sexta-feira, janeiro 13, 2006

Se arrependimento matasse...

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Leandro Alarcon

E o Luis Fabiano quer voltar. O ex-atacante do São Paulo de 25 anos, declarou ao jornal de esportes espanhol “Marca”, na última terça-feira, que pretende voltar ao futebol brasileiro, o jogador, que só fez dois jogos seguidos pelo Sevilla, admitiu não ter conseguido se adaptar ao futebol europeu e que não está contente no clube.

Mesmo depois de pedir desculpas à torcida, as declarações do jogador fazem lembrar uma antiga discussão, até quando ou quanto vale a pena se transferir para o futebol europeu. Luis Fabiano foi o principal artilheiro do São Paulo entre 2001 e 2004, quando se transferiu para o Porto e de lá foi emprestado ao Sevilla da Espanha. Os dois clubes são tradicionais e visados pela mídia, mas o jogador acabou caindo no esquecimento do torcedor.

Quando atuava no tricolor paulista, o jogador era tido como grande promessa para fazer parte do grupo que vai a Copa da Alemanha, enquanto hoje sua presença no mundial é improvável. Além de Luis Fabiano, outros atletas tiveram a carreira dificultada ao irem jogar fora do país.

A vontade de ganhar euros, além da promessa de um futebol bem organizado, leva jogadores e empresários a fechar negócios que poderiam ser até mais lucrativos se não fossem concluídos com tanta pressa. Bom exemplo disso é o jogador Diego, que em 2002 fez uma ótima parceria com Robinho no Santos, os “meninos da Vila”, como eram chamados, foram fundamentais para a conquista do Brasileiro daquele ano. Porém, ao tratarem de suas carreiras seguiram caminhos diferentes.

Diego achou melhor aproveitar a boa fase e em 2004 aceitou a primeira proposta da Europa que recebeu - do Porto. Resultado, um gol em 15 jogos, além de amargar o banco de reservas. Hoje suas chances de ir à Copa também são pequenas. Já Robinho teve paciência e permaneceu no futebol brasileiro, onde continuou chamando atenção da mídia. O que aconteceu com ele? Também conseguiu contrato na Europa – um bom contrato, diga-se de passagem - e ninguém tem dúvidas se ele vai para a Copa do Mundo.

É claro que é muito fácil falar agora que tudo já aconteceu e está encaminhado, mas basta olhar um pouco para o passado e perceber que não é primeira vez que promessas são perdidas e nunca mais encontradas, como é o caso de França, Marcelinho Carioca, Vampeta...

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Estaduais 2006: Começando tudo de novo

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Pedro Galindo

Janeiro, tempo de praia, lazer e, sobretudo, férias. Mas também é o mês em que os jogadores de futebol voltam a trabalhar, o mês em que começam todos os estaduais – que já foram muito mais importantes outrora. E com os estaduais vêm também as contratações, novos treinadores, e várias novidades na maioria dos times.

Nos principais campeonatos do Brasil, o Carioca e o Paulista, muitas novidades, principalmente no Paulistão. O Santos foi o que trouxe mais reforços (era, talvez, o time mais fraco dos grandes). O excelente volante chileno Maldonado e o goleiro Fábio Costa foram as principais, junto com o atacante Reinaldo, ex-São Paulo. No Palmeiras, algumas contratações de relativo peso: o lateral-artilheiro Paulo Baier, ex-Goiás, e o “Animal” Edmundo foram as que mais chamaram a atenção. Já Corinthians e São Paulo (atual campeão) trouxeram poucos nomes: o atacante Rafael Moura, ex-Paysandu, e Xavier, ex-volante do Vitória, da Bahia, reforçam o alvinegro, enquanto o campeão mundial trouxe apenas o meia Rodrigo Fabri, apesar de ainda procurar um substituto para Cicinho. Um destaque também para o São Caetano, que trouxe de volta Adhemar, maior artilheiro da história do clube, e tem tudo para trazer o meia Rosembrick, que foi destaque da Série B de 2005 pelo Santa Cruz.

Já no Rio de Janeiro, poucas novidades. O Vasco trouxe os meias Fábio Baiano, ex-Flamengo e Corinthians, Ramon, que estava no Botafogo, e o lateral Léo Inácio, ex-Flamengo. No rival vermelho e preto, algumas contratações de expressão: Ronaldo Angelim, bom zagueiro ex-Fortaleza, e os ex-Fluminense Juan e Toró. No Botafogo, o meia Lúcio Flávio, ex-Paraná e Coxa, e o lateral Neném são os únicos reforços de renome. Nas Laranjeiras, chegaram alguns bons jogadores. Os laterais Rogério, ex-Corinthians, e Jean, que estava no Feyenoord, chegam para substituir os do ano passado. Junto com o goleiro Diego, ex-Atlético Paranaense, são as principais contratações do “Flu" (na imagem levantando a taça do ano passado) para a temporada.

Em Belo Horizonte também foi formado um grande elenco: o Cruzeiro. No ano do aniversário de 85 anos do clube, o presidente Alvimar Perrela decidiu soltar o dinheiro e trazer reforços de peso. A “Raposa” trouxe os atacantes Araújo, que segundo a IFFHS foi o maior artilheiro do mundo em 2005 (33 gols em 33 jogos pelo Gamba Osaka, do Japão), Élber, que fez história no futebol alemão, e o habilidoso Gil, ex-Corinthians. Trouxe também o volante Jonílson, depois de uma complicada negociação com o Botafogo. Além de todos esses reforços, o Cruzeiro ainda conseguiu manter a maioria dos seus jogadores da última temporada (apenas três do time titular saíram), o que o torna um potencial candidato às conquistas importantes de 2006.

Apesar de terem perdido muita importância nos últimos anos, devido à sua baixa rentabilidade, os campeonatos estaduais ainda são um bom teste para os clubes, que aproveitam para avaliar se seus plantéis são suficientes para o restante da temporada. Alguns deles já começaram, como os campeonatos pernambucano, baiano, cearense e goiano, e tiveram grandes jogos: já na abertura do campeonato goiano aconteceu o maior clássico local, entre Goiás e Vila Nova. O time rubro ganhou por 3x0, causando preocupação ao treinador do time alviverde Geninho.

Outra grande vantagem dos estaduais – e, talvez, o principal motivo pelo qual eles existem até hoje – é sua capacidade de manter as rivalidades locais acesas. Uma excelente alternativa ao prejuízo dos estaduais seria a volta dos bem-sucedidos campeonatos regionais, que fez sucesso em todas as regiões do Brasil, empolgando a todos, levando gente aos estádios e, principalmente, dando renda aos falidos clubes brasileiros. Porém, apesar de todos esses empecilhos, a expectativa é que tenhamos excelentes campeonatos estaduais, com um bom nível técnico e, principalmente, diversão a todos os amantes do futebol.


terça-feira, janeiro 10, 2006

Mercado Europeu de Inverno

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Henrique Moretti


Chegando ao início de mais um ano, como todos sabem os clubes europeus vão às compras mais uma vez. Porém, via de regra essa janela que se abre na Europa entre o fim do turno e o início do returno dos campeonatos nacionais é apenas para reparos.

Poucas contratações foram realizadas, sendo a que talvez mais chamou atenção foi a compra do bom lateral-direito holandês Jan Kromkamp pelo Liverpool (ao lado em sua apresentação), em troca do espanhol Josemi (de mesma posição), que seguiu rumo ao Villareal – a equipe do submarino amarelo recebeu também uma quantia em dinheiro.

Esta parece ter sido uma excelente sacada do técnico dos Reds Rafa Benitez, pois na atual safra mundial não há muitos bons jogadores da posição, e Kromkamp é um dos únicos. Mesmo sendo um pouco desconhecido do grande público, o lateral é presença praticamente certa na equipe titular da Holanda para a Copa 2006.

Outras aquisições importantes foram a do italiano Antonio Cassano (posando com sua camisa 19), que saiu da Roma, onde estava em litígio, em direção ao Real Madrid (que parece não se cansar de contratar atacantes). O avante que se destacou na EURO 2004 foi comprado pelo time da capital italiana por 30 milhões de euros há poucos anos e vendido hoje por apenas 1/6 disso, tudo porque o seu contrato estava para acabar em Junho. Cicinho, que já estava acertado com o clube merengue, também apresentou-se.

Outro atacante italiano que mudou de país foi o decadente Christian Vieri, que trocou o Milan, onde não fez grande coisa, pelo francês Mônaco. Com a mudança, Vieri pretende poder jogar regularmente visando uma vaga na Azzurra que vai ao Mundial da Alemanha.

Contratações menos bombásticas, porém boas, fez o Manchester United, trazendo o zagueiro Vidic, titular da seleção de Sérvia e Montenegro, por surpreendentes 7 milhões de euros, e o bom lateral francês Evra, que veio do Mônaco para substituir o lesionado argentino Heinze. A equipe de Alex Fergunson parece estar mais preocupada com a próxima temporada, já que foi eliminada precocemente da Copa dos Campeões e vencer a Premier League é tarefa quase impossível.

No sempre badalado Chelsea, apenas uma aquisição. E por empréstimo. Foi a do volante português Maniche (foto ao lado), xodó do técnico Jose Mourinho, que já o treinou em duas oportunidades. Maniche estava no Dinamo de Moscou, da Rússia, e foi trazido para cobrir a brexa que Essien deixará quando estiver na disputa da Copa da África, no fim do mês de Janeiro.

As contratações de menos peso foram na Espanha a do brasileiro Robert, pelo Betis, por empréstimo junto ao PSV, para substituir temporariamente o machucado Ricardo Oliveira; em Portugal as do meia francês Robert, do goleiro brasileiro Moretto e do meia Manduca (destaques do primeiro turno da Superliga), todas realizadas pelo Benfica. Na Itália, Palermo e Parma trocaram seus goleiros Guardalben e Luppatelli por empréstimo até o meio do ano. Ainda o inglês Portsmouth trouxe o atacante naturalizado polonês Olisadebe do Panathinaikos.

Assim, especulações não faltaram e ainda chamam a atenção circulando na mídia européia, porém de realmente concreto a janela de início de 2006 só apresentou esses nomes. Alguns clubes vão se acertando para o fim da temporada ainda pensando em títulos, outros já pensam no início da próxima, quando aí sim transferências de peso devem acontecer, inclusive com a já tradicional debandada dos jovens talentos brasileiros ao Velho Continente.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Um 2006 de Futebol e Paz

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Christian Avgoustopoulos

Pois é, estamos em 2006. Nosso centenário esporte vem ganhando força a cada ano que passa. Mais do que um esporte, jogo ou simples entretenimento, o futebol vem se consolidando como um dos mais significativos fatores humanos que nossos recentes antepassados nos deixaram como legado.

Desde uma simples brincadeira com os filhos no quintal de casa à uma Copa do Mundo, a magia e atração do futebol são inegáveis e superam muitas vezes fatores históricos de maior relevância em nossa sociedade, como por exemplo política e religião. E estamos agora iniciando mais um ano, mais batalhas por vir, mais espetáculos a serem oferecidos para nós pelos heróis da bola, pelos incansáveis atletas, sejam de raça ou de técnica, goleiros ou centroavantes, veteranos ou juvenis. E o segredo desse esporte é justamente essa aglutinação. A mistura desses fatores leva ao equilíbrio, à variedade, a algo mais do que o arroz com feijão, ou até mesmo (e por que não?) a sublime simplicidade do arroz com feijão

Já na Europa o ano está recomeçando. Mercado de reparo em janeiro, contratações apenas para ajustar pequenas deficiências de cada equipe. Fase final de Copa dos Campeões, segundo turno dos campeonatos nacionais. E ao meio do ano, o momento do clímax. Mais uma vez veremos uma grande massa de pessoas em sintonia num mesmo foco. Sim, que venha a Copa! Mais uma vez teremos a chance de ver as melhores seleções do mundo peleando com sua bandeira no peito em busca da mais fascinante competição que temos no mundo. Coisa linda! Uma guerra branca, sem armas, sem politicagem, sem alianças e conspirações. E cada um de nós estará representado pelos 23 jogadores convocados de cada país, que estarão em campo tentando superar seus limites e encher de orgulho seu povo. Quem dera se o mundo só visse o nacionalismo e a auto-afirmação dos povos apenas nos esportes, nas danças, nas festas.

E a sociedade também sobrevive e tenta se fortalecer neste novo ano que chega. A humanidade também está enfrentando uma grande e difícil partida. E essa partida é contra a fome, a guerra, o racismo, a desigualdade, a injustiça. Será que esse time é tão forte assim para nos deter? Talvez um esquema tático pudesse nos ajudar a vencer esse jogo. Ao invés de um 4-4-2 ou um 3-5-2, que tal um 6 bilhões unido e solidário? Talvez lembrando o carrossel de Rinus Michels, com todos atuando em todas as posições que podem, fazendo o seu melhor, sempre com alegria e muita determinação. Que a habitual troca de camisas no final das partidas seja o maior exemplo de fraternidade para aqueles que talvez ainda não conheçam esse nobre sentimento, que sirva de lição para aqueles que por motivos imperialistas e tiranos fazem coisas que tiram um pouco do brilho que nossa vida deve ter.

Sim, mais um ano chega. Novos atletas estão surgindo, veteranos vão cedendo o seu lugar a eles. Opa, mas não é assim simples. Os novos tem que conquistar esse espaço, Romário que o diga. E quem assistiu a partida beneficente montada pelo Zico? Maradona, Zico, Dinamite...pena que o ciclo natural da vida lhes tire parte do vigor físico, porque é muito gratificante vê-los fazerem o que sabem. Longa vida a todos eles, que possam ensinar os mais jovens a serem melhores do que eles, e que sirvam de exemplo também na formação de nosso caráter.

E dessa maneira simples e bem sincera, de coração mesmo, desejo um excelente ano para todos nós. Que tenhamos boas histórias pra contar, boas ações a cumprir e bons jogos para apreciar

Finalizando, gostaria de tomar a liberdade de usar deste pequeno espacinho de texto para dedicar minhas singelas palavras ao meu querido Papú (avô em grego), que nos deixou no dia 29/12/2005. Tenho certeza de que ele foi convocado por Deus para uma partida muito mais importante lá em cima. Que os Deuses estejam contigo Papú!

domingo, janeiro 08, 2006

RUMO A 2006: Paraguai

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Henrique Moretti

Considerada por muitos a atual terceira força do futebol sul-americano, ultrapassando o tradicional Uruguai, o Paraguai completará em 2006 na Alemanha sua terceira participação consecutiva em Copas do Mundo.

De partida, a alta cúpula paraguaia esforçou-se para não cometer o mesmo erro do Mundial da Coréia-Japão, onde o treinador das Eliminatórias Sergio Markarían foi substituído às vésperas da competição pelo experiente italiano Cesare Maldini, aposta que desagradou aos atletas e frustrou as esperanças do Paraguai de ir mais longe daquela vez (eliminação nas oitavas, diante da Alemanha). Assim, o uruguaio Aníbal Ruiz, no cargo desde 2003, está confirmadíssimo para a Copa do Mundo.

Dentro das quatro linhas, a equipe que se tornou facilmente relacionada a veteranos da brilhante campanha na França 98 (eliminação nas oitavas diante dos donos da casa apenas no gol de ouro), como Jose Chilavert, Celso Ayala, Francisco Arce e Carlos Gamarra (abaixo, em ação na Copa 2002) já não é mais a mesma. Desses quatro ícones guaranis, apenas o último segue na seleção nacional. Esse que é conhecidíssimo da torcida brasileira, o sensacional zagueiro Gamarra não tem mais o preparo físico de outras épocas, porém ainda mostra no Palmeiras a elegância e lealdade que marcaram sua carreira, sendo capitão e peça chave do esquema de Aníbal Ruiz.

Esquema que começa com Villar sendo um bom substituto para o falastrão Chilavert, Nuñez ocupando a vaga que era de Arce e Cáceres, um dos únicos a se salvar da péssima campanha do Atlético-MG no último Brasileirão, formando o miolo de zaga com Gamarra.

No meio, o jovem Barreto, vice-campeão das Olimpíadas de Atenas, oferece proteção à defesa, enquanto Paredes, da italiana Reggina, e Acuña são os encarregados da criação para o rápido e novo atacante do Werder Bremen Nelson Haedo Valdez (foto acima, acompanhado de Villar), e para o ponto de referência da equipe, o centroavante Roque Santa Cruz, que pode ficar de fora do Mundial devido a uma séria contusão no joelho. Comissão técnica e torcida paraguaias esperam que os 6 meses previstos para a recuperação do atleta sejam diminuídos para ele estar apto em Junho. Sem o atacante do Bayern, a opção fica por conta do veterano Cardozo ou do veloz Cuevas, que se destacou classificando a seleção para a fase final da Copa 2002.

Além da inesperada baixa de seu goleador Santa Cruz, o Paraguai viu-se com mais problemas quando o sorteio da Copa foi realizado. O time guarani estará no complicado grupo B, ao lado de Inglaterra, Suécia e Trinidad & Tobago. Ingleses e suecos aparecem como franco-favoritos na chave, e apesar de toda disposição e garra que é característica dos paraguaios, a classificação para a Segunda Fase é improvável.

Contudo, os comandados de Ruiz esperam que o recente retrospecto de não voltar para a casa logo na fase inicial seja mantido, com uma nova classificação às oitavas, o que já ficaria de ótimo tamanho para a reformulada esquadra paraguaua.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1906
Afiliação à FIFA: 1921
Participações em Mundiais: 6 (1930, 1950, 1958, 1986, 1998, 2002)
Melhor Resultado: Oitavas de finais: (1998, 2002)
Última Copa: Oitavas de finais (2002)
Títulos Continentais: Bicampeão da Copa América (1953, 1979)
Ranking FIFA: 30º
Time-Base: Villar, Nuñez, Cáceres, Gamarra, Caniza; Ortíz, Barreto, Paredes, Acuña; Valdez e Cuevas (Santa Cruz)
Técnico: Aníbal Ruiz
Principal Estrela: Roque Santa Cruz (Bayern de Munique)
Formação: 4-4-2
Avaliação: ** (Em grupo difícil, briga por vaga à segunda fase)

FALTAM 152 DIAS PARA A COPA DO MUNDO 2006!
imagens: www.fifaworldcup.com