sábado, maio 05, 2007

Quando a vaidade entra em campo

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Henrique Moretti

Rodrigo Tiuí está longe de ser um craque. O atacante, de 22 anos, nunca conseguiu se firmar no Fluminense, clube que o revelou, e chamou a atenção do Santos, de Vanderlei Luxemburgo, após ter destaque no Paulistão 2006, atuando pelo Noroeste. Sua estada no time da Vila Belmiro, no mesmo ano, nunca agradou 100% à torcida. No entanto, Tiuí vinha tendo um bom desempenho nesta temporada, assumindo a titularidade no rápido ataque santista, ao lado de Marcos Aurélio.

Pedro, por sua vez, também nunca foi uma unanimidade. Tachado como boa promessa das categorias de base do Palmeiras, o lateral-direito, de 26 anos, acabou saindo queimado na péssima fase do alviverde, à época na Série B do Brasileirão. Ainda chegou a ser emprestado ao Vitória, retornando ao Parque Antártica e sendo dispensado em setembro passado. Foi contratado pelo Santos no início deste ano cercado de grande desconfiança, mas comprovou ser muito útil no decorrer do Campeonato Paulista, aproveitando-se da lesão de Denis, que era o titular da posição.

Apesar de todo esse destaque obtido ao decorrer da corrente temporada, Rodrigo Tiuí e Pedro não fazem mais parte do elenco do Santos. E pelo mesmo motivo: desavenças envolvendo o técnico Vanderlei Luxemburgo e Theodoro Fonseca, empresário dos atletas: segundo estes, o treinador afirmou que só os manteria no elenco se trocassem a assessoria de Theodoro pela de Ângelo Pimentel, procurador do também santista Rodrigo Tabata.

Para piorar, toda essa crise foi criada quando a equipe da Baixada começava a entrar na fase final da Taça Libertadores e a decidir o Campeonato Paulista. A situação do ataque santista ficou tão crítica que, na primeira partida da final contra o São Caetano, Luxa ficou sem opções, utilizando para o banco de reservas Moraes, que disputou apenas duas partidas com a camisa alvinegra. Para a lateral-direita a situação é tão ruim quanto, uma vez que Denis lesionou o joelho diante do Caracas, da Venezuela, em encontro válido pelas oitavas de final da competição sul-americana, e ficará de fora dos gramados até o final do ano. A opção, nesse setor, foi improvisar o jovem volante Dionísio.

Ao colocar suas desavenças com o empresário de Pedro e Tiuí acima, em grau de importância, das necessidades da equipe, o renomado Vanderlei Luxemburgo acabou prejudicando a equipe do Santos. A dispensa dos jogadores, como já comentado, pode ter interferido na provável conquista do Paulistão pelo São Caetano, e agora Luxa ficará sem eles nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, em que um elenco mais numeroso seria de vital importância para uma boa conciliação com o “mata-mata” da Libertadores.

Vale lembrar que não é a primeira vez que o treinador se desentende com atletas em momentos importantes – pelo Corinthians, brigou com Marcelinho Carioca às vésperas da final da Copa do Brasil 2001, perdida para o Grêmio. Também não é algo inédito se suspeitar do envolvimento de Luxemburgo com empresários – em 2006 vários jogadores do modesto Iraty, equipe de seu amigo Juan Figer, foram trazidos para a Vila Belmiro. Assim, fica a impressão, pelos lados da Baixada Santista, de que a vaidade de Vanderlei Luxemburgo entrou em campo, prevalecendo. E, nesse caso, quem perde não é outro senão o próprio Santos.


foto: AS

quarta-feira, maio 02, 2007

Desfalque que faz bem

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Henrique Moretti

Posso até estar sendo radical, mas no intervalo, ao fim e no decorrer da decisão do Campeonato Paulista, entre São Caetano e Santos, não consegui deixar de pensar que o desfalque de Canindé para o time do ABC não estava sendo sentido. E mais, a entrada de Ademir Sopa em seu lugar foi providencial para o placar ser construído do modo com que foi: um 2 a 0 sem grandes sustos.

Imaginar que um suposto desfalque acabou se tornando um trunfo de uma equipe qualquer, ainda mais quando a ausência refere-se a um dos principais jogadores do time parece de difícil aceitação, porém a entrada de Sopa deu um poder de marcação ao São Caetano a tal ponto que o assemelhou ao sistema defensivo montado pelo Bragantino, nas semifinais, contra o próprio Santos. Sistema esse que impediu o melhor ataque do campeonato de marcar, em 180 minutos jogados.

Analisando taticamente, o Azulão do técnico Dorival Júnior se caracterizou no Paulistão por atuar em um 4-4-2 “quadrado”, que contava sempre com dois volantes (Glaydson e Luís Alberto) e dois meias (Douglas e Canindé). Este, ex-jogador do próprio Santos, chegava ao ataque em alguns momentos como um terceiro atacante, enquanto Douglas, ex-Criciúma, fazia as vezes de um autêntico “camisa 10”, organizando a maioria das jogadas da equipe. Na parte defensiva, Thiago e Maurício se mostraram uma dupla segura, enquanto Paulo Sérgio é um lateral-direito que não compromete e não se lança muito ao ataque, deixando essa tarefa para o companheiro da esquerda, Triguinho, tecnicamente superior. O ataque, formado pelo rápido Luiz Henrique e a referência de área Somália, bem como a meta, defendida por um Luiz Silva que cresceu muito durante a competição, não mudaram.

Então, qual foi a transformação notada com a entrada de Sopa? A explicação: o jogador que se destacou na Série B 2006 pelo Avaí atuando de meia, entrou nesse domingo mais recuado, atuando como um terceiro volante pelo lado esquerdo, enquanto Galiardo (outro que substituía um desfalque, dessa vez de Glaydson) não comprometia mais à direita. No centro, atuando como um terceiro zagueiro do esquema do Bragantino, Luís Alberto.

Foi assim que Marcelo Veiga parou o Santos. E assim também que Dorival Júnior fez mais ainda. A diferença? Enquanto o primeiro contou com uma grande disposição em um time tecnicamente limitado, o segundo tem material humano em mãos para agredir o Santos, especialmente nos contra-ataques.

Para a segunda partida, parecem bem prováveis as entradas de Glaydson e de Canindé, o personagem desta coluna. Nada mais justo: com uma boa vantagem já construída, o ex-santista será importantíssimo em suas escapadas pela esquerda do gramado. Ao mesmo tempo, Ademir Sopa talvez nem precise comparecer ao estádio do Morumbi no próximo fim-de-semana, às 4h da tarde. Afinal, o volante-meia já fez sua parte.


(1)Canindé na segunda semifinal contra o São Paulo: foto FOLHA
(2)Ademir Sopa na marcação de Rodrigo Tabata: foto REUTERS

terça-feira, maio 01, 2007

Super tira-teima entre Federer e Nadal

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Henrique Moretti


De um lado da quadra o Rei da Grama, o suíço Roger Federer. Do outro lado o Rei do Saibro, o espanhol Rafael Nadal. Até aí nada de mais. Entretanto, acredite você, essa tal quadra não é comum, sendo que um lado dela será de relva e o outro de terra batida.

Em iniciativa histórica, a agência publicitária Del Campo Saatchi & Saatchi convidou os dois maiores tenistas da atualidade para uma partida com dois tipos de pisos diferentes, a ser realizada em ginásio coberto para 7 mil pessoas em Palma de Mallorca, na Espanha. O grande duelo já tem até nome: “batalha das superfícies”.

Roger Federer, 25 anos, é atual tetracampeão de Wimbledon, o Grand Slam da grama, além de já ter conquistado outros quatro títulos nesse tipo de piso, todos em Halle. Está invicto a 48 partidas na relva e lidera o ranking de entradas da ATP desde 2004. Ostenta 47 títulos na carreira e o recorde no número de Masters Series conquistados (12). É também o atual tricampeão do US Open e bicampeão do Australian Open, disputados em superfície sintética. Já venceu 10 Grand Slams, marca só menor que a do norte-americano Pete Sampras, considerado por muitos o maior tenista da história até o surgimento do suíço, que possui 14 títulos desse escalão. Na terra batida, foi vice-campeão de Roland Garros em 2006, perdendo a final para Rafa.

Rafael Nadal, 20 anos, é atual bicampeão de Roland Garros, o Grand Slam do saibro, além de já ter conquistado outros 13 títulos nessa superfície, sendo cinco Masters Series (Monte Carlo, três vezes, e Roma, duas). Ostenta outras três conquistas desse porte, em piso rápido, e é o atual líder da Corrida dos Campeões da ATP, ranking que só leva em conta os resultados da temporada corrente, à frente justamente de Federer. Na grama, foi vice-campeão de Wimbledon em 2006, sendo derrotado na final pelo próprio suíço.

No confronto direto a vantagem é de Nadal, que venceu sete dos dez duelos realizados até aqui. Desses, metade foram realizados no saibro, todos vencidos pelo espanhol, incluindo o mais recente, em Monte Carlo, há duas semanas (duplo 6-4). Na grama, um confronto até aqui disputado, com vitória de Federer na final de Wimbledon (6-0 7-6(5) 6-7(2) 6-3). Os outros quatro embates aconteceram em piso duro.

Com o atrativo de juntar os dois maiores tenistas da atualidade nas quadras em que obtêm seus melhores resultados e são considerados imbatíveis, a “Batalha das superfícies” tem tudo para ser um grande evento, que chamará muito a atenção no mundo do tênis. A partida será disputada em melhor de três sets, com os jogadores trocando de calçados durante as trocas de lado – para se jogar na grama são usados tênis especiais, com pequenas travas. A transmissão está garantida por parte do canal pago SPORTV, que a anuncia, ao vivo, para a próxima quarta-feira, dia 2, às 11 horas.

Nadal terá a vantagem de jogar em casa, já que reside e nasceu na região de Palma de Mallorca. Sendo assim, que seja dada a “largada” para o histórico jogo. Façam suas apostas. Quem vence o super tira-teima entre o número 1 e o número 2 do mundo?


Imagem: cartaz promocional do evento
Foto da quadra mista: Terra

domingo, abril 29, 2007

Popó cai pela segunda vez

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Henrique Moretti

Acelino “Popó” Freitas acenou com a aposentadoria. Mais: acabou decretando-a há pouco tempo. Resolveu voltar aos ringues pelo sonho de poder disputar o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (CMB). Porém, na no primeiro desafio que poderia lhe render o direito de lutar pelo sonhado título, o pugilista peso-leve falhou e perdeu a chance de realizar novamente uma unificação – campeão pela Organização Mundial de Boxe (OMB), enfrentou o mexicano naturalizado norte-americano Juan Diaz, detentor do cinturão pela Associação Mundial de Boxe (AMB).

O baiano, que não lutava há praticamente um ano, desde que recuperou o cinturão da OMB batendo Zahir Raheem por pontos, pareceu sentir a falta de ritmo e a juventude do adversário, 9 anos mais jovem. Pior: a estratégia ofensiva de Diaz, conhecido por “El Torito”, surpreendeu Popó, que esperava um combatente mais cauteloso, pelo menos nos primeiros assaltos. Essa estratégia “suicida” do norte-americano lembrou a adotada por Diego Corrales, até então único boxeador a bater Popó na luta que tirou do brasileiro o título dos leves pela OMB em 2004, após nocaute técnico.

Nesse sábado, Acelino Freitas foi totalmente dominado por Juan Diaz, chegando a acusar os duros golpes do norte-americano por várias vezes até abandonar a luta no final do oitavo assalto, chegando assim à sua segunda derrota na carreira, contra 38 vitórias (32 por nocaute) e quatro títulos mundiais (dois na categoria super-pena e dois na leve). “El Torito”, por sua vez, garantiu a unificação dos cinturões e manteve-se invicto, ostentando um cartel de 32 vitórias, sendo seis delas em defesa de título, e nenhuma derrota.


foto: Terra