sexta-feira, agosto 03, 2007

Altos e baixos no Lyon

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Henrique Moretti

A temporada que se encerrou na França terminou de modo parecido com as cinco edições anteriores. O Lyon, equipe dos brasileiros Juninho Pernambucano, Fred, Caçapa, Cris e Fábio Santos, garantiu seu sexto título da história, todos conquistados de forma consecutiva, na maior hegemonia da história do futebol francês. Os lioneses não deram chance aos adversários desde o início do campeonato, encerrando o primeiro turno com 15 pontos de vantagem para o segundo colocado, na época o Lens. Tamanha vantagem não tinha como ser tirada na seqüência da competição, e nem a queda no rendimento da equipe, desgastada após ser eliminada nas oitavas da Copa dos Campeões da Europa contra a Roma, em casa, fez com que o caneco mudasse de mãos. Porém, a dramática eliminação trouxe problemas disciplinares, e jogadores como Caçapa, Fred e Diarra foram suspensos. O desgaste culminou no pedido de demissão do treinador Gerard Houllier, que estava há dois anos no cargo.

Ao final, a Ligue 1 terminou com o Olimpique de Marselha no segundo lugar, 17 pontos atrás do time campeão. Desse modo, o tradicional clube atingiu o objetivo de voltar a disputar a maior competição de clubes da Europa. Em terceiro, também com vaga garantida na Copa dos Campeões, ficou o Toulouse, apenas um ponto à frente de Rennes e Lens, que garantiram participação na próxima Copa da Uefa. Troyes, Sedan e Nantes caíram para a Ligue 2.

Os destaques da competição foram Malouda, que já deixou o Lyon rumando ao Chelsea, e Nasri, meia do Marselha que pode se transferir para o Real Madrid. De origem argelina, o jovem jogador é considerado o sucessor de Zinedine Zidane.

Se a hegemonia do Lyon no Campeonato Francês continua intacta, os problemas da equipe tiveram conseqüências nas Copas Nacionais. Na Copa da Liga, em que participam apenas equipes profissionais, os lioneses foram derrotados na final pelo Bordeaux, time que era dirigido por Ricardo Gomes, hoje no Mônaco.

Na Copa da França, que abriga inclusive clubes amadores, o clube supercampeão também decepcionou, caindo de forma precoce. Melhor para o Sochaux, que conquistou o torneio pela segunda vez em sua história, ao bater nos pênaltis o Olympique de Marselha, no Stade de France. O confronto, que encerrou um jejum de 70 anos do Sochaux e ainda lhe garantiu uma vaga na Copa da Uefa, havia acabado empatado por 2 a 2, após tempo normal e prorrogação. O herói da conquista foi o goleiro Richert, que defendeu duas penalidades.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Erros e acertos do Brasil nesta Copa América

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Luiz Mendes Junior


Não é segredo para o maior leigo em futebol que a seleção brasileira teve um pífio começo nessa competição, algo enfatizado em meu último post. Um time mal convocado e mal escalado que, diferentemente de 2006, conseguiu encontrar uma combinação competitiva e um conjunto na hora certa. Se tudo esteve a ponto de dar errado em diversas ocasiões neste torneio por vacilos do treinador e de alguns atletas, não podemos ignorar também seus méritos. O esforço e a aplicação tática de jogadores dedicados, inteligentes, capazes de elevar suas claras limitações técnicas ao limite máximo da eficiência. Se não ostentaram o talento diferenciado das estrelas ausentes, compensaram nos fundamentos que nelas sempre faltam, mostrando que é possível também vencermos pelo conjunto, pela tática, força física, estratégia, repetição e conhecimento do adversário. Fizemos domingo com a Argentina mais ou menos o que a França fez conosco em 2006. Fomos o antídoto contra o veneno deles. E nisso entram também, e muito, os méritos de um treinador que tem muito a aprender, mas já dá sinais de uma nova visão para nosso futebol. Não pense você que sou dos que imaginam um futuro sem Ronaldinho, Kaká ou mesmo Ronaldo. Precisamos e sempre precisaremos de estrelas. Todo time grande precisa, e Dunga não é idiota em achar que conseguirá manter uma seleção do nível desta que disputou a Copa América nas eliminatórias, seleção que só fez uma grande partida em todo o torneio, que dependeu de um penalty chutado na trave e outro com o goleiro absurdamente adiantado para seguir adiante e poder fazer sua despedida de gala.
Esta Copa América me alegrou por tudo de novo que Dunga e sua mentalidade poderão trazer ao Brasil, ainda que ele não permaneça no cargo até 2010, todavia, não podemos, como na copa das confederações de 2005, qualificar um elenco pela performance de uma partida, ou correremos o risco de tomar outra vez o susto da última Copa.
Triunfos como o do Internacional sobre o Barcelona ou o do Brasil B sobre a Argentina A acontecem quando se tem consciência da necessidade de conhecer seu adversário e elaborar métodos para neutralizá-lo, pensar no antídoto contra o jogo dele antes que se desenvolva o próprio jogo ofensivo. Quando se reconhece o poderio do oponente e as próprias limitações - E o Brasil, como qualquer outra seleção, sempre teve limitações, por mais estrelas que ostente em campo - minimiza-se a possibilidade de amargas surpresas pelo plano A ou B do adversário. Muitos cronistas, técnicos e torcedores insistem em avaliar futebol tendo uma mentalidade clássica como referência, onde técnica, criatividade e talento individual bastam para se ter um grande time. Jogar bem numa partida implica também em não deixar o outro jogar bem, em destruir a criatividade do outro para que se tenha um campo fértil onde fazer fluir a própria criatividade. Essa lição, freqüentemente esquecida por nossos entendidos dentro e fora das quatro linhas, é esporadicamente lembrada em momentos de crise ou quando estamos diante de um adversário reconhecidamente forte como a Argentina. Não é a toa que os vencemos 4 vezes nos cinco últimos confrontos, com direito a 3 "chocolates".



Texto também publicado no blog: http://www.noticiasdofront3.blogspot.com