sábado, junho 10, 2006

Uma Alemanha diferente

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Luiz Mendes Junior

Eis uma estréia atípica de Copa do Mundo e de seleção alemã, que em muito me fez lembrar, em performance, aquela que estreou contra a Austrália, meses atrás, pela copa das confederações.
O técnico Jurgen Klismann impôs nova filosofia ao time, procurando quebrar um pouco a vocação defensiva e conservadora que marcou sua seleção nos últimos Mundiais. Como na estréia de meses atrás, tivemos um jogo de muitos gols, com uma Alemanha infinitamente mais preocupada em pontuar do que em não levar, falhando clamorosamente no que sempre soube fazer, defender e segurar resultados, mas também jogando um futebol ofensivo, mesmo dentro das já conhecidas limitações técnicas, aproveitando-se, claro, da fragilidade e da falta de ousadia de um adversário que pouco fez, senão usufruir bem as pouquíssimas oportunidades que teve.
O placar foi justo e contrariou o mau agouro que aflige grandes seleções em jogos inaugurais de copa, mas esta Alemanha que vimos hoje é tão frágil quanto a da Copa das Confederações. Fazia muitos gols, mas também os tomava em demasia.
Agradou-me
ver a esquadra de Klismann abrindo espaço para chutes de longa distância e não insistindo tanto no velho chuveirinho de sempre. Conseguirão eles fugir de suas velhas tendências contra adversários mais fortes, e, principalmente, quando estiverem atrás no marcador?

Polônia e Equador, por sua vez, fizeram um jogo equilibrado (e fraco), que não justificou a margem de vitória equatoriana. Os sul-americanos foram inteligentes, administrando bem a vantagem adquirida no primeiro tempo com um jogo cadenciado, procurando brechas na linha de impedimento adversária, mas também tiveram sorte no fim da partida, tomando duas bolas na trave que poderiam ter mudado a história da copa.

De impressões marcantes, duas. Primeira: este Mundial pode ser um campeonato de muitos gols por partida, bem diferente daquele panorama medroso de 90 e 94, que até ensaiou uma volta em 2002, mas que talvez fique de fora em 2006. Segunda: algumas linhas de impedimento vão sofrer na Alemanha, sendo constantemente surpreendidas por aparições-relâmpago, como a do atacante costa-riquenho Wanchope na partida de abertura.

Aliás, por favor, nada de reclamar quando o árbitro validar um gol impedido por centímetros. É justo que, na dúvida, se deixe a jogada correr, pois um gol anulado por impedimento inexistente é mais cruel e anti-futebolístico do que outro validado com o atacante centímetros à frente do último zagueiro. A regra do impedimento foi criada para evitar "banheiras", e não para ser usada como ferramenta anti-jogo pelas defesas.

sexta-feira, junho 09, 2006

Futebol = Paixão (Especial)

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Henrique Moretti

A uma hora do início da Copa do Mundo 2006, creio que não há melhor momento para republicar aqui a coluna que inaugurou este blog "Fanáticos por Copa", no dia 27 de Setembro de 2005.
Nos próximos 30 dias caros fãs do futebol, animem-se! O maior evento do esporte mundial está prestes a começar! A posse Taça Copa do Mundo FIFA está novamente em aberto. Quem sairá dos gramados alemães com o privilégio de repetir o gesto que Cafu realizou quatro anos atrás?

Por que o futebol é o que é? Pergunta difícil. Como explicar essa paixão que assola todos os cidadãos no mundo todo? O esporte mais praticado, o mais assistido, o mais popular.


O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Uma boa definição, proveniente do jornalista Milton Neves. Quem vive sem futebol? O Brasil é o país deste esporte, onde todos estão envolvidos, direta ou indiretamente, querendo ou não querendo. Ele apaixona as pessoas e, de 4 em 4 anos, quando é realizada uma Copa do Mundo, essa paixão fica ainda mais evidente. Quem não pára tudo para ficar na frente da Tv torcendo para sua pátria? Ali, dentro de campo, 11 contra 11, mais, quem sabe, 60 mil pessoas no estádio e mais, quem sabe ainda, milhões de pessoas envolvidas através do aparelho televisor. Todos com os olhos voltados para o zagueiro botinudo, o volante brucutu, o centroavante desengonçado que às vezes se torna o herói. Mas voltadostambém pro goleiro milagroso, pro zagueiro talentoso, pro meia habilidoso, pro craque, esperando o momento de explosão de alegria, o chute, a falha, o drible, o gol.


Ah, o futebol! O mais importante dentre os menos importantes, o mais popular, o mais praticado, 11 contra 11 correndo atrás de uma bola...que seja. Ah, o futebol! Agradeço aos céus por te ter conhecido, rezo todos os dias para que nunca sejas esquecido.

O maior espetáculo da Terra

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Alden Calviño

Faltando menos de uma semana para o início do maior espetáculo da Terra, a Copa do Mundo de futebol, os grandes apaixonados pelo esporte bretão já não conseguem mais manter os nervos no lugar.

O mundo todo já está de olho na Alemanha, palco da 18ª edição, e, segundo a imprensa esportiva, a edição que talvez seja a mais difícil e equilibrada dos últimos tempos.

Os grandes craques dos maiores clubes europeus e sul-americanos estarão presentes, e a grande ausência será a do camaronês Samuel Eto’o, estrela do Barcelona, que não conseguiu carimbar o passaporte para a Alemanha.

Talvez nunca uma Copa do Mundo apresentou um leque tão diversificado de grandes jogadores. Na Copa de 1994, tivemos grandes jogadores desfilando nos gramados norte-americanos, tais como, Diego Maradona, Romário, Hristo Stoichkov, Gheorghe Hagi, Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann, Roberto Baggio, Franco Baresi, Frank Rijkard, entre outros. Alguns em final de carreira, é verdade, mas que ainda demonstravam grande capacidade técnica e poder de decisão.

E nessa Copa, teremos um arsenal fantástico de jogadores, do calibre de Pavel Nedved, Andriy Shevchenko, Thierry Henry, Zlatan Ibrahimovic, Francesco Totti, Frank Lampard, Kaká, Ruud van Nistelrooy, Lionel Messi, e a grande estrela da atualidade, Ronaldinho Gaúcho.

Outro grande atrativo dessa Copa será a presença mais uma vez de Zinedine Zidane, grande astro da seleção francesa, que havia deixado a seleção, mas acabou retornando durante as Eliminatórias e levando os Blues a mais uma Copa, depois de muitas dificuldades antes de seu retorno. E essa será a última participação dele, para tristeza dos amantes do futebol arte, pois após a Copa ele encerra definitivamente sua brilhante carreira futebolística.

Outra prova de que essa Copa promete ser equilibrada, é o grande equilíbrio entre as seleções. No bloco das favoritas temos Brasil, Itália, Inglaterra, Argentina, França e a anfitriã Alemanha, que apesar de não contar com uma equipe tão forte como em outras Copas, terá o apoio de sua fanática torcida.

Nesse bloco, com exceção da Alemanha, o equilíbrio entre as seleções é incrivelmente igual, todas contam com grandes jogadores, que a qualquer momento podem decidir uma partida.

No bloco intermediário se encontra o que talvez seja o fiel da balança, são seleções que mostram times fortes, que podem realmente complicar e muito as seleções consideradas favoritas ao título e porque não até brigar pelo lugar mais alto.

Podemos destacar equipes como Holanda, Espanha, Portugal, Suécia, e a temida Rep.Tcheca (foto), 2ª colocada no ranking da Fifa, que promete um futebol vistoso e ousado.

Outras equipes nessa Copa merecem uma atenção especial, casos de Ucrânia do craque Shevchenko, da Suíça do ótimo zagueiro Senderos, a Polônia que fez uma grande campanha durante as Eliminatórias, e pretende reviver 1974, época em que o carequinha Lato aterrorizava as defesas adversárias.

Além de Croácia, 3ª colocada em 1998, e da Sérvia e Montenegro que sempre prezou pelo futebol bem jogado, ainda quando se chamava Iugoslávia.

Há também as seleções “emergentes”, como o México, que pela primeira vez na história é cabeça-de-chave, os EUA, os asiáticos Japão e Coréia do Sul, e o sul-americano Equador, em sua 2ª Copa consecutiva, que vem fazendo bons papéis nas Eliminatórias Sul-americanas. A grande pergunta em torno do Equador é: o time sabe jogar sem a altitude de Quito?

Essas seleções nos apresentam bons jogadores, que podem fazer a diferença numa partida. No Japão podemos destacar Nakamura e Nakata, já os sul-coreanos contam com o bom Park Ji-sung, jogador extremamente veloz e hábil.

O México conta com o bom zagueiro Rafa Márquez, além de alguns jogadores que vem se destacando em seus clubes, como Santiago Salcido e Ramoncito Morales, ídolo da torcida mexicana, mas que vem lutando por sua titularidade este ano.

Outras seleções são absolutamente incógnitas nessa Copa, como o Irã, que apesar de contar com Ali Karimi e Mehdi Mahdavikia, podem tanto surpreender em seu grupo como serem facilmente eliminados.

Guus Hiddink, dessa vez na Austrália, tenta algo parecido com o que fez com os sul-coreanos em 2002. Levar os australianos o mais longe possível, tarefa nada fácil, mesmo contando com a maioria dos jogadores atuando na Europa, e com o bom Harry Kewell, do Liverpool da Inglaterra.

Mas a maior incógnita nessa Copa talvez seja Costa do Marfim: a equipe realizou uma boa campanha na Copa da África esse ano, chegando à final e sendo derrotada pelo anfitrião Egito.

A equipe conta com Didier Drogba (abaixo), astro do Chelsea, além de Kolo Touré do Arsenal. Muitos acreditam que os Elefantes são os únicos representantes do continente da África que podem fazer uma boa campanha, mas não terão vida fácil na sua jornada, pois enfrentarão ninguém menos que Argentina, Holanda e Sérvia e Montenegro.

Mas os africanos têm por natureza a superação em suas veias, e ela pode ser extremamente útil na caminhada de Costa do Marfim.

Já Gana, equipe com a menor média de idade, possui alguns jogadores técnicos, e com a já habitual força física, mas nenhum deles no nível de Anthony Yeboah e Abedi Pelé, grande astro da seleção nos anos 90 e do Marseille.

Os ganeses apostam tudo em Michael Essien, Sthephen Appiah e Sammuel Kuffour, zagueiro da Roma, que por muitos anos atuou no Bayern de Munique.

Algumas seleções habituadas a disputar Copas do Mundo sabem que não terão vida fácil na Alemanha: são os casos de Paraguai e Tunísia.

O Paraguai vem para sua 3ª Copa consecutiva, mas sem a mesma esperança de sucesso dos outros anos. Mesclando experiência e juventude a torcida paraguaia, não acredita que a equipe possa sequer passar de fase.

A grande chance será arrancar um empate contra Inglaterra ou Suécia, e golear Trinidad & Tobago, e esse é o objetivo do time. Carlos Gamarra, Roque Santa Cruz, Julio dos Santos são as armas do técnico Aníbal Ruiz.

A Tunísia é outra seleção que chega novamente desacreditada em uma Copa. Não pelo time, que nem é tão fraco como em anos anteriores, mas pelo difícil grupo em que caíram. Ucrânia e Espanha ainda são equipes superiores aos tunisianos, mas a fanática torcida acredita que o brasileiro Francileudo dos Santos possa levá-los as oitavas de final, tarefa difícil, mas não impossível para as Águias de Cartago, como é carinhosamente chamada a seleção.

E como é de praxe, depois que a Fifa aumentou o número de seleções de 24 para 32 seleções, neste ano, contaremos com várias equipes frágeis e debutantes.

Algumas como a Arábia Saudita e a Costa Rica, contam com participações em outras edições.

O jovem Noor do Al-Ittihad é uma esperança para os sauditas, um jogador muito ágil, e de bom drible. Além é claro dos eternos Sami-Al Jaber e Al-Deayea, que participam provavelmente da última Copa.

A Costa Rica, comandado pelo brasileiro Alexandre Guimarães, sonha em repetir o feito de 1990, quando ainda jogador, conseguiu a façanha de eliminar Suécia e Escócia. O grupo não é dos mais complicados, Equador e Polônia não são adversários imbatíveis, e o clima na Costa Rica é de extremo entusiasmo.

Paulo Wanchope e Gilberto Martinez são os destaques da equipe que não sabem jogar defensivamente, e abusam do toque de bola e do jogo ofensivo. Os jogos da Costa Rica prometem gols, muitos gols, tanto a favor quanto contra.

E por fim as seleções que provavelmente irão com outros objetivos traçados. A jovem equipe do Togo (foto) conta com apenas um jogador capaz de intimidar os adversários, o grandalhão Emmanuel Adebayor do Arsenal, muito pouco contra equipes do nível de França, Suíça e Coréia do Sul.

A pequena ilha de Trinidad & Tobago está em festa. Desde a classificação obtida diante de Bahrein, a torcida não vê a hora de poder ver seus jogadores atuando em solo alemão. Sim, eles estão cientes de que sua equipe não tem a pretensão de passar de fase. Um ponto já será motivo de comemoração, e se não forem goleados em todos os jogos a festa será maior ainda.

A expectativa dos adversários e do público em geral é saber se o artilheiro da Copa sairá nos confrontos contra Trinidad, tamanha fragilidade de sua defesa. Dwight Yorke é o grande astro da seleção, ele que por um tempo foi um dos bons nomes do Manchester United, no final da década de 90.

Angola, que até 30 anos atrás ainda era colônia portuguesa, com certeza terá a torcida de muitos países, e ela tem tudo para ganhar a simpatia de todos, devido à alegria e irreverência de seu povo. Seus jogadores na grande maioria atuam na 2º divisão de Portugal, demonstrando o baixo nível técnico da equipe. O que ninguém ainda entende é como eles conseguiram eliminar os nigerianos nas Eliminatórias Africanas.

A curiosidade de Angola fica por conta dos nomes de seus jogadores. Nomes incomuns e de certa forma engraçados para nós brasileiros, como Love, Zé Kalanga, Loco e talvez o mais curioso: Lebo-Lebo.

Mas o destino reservou para estes jogadores algo que talvez eles jamais tivessem imaginado em suas vidas: enfrentar Portugal, logo na 1ª partida. Esse jogo para os angolanos é mais que uma partida, envolve sentimentos políticos, civis e familiares. Resta saber se esses sentimentos podem levar os angolanos a algum lugar de destaque. Mas não será uma tarefa fácil, aliás, será muito complicada.

As cartas estão na mesa, a sorte está lançada. Tudo o que dissermos aqui pode cair por terra logo depois da 1ª rodada.

Mas isso pouco importa. O que realmente importa é se teremos uma Copa tão brilhante como de 1994, ou uma Copa tão decepcionante quanto 1990, onde o pragmatismo das seleções imperou.

Que os deuses do futebol nos encham de gols, que possamos ter uma Copa de alto nível técnico, tático, mas acima de tudo, uma Copa de respeito ao próximo, de paz, afinal no maior espetáculo da Terra, não há espaço para o racismo, ideologias neonazistas, atos terroristas.

E que venha a Copa!

quarta-feira, junho 07, 2006

Esquentando os tamborins

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Renato Bosi de Magalhães

E a Copa do Mundo da Alemanha começa nessa sexta-feira. Apesar de a maioria dos jornalistas apontar o Brasil como grande favorito, não vejo as coisas bem assim.

A seleção brasileira é a melhor, mas, numa Copa do Mundo de mata-mata, qualquer tropeçozinho e a “vaca vai pro brejo”. Em 2002, não nos esqueçamos, o Brasil vinha muito mal na primeira fase. Ganhou da Turquia num pênalti mal marcado sobre Luizão. Nas oitavas-de-final, um gol da Bélgica mal anulado, quando a partida estava 0 a 0, poderia ter mudado o rumo da história.

Acredito que a Argentina e a Inglaterra serão nossos principais rivais. Vejo nessas duas equipes vários jogadores que podem decidir. Nosso rival sul-americano virá com muita vontade de apagar a má impressão da Copa passada. Eles caíram em um grupo muito complicado (novamente). Porém, se a Argentina passar por Holanda, Costa do Marfim e Sérvia e Montenegro, será complicado de segura-la.

Já o time inglês tem um arsenal de boas jogadas. Há a jogada de bola parada de David Beckham para, principalmente, os zagueiros Terry e Ferdinand. As faltas cobradas diretamente ao gol do marido de Victoria Adams também são perigosas. Há também os chutes de fora da área dos meias Lampard e Gerrard, os lançamentos para o rápido Owen, uma cabeçada ou um chute do bom Crouch...

Há ainda as equipes que podem surpreender. Apesar de não ter ido bem nos amistosos, acredito que o México, que fez uma preparação de dois meses, se sairá satisfatoriamente nesse Mundial. Quando se fala em bom goleiro as pessoas logo lembram do italiano Buffon ou do tcheco Peter Cech e se esquecem do ótimo goleiro mexicano Oswaldo Sanchez.

Gosto também da Holanda. Mas o problema é que a seleção dirigida por Van Basten é muito jovem. Gosto de reformulação, mas houve exagero. Concordo que jogadores como Stam e Davids não deveriam ser convocados, estão numa fase descendente de suas carreiras. Mas Seedorf e Roy Makaay, por exemplo, seriam muito importantes.

Portugal deve passar tranqüilo pela primeira fase. Caiu no grupo do México, adversário que, como escrevi anteriormente, é perigoso. Mas Angola e Irã não devem dar trabalho. O problema é que depois enfrentará nas oitavas alguma seleção do “grupo da morte”, também já visto aqui. E não acredito que a equipe do Felipão possa passar por uma Argentina, por exemplo. Apesar de ter jogadores habilidosos, como Deco e Cristiano Ronaldo, falta um cara que faça gols. Figo e Pauleta não são maus jogadores, mas também não são grandes finalizadores.

Agora é esperar a Copa do Mundo começar e constatar se minhas opiniões tiveram algum acerto.

segunda-feira, junho 05, 2006

Justiça por linhas tortas

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Henrique Moretti

Na última quinta-feira o técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira teve que anunciar uma notícia que não agradou a ninguém.

Edmílson, volante/zagueiro do Barcelona e campeão do mundo pelo Brasil em 2002, foi cortado da equipe devido a uma lesão no menisco lateral do joelho direito.

Para seu lugar, Parreira de certa forma surpreendeu, chamando Mineiro, do São Paulo: o jogador de 30 anos era considerado zebra na disputa contra Renato, do Sevilla, e Julio Baptista, do Real Madrid, pelo maior número de aparições entre os listados dos dois “estrangeiros”.

De qualquer forma, a convocação de Mineiro é justa, e foi muito bem explicada por Parreira, que usou o fato de Renato e Julio Baptista já estarem no mínimo há duas semanas parados (a temporada européia se encerrou no dia 20 de maio), enquanto o jogador são-paulino está em plena atividade, inclusive participando da partida da última quarta-feira, diante do Fluminense, pelo Brasileirão. É claro que o modo como se deu a convocação não foi das mais alegres, como o próprio Mineiro observou em entrevista, mas ele se diz muito feliz.

Jogador extremamente discreto e avesso às badalações, Carlos Luciano da Silva, que na verdade é gaúcho de Porto Alegre (herdou o apelido de “Mineiro”, do irmão mais velho), iniciou sua carreira profissional no Rio Branco, de Americana, passando pelo Guarani e ganhando projeção na Ponte Preta, onde alcançou as semifinais do Paulistão e da Copa do Brasil em 2001. Transferiu-se para o São Caetano, conquistando o título estadual de 2004 e chegando, numa idade já avançada (29 anos), a um time grande, o São Paulo. Estreou pela Seleção em 2001, com Leão.

Taticamente, Parreira perde Edmílson, que era sua primeira opção para a reserva dos volantes Emerson e Zé Roberto, cargo que agora deve ficar com Gilberto Silva. Por outro lado, o treinador ganha um volante que pode tanto sair para o jogo com eficiência quanto grudar no principal jogador adversário, feito um “carrapato”.

Enfim, todos se lamentam pela saída do volante do Barcelona, principalmente pelo modo o qual ela se deu, e pelo grande esforço do atleta para alcançar tal vaga na seleção brasileira – Edmílson chegou a ficar 8 meses parado, por conta de outra contusão. Mas cortes fazem parte da rotina das seleções em preparação para uma Copa do Mundo, e como Romário em 98 e Emerson em 2002, Edmílson não poderá disputar a competição. Agora, a bola está nos pés de Mineiro.

Nepotismo?

Já Ilija Petkovic, técnico da seleção de Sérvia e Montenegro, convocou seu filho, Dusan Petkovic (ao lado), para o lugar do bom Mirko Vucinic, atacante que se lesionou durante a disputa do Campeonato Europeu Sub-21, pela própria Sérvia.

O detalhe é que Dusan, jogador de 32 anos do OFK Belgrado, além de não ter participado de boa parte das Eliminatórias para a Copa do Mundo, é zagueiro, portanto de função completamente diferente da do jogador cortado.

O ex-integrante da seleção Dragan Stojkovic considerou a atitude "escandalosa", e vários torcedores a chamaram de "uma vergonha" e de "nepotismo". O atacante do Getafe Veljko Paunovic, preterido na lista sérvia e montenegrina, também não se conformou com a escolha.

A entrada de Dusan na Sérvia lembra o caso da seleção croata, que também vai ao Mundial 2006, em que o treinador Zlatko Kranjcar foi duramente criticado por também chamar seu filho, Niko Kranjcar, para integrar a equipe e ainda mantê-lo como titular do meio-campo.

Porém, no caso croata, a situação é diferente: o jovem Niko, foi eleito o melhor jogador do país em 2004 e vem provando dentro de campo que merece estar na competição da Alemanha.