa Africana de Nações podem abalar a confiança da equipe para a disputa do Mundial. Na CAN, inclusive, os angolanos não conseguiram sequer chegar à segunda fase, num grupo que teve como classificados Camarões e Congo. Togo (que também vai à Copa do Mundo) completava a chave.

Na Alemanha, Angola estará acompanhada do país que lhe colonizou por muito tempo, Portugal, do cabeça-de-chave México e do mediano Irã. A curiosidade fica por conta de sua estréia, contra os portugueses, dia 8 de Junho, na cidade de Colonia.

Os favoritos às vagas são claramente mexicanos e lusitanos, enquanto Angola, se conquistar um ponto que seja, deve ficar satisfeita. Afinal somente participar de uma competição desse porte para um país tão pobre, novo e sem tradição já é uma verdadeira conquista. Agora, se a Copa fosse de simpatia...


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1979
Afiliação à FIFA: 1980
Participações em Mundiais: Estreante
Melhor Resultado: Estreante
Última Copa: Não Participou
Campanha nas Eliminatórias: 1º colocado do Grupo 4 do Zonal Africano
Títulos Continentais: Nenhum
Ranking FIFA: 63º
Time-Base: João Pereira, Jacinto, Kali, Jamba (Lebo-Lebo), Delgado; André, Yamba Asha, Mendonça, Akwa; Figueiredo e Mantorras
Formação: 4-4-2
Técnico: Luis Oliveira Gonçalves
Principal Destaque: Fabrice Akwa (Qatar)
Avaliação: * (Mero participante)

quinta-feira, março 09, 2006

Jorge Andrade é a primeira baixa da Copa

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Henrique Moretti

Que, às vésperas da maior competição do mundo envolvendo seleções, a bruxa estava solta, todos já sabiam. Graves contusões ocorreram ainda no ano passado, afetando jogadores como o brasileiro Ricardo Oliveira, o espanhol Xavi, o paraguaio Roque Santa Cruz e o tcheco Jan Koller, os três últimos titulares absolutos de suas seleções nacionais. Mais recentemente, o “atacado” foi o craque italiano Francesco Totti, numa lesão no tornozelo que abalou as estruturas da Azzurra e do mundo futebolístico em geral. Nenhum desses hoje, porém, lamenta mais uma contusão que Jorge Andrade.

O experiente zagueiro português, de 27 anos, jogador do Deportivo La Coruña, da Espanha, rompeu o tendão rotuliano do joelho direito na derrota por 3x2 do La Coruña diante do Barcelona no último sábado pela Liga Espanhola (coincidentemente, Andrade marcou um dos gols de sua equipe). O defensor foi operado ainda no fim-de-semana e a previsão de retorno é de 5 a 6 meses, o que torna impossível sua participação na Copa do Mundo, que tem início em 90 dias. Jorge pode ser considerado a primeira baixa da competição, já que, dos atletas atualmente impossibilitados de jogar e que seriam figuras carimbadas de suas respectivas seleções, ele é o único cuja presença na Alemanha é totalmente descartada.

A curiosidade ficou por conta do lance bobo que resultou na lesão: tentando impedir que Samuel Eto’o alcançasse uma bola perigosa, o zagueiro chocou-se com Jose Molina, goleiro de sua própria equipe.

Homem de confiança do esquema de Felipão, Jorge Andrade irá fazer falta, já que formava a dupla de zaga titular da seleção ao lado de Ricardo Carvalho, do Chelsea. Como forma de reconhecimento, o técnico da seleção portuguesa, além de lamentar bastante o infortúnio, já informou que conta com a presença do camisa 14 do Deportivo na viagem para a Alemanha, fazendo parte da delegação mesmo sem chances de jogar.

Revelado na equipe portuguesa do Estrela Amadora, Andrade acabou se destacando no FC Porto. Transferiu-se para o La Coruña no segundo semestre de 2002, onde atingiu as semifinais da Uefa Champions League 2003/04. Foi também, vice-campeão da Eurocopa de 2004, disputada em Portugal, como titular da defesa lusitana.

Para os amantes do futebol, resta torcer para uma boa recuperação do português, assim como para um rápido retorno dos outros jogadores hoje contundidos e que ainda tem chances de jogar o Mundial. Desses, Xavi aparenta ter a situação mais complicada e dificilmente jogará nos gramados alemães. R. Oliveira deve voltar em Abril mas corre riscos de não ser convocado, preterido por Fred, em melhor ritmo.

Totti, Koller e Santa Cruz também lutam contra o tempo, mas, ao que parece, devem seguir rumo à Alemanha, nem que seja no sacrifício.

quarta-feira, março 08, 2006

Cadê o respeito?

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Bruno de Oliveira


Gordo, velho, "baladeiro" e sem interesse. Para muitos, esse é Ronaldo. O atacante do Real Madrid tem sido alvo de duras críticas nas últimas semanas. Com apenas 3 gols em 2006, um deles no último amistoso da seleção, o Fenômeno definitivamente não vive uma boa fase. Mas seria essa fase suficiente para justificar tantos ataques?

Primeiro foi Pelé, que disse que Ronaldo deveria se preocupar mais com o futebol e deixar um pouco de lado seus compromissos pessoais e sociais. Agora, foi a vez de Platini abrir a boca. Para o ex-meia francês, o atacante está “com anos e quilos demais”. Aos 29 anos, e dentro de seu peso ideal, segundo Parreira, que esteve com o jogador semana passada, Ronaldo parece pagar pelo momento conturbado que vive o Real. Com um time montado pra vender camisas, os espanhóis não sabem o que é um título desde 2003. E estão vendo no atacante o bode expiatório perfeito para a má fase.

Após estourar no Cruzeiro e obter números incríveis em sua passagem pelo PSV, o atacante chegou ao Barça com o apelido de Fenômeno. Suas arrancadas inigualáveis e seus gols espetaculares lhe renderam prêmios e elogios de todo o mundo. Ronaldo virou patrimônio universal. Só que, com as contusões, vieram as dúvidas. As duas cirurgias sofridas no joelho fizeram com que muitos dissessem que ele estava acabado pro futebol. Mas o Fenômeno provou o contrário. Voltou sendo artilheiro da Copa de 2002 com oito gols e levando o Brasil ao penta.

O problema é que Ronaldo já não era mais o mesmo. E nem poderia ser diferente. Com as cirurgias, e com o passar do tempo, o atacante mudou seu estilo de jogar. Já não dá mais arrancadas como antes, assim como já não dribla mais como gostava de fazer. Mas a experiência lhe trouxe uma noção maior de posicionamento e de tática. O que parece difícil de se compreender para torcedores, diretores e antigos admiradores do craque. Não se pode esperar de Ronaldo os lances maravilhosos de tempos atrás. Muito menos cobrá-lo por isso. O que se pode esperar e cobrar de Ronaldo são gols.

Acontece que eles não têm vindo. E assim, abre-se espaço para vaias, críticas e principalmente comparações. Os torcedores do Real, ao mesmo tempo em que criticam seu jogador, assistem Eto’o, Shevchenko e Henry marcarem gols atrás de gols. Logo, partem para o simplismo, dizendo que os três são melhores que o brasileiro. E se esquecem de algumas coisas. Em 96/97, quando Ronaldo fazia sua melhor temporada e conquistava o mundo, Henry ainda era apenas uma promessa do Mônaco, mesmo sendo apenas um ano mais novo. Shevchenko, hoje artilheiro do Milan, ainda passava frio na Ucrânia. E Samuel Eto’o se contentava com a equipe B do Real. Nenhum deles, aliás, participou de três finais de Copa, tendo vencido duas. E nenhum deles foi eleito três vezes o melhor do mundo. É uma grande diferença.

Que hoje os três vivem uma fase melhor, ninguém discorda. Mas ainda há um grande abismo entre Ronaldo e eles. O brasileiro já venceu tudo que podia. Se hoje não vive bom momento, amanhã pode estar por cima novamente. Pode, inclusive, se tornar o maior artilheiro em Copas do Mundo. O que não é difícil, já que tem mostrado ser um jogador de decisão. Se hoje a fase é ruim, amanhã Ronaldo pode calar a todos novamente. Agora, esquecer de tudo o que já fez para o futebol e ofendê-lo quando a bola não entra, é, no mínimo, uma enorme falta de respeito.

terça-feira, março 07, 2006

Quem sabe em 2010...

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Allan Brito

Há pouco mais de 90 dias para o início da Copa do Mundo 2006, o mundo já vive aquela expectativa mágica que envolve o maior espetáculo futebolístico da Terra. As 32 seleções que disputarão o Mundial estão ansiosas. Porém, por outro lado, há muita decepção também. Países como Uruguai, Grécia e Nigéria, que de uma forma ou de outra, já marcaram seus nomes na história do futebol, não estarão na Alemanha esse ano. Fica o espaço para a atração das seleções estreantes, mas perde-se o brilho, por exemplo, da atual campeã européia, ou mesmo da primeira seleção campeã do mundo de futebol.


Grécia


Otto Rehhagel. Esse é o nome do alemão operador do milagre acontecido em Lisboa. Não há outra definição, se não milagre, para o título da Grécia. Nem o técnico da seleção grega, nem o mais otimista torcedor e nem mesmo os próprios jogadores acreditavam num triunfo tão brilhante como o acontecido na Eurocopa 2004. Com gols de cabeça e muita marcação, a Grécia superou poderosas favoritas como República Tcheca e França para chegar à final, quando conquistou o título mais importante de sua história no futebol. Mas, o que aconteceu com esses grandes campeões nas eliminatórias? O feio futebol-resultado não deu certo e os gregos sequer conseguiram ir para a repescagem. Estranho ver uma Copa do Mundo sem a campeã européia, mas tudo bem nesse caso. Muita decepção, mas na verdade, apenas a "justiça futebolística" sendo feita. Tardiamente, sim! Mas está feita. O milagreiro alemão não deu conta dessa vez.



Dinamarca


Onde foi parar a "Dinamáquina" de 1986? Aquela seleção que assustou muita gente na Eurocopa e até mesmo na Copa do Mundo em meados de 80 parece ter sido apenas um fantasma, um rascunho de um futebol promissor. Depois de tanto assustar, a Dinamarca nunca mais fez grandes aparições nos Mundiais e dessa vez, apesar de ter ficado na frente da Grécia nas Eliminatórias, não conseguiu superar Ucrânia e Turquia e vai assistir a Copa em casa. Não é uma seleção de tradição, mas uma seleção que sempre deixa aquela expectativa dos sustos nos grandes times. Na Eurocopa de 1992 conseguiu seu único título importante, mas parece a cada competição mais distante da poderosa máquina de sustos. Fica pra próxima!



Turquia


Que sufoco em 2002! Levantamos de madrugada para assistir a estréia do Brasil quatro anos atrás e enquanto ainda mal abríamos os olhos vimos uma seleção turca fazer o seu gol no questionado time de Felipão. Os brasileiros conseguiram virar o jogo, com certa ajuda do árbitro, mas aquele jogo ficou marcado. Depois disso a Turquia ainda fez acontecer na Ásia, sendo eliminada apenas na semifinal pelos mesmos adversários da estréia, dessa vez com um pouco menos sufoco. Mas um time tão ridicularizado antes da Copa surpreendeu a muitos e fez história. Porém, a equipe já era velha e a renovação não foi feita com qualidade. Uma possível grande atração da Copa da Alemanha acabou caindo fora na repescagem contra a Suíça.



Nigéria, Camarões e Senegal


"Um dia, no século XXI, uma seleção africana ganhará uma Copa do Mundo." Essa afirmação pode até se tornar uma realidade, mas sem Nigéria, Camarões e Senegal vai ficar difícil isso acontecer agora, em 2006. Isso porque só a Tunísia não é estreante em Copas do Mundo entre as 5 classificadas do continente negro. Porém, é sempre necessário lembrar que Senegal também estava nessa condição em 2002 e chegou até as quartas-de-final, deixando uma esperança no coração dos torcedores de Togo, Gana, Costa do Marfim e Angola. Mas aquele trio deixa saudades, até porque na Copa do Mundo a camisa é muito importante sim. E nesse caso, quem tem camisa e história no futebol é a Nigéria, campeã olímpica em 1996, Camarões, campeã olímpica em 2000 e Senegal, sétima colocada no Mundial mais recente. O futebol rápido e alegre fazia a Copa brilhar ainda mais. Veremos se esse brilho continuará forte na Alemanha, mesmo que os personagens tenham mudado.



Uruguai


Não deu para os bicampeões mundiais na repescagem. Nos pênaltis, os Socceroos, apelido da seleção australiana, conseguiram a vitória e impediram que todos os campeões da Copa do Mundo estivessem nessa edição da Alemanha. Feitos históricos, como a final de 1950, ficaram para um remoto passado que dá sinais de não poder mais ser revivido. Em 2002 os uruguaios sequer conseguiram vencer e voltaram para casa eliminados por Dinamarca e Senegal. Antes disso, nem haviam conseguido a classificação para a Copa da França. É melhor todos irem se acostumando com a idéia que o Uruguai fará falta daqui pra frente, pois se tornou apenas um fantasma do passado brilhante e deixará eternas saudades.


Fica a pergunta: Qual dessas equipes fará mais falta à Copa do Mundo 2006? Difícil escolher, mas a nossa enquete está localizada ao lado, ajudem-nos a decidir!

segunda-feira, março 06, 2006

Em jogo de seis pontos, Santos mantém liderança isolada

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Daniele Pechi

A partida entre Santos e Palmeiras tinha tudo para ter muitos gols, mas o que se viu mesmo foram muitas bolas na trave e show de Maldonado e Gamarra, que salvaram seus times por diversas vezes. O santista, além de defender, também atacava e se revelou o destaque da partida, que foi marcada por muitas reclamações. A arbitragem mais uma vez foi a culpa da derrota do Palmeiras, segundo Leão, que ficou sem Washington para o próximo jogo. O atacante foi expulso logo após o fim da partida, também por reclamação. Apesar do equilíbrio do primeiro tempo, na segunda etapa o jogo foi diferente . O time da Vila, que voltou para o segundo tempo com alterações, melhorou o desempenho que já era bom e mesmo assim não conseguia o gol, que só foi sair aos 40 minutos, através de pênalti cobrado por Léo Lima. E ficou nisso, a partida terminou 1x0 para o Santos, que disparou na liderança, com 31 pontos!


Timão passa sufoco

Em pleno Pacaembu, o Corinthians empatou em 1x1 com o fraco time do Marília, que botou muita pressão e arrancou o empate aos 47 do segundo tempo. Perdido em campo e com Mascherano voltando de contusão (não está ainda em suas melhores condições físicas), o Timão se acomodou e perdeu a vitória no último minuto! Pra variar, o gol saiu com Nilmar, que botou mais um na conta. O mal resultado trouxe mais uma vez à tona as vaias para o técnico Antônio Lopes, que foi chamado de “burro” e precisa ganhar quarta feira no México. Caso contrário, pode estar correndo risco. O MAC, que só dependia de si mesmo para sair da zona de rebaixamento, ficou por lá mesmo, mas da lanterna já subiu para o 18º lugar e tem grandes chances de escapar da Série A-2 se continuar reagindo.


Se um fica, o outro sai!

O São Bento cumpriu sua missão nessa tarde e venceu o São Paulo por 2x0. Com 15 pontos, empurrou o Guarani para a tão temida zona do rebaixamento e conseguiu saiu dela! O Tricolor, que não perdia há 10 partidas, viu o título do Paulista ficar mais distante com a derrota de hoje: está em segundo, mas tem 5 pontos a menos. Além disso, poupar atletas para os jogos da Libertadores é inevitável e com um time mais fraco, correr atrás da taça fica ainda mais difícil...

domingo, março 05, 2006

RUMO A 2006: Inglaterra

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Henrique Moretti


Lampard, Gerrard, Beckham, Owen e Rooney. Não há dúvida de que a seleção da Inglaterra conta com craques que formam uma das equipes mais fortes a fim de conquistar a Copa do Mundo 2006.

Alguns dos melhores jogadores do mundo estão no English Team, num timaço que vem sendo considerado por todos o mais forte que os britânicos já construíram desde o que conquistou o Mundial de 1966, em casa, com Bobby Moore e cia.

O técnico sueco Sven-Goran Eriksson (ao lado, com a bandeira inglesa), primeiro estrangeiro a treinar a Inglaterra na história, vê com ótimos olhos a possibilidade de finalmente levantar a taça e acabar com esse jejum de títulos, que já incomoda. Desde 2000 no comando, Eriksson é um grande conhecedor da equipe, e seus melhores resultados foram alcançar as quartas-de-final da Copa 2002, caindo diante do campeão Brasil, e da Euro 2006, perdendo para Portugal.

Porém, atualmente o técnico sueco se segura no cargo mais por falta de opções no mercado que pelos seus próprios méritos, afinal, além dos insucessos citados, a campanha nas eliminatórias para o Mundial da Alemanha não foi das melhores.

Mesmo contando com um grande plantel de jogadores, a classificação veio apenas na última rodada, em primeiro lugar, é verdade, mas com a equipe quase indo parar na repescagem por culpa da irregular Polônia. Outros times medianos, como País de Gales, Áustria e Irlanda do Norte, completavam a chave que parecia tranqüila.

As críticas vieram e, para piorar essa relação treinador-imprensa, Sven acabou sendo alvo, no início do ano, de uma “pegadinha” de um dos tablóides sensacionalistas ingleses. Um “jornalista”, fingindo-se de dono de milionária equipe árabe, gravou uma conversa na qual o técnico afirma, entre outras coisas, que Beckham estaria prestes a sair do Real Madrid e que Ferdinand não gostava de treinar.

As declarações pegaram mal tanto dentro quanto fora do elenco, fazendo com que o sueco acionasse a justiça processando o tal tablóide. A sensatez da federação acabou imperando e ele foi mantido para a Copa, apesar de já haver sido informado de ante-mão que não continua após a competição.

Para se despedir do cargo em que está prestes a completar 6 anos, Eriksson conta com uma defesa sólida, passando pela experiência do lateral-direito Gary Neville e do zagueiro Sol Campbell, provável opção no banco de reservas, pasmem. Os titulares do setor devem ser os seguros Rio Ferdinand e John Terry, havendo ainda o excelente Jamie Carragher brigando por vaga. Pela esquerda, Ashley Cole ainda se recupera de contusão para ser uma peça importante na equipe. O goleiro é Paul Robinson, do Tottenham, que tenta substituir o aposentado David Seaman à altura.

Para o meio-campo, o que parecia ser a solução para o esquema inglês pode se transformar num dilema. Dois dos melhores volantes do mundo, Frank Lampard e Steven Gerrard (respectivamente segundo e terceiro melhores jogadores da Europa, segundo a France Football), sofrem com sobrecarga na marcação quando têm a companhia dos ofensivos David Beckham e Joe Cole.

Tentando resolver o problema, Eriksson experimentou Ledley King, zagueiro de origem, como volante de contenção, sacando assim Cole.

O resultado do novo esquema variou muito, ora obtendo sucesso, como na vitória diante de Gales e Polônia pelas eliminatórias, ora falhando, como diante da Argentina em amistoso recente (foto abaixo), onde a vitória inglesa só veio após a entrada do meia do Chelsea. A dúvida deve persistir até o início do Mundial.

Solução é, sim, o ataque da equipe. Wayne Rooney e Michael Owen formam uma das melhores duplas do mundo no setor, com o eterno garoto prodígio não tendo mais que sofrer com a companhia do fraco Emile Herskey, tal qual no Japão e na Coréia. Shaun Wrigth-Phillips, revelação contratada a peso de ouro pelo Chelsea, surge como boa opção para meio e ataque. Outra carta na manga é o grandalhão Peter Crouch, expecialmente para jogadas aéreas.

No caminho para o título, a Inglaterra tem em seu grupo na Copa a boa Suécia, o defensivo Paraguai e o fraquíssimo Trinidad e Tobago. A classificação deve ser obtida com certa facilidade, ficando a briga pelo primeiro lugar com os suecos. Briga importante, pois faria a seleção líder da chave fugir de um iminente confronto contra a anfitriã Alemanha, já nas oitavas.

Portanto, se passar no primeiro posto, o English Team estaria no rumo certo para fazer desse Mundial a sua grande competição. Segunda favorita ao título para muitos, os comandados do Spice Boy Beckham tentam derrubar a liderança brasileira nas casas de apostas (vício da terra da rainha) e fazer a alegria da fanática torcida. Se assim for, que seja sem os temidos hooligans.



FICHA TÉCNICA

Fundação: 1863
Afiliação à FIFA: 1905
Participações em Mundiais: 11 (1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1970, 1982, 1986, 1990, 1998, 2002)
Melhor Resultado: Campeã (1966)
Última Copa: Quartas-de-final (2002)
Campanha nas Eliminatórias: 1ª colocada do Grupo 6 da Zona Européia

Títulos Continentais: Nenhum
Ranking FIFA: 9º
Time-Base: Robinson, Gary Neville, Ferdinand, Terry, Ashley Cole; King (Joe Cole), Gerrard, Lampard, Beckham; Owen e Rooney
Formação: 4-4-2
Técnico: Sven-Goran Eriksson
Principal Destaque: Frank Lampard (Chelsea)
Avaliação: ***** (Favorita)