sábado, fevereiro 18, 2006

RUMO A 2006: França

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Henrique Moretti


Campeã do Mundo em 1998. Campeã da Euro em 2000. Campeã da Copa das Confederações em 2001. Líder do Ranking FIFA por um ano. A França soube muito bem o que é estar no topo e o que é se manter nele por um bom espaço de tempo. Porém, os tempos áureos do esquadrão francês não duraram para sempre e a equipe favoritíssima para vencer a Copa do Mundo de 2002 decepcionou.

Às vésperas daquela fatídica competição, bastaram contusão e corte do meia Robert Pires e, já com o Mundial em andamento, lesão na perna do astro Zinedine Zidane (que acabou só participando da última partida, contra a Dinamarca, e no sacrifício) para que as pretensões franceses desandassem.

A história completa todos conhecem. Mesmo num grupo teoricamente tranqüilo, a França amargou duas derrotas, um empate e nenhum gol marcado. Um vexame difícil de ser esquecido.

Após a competição, coube a Jaques Santini juntar os cacos da desclassificação precoce no Oriente (o comando na época era de Roger Lemerre), e a equipe entrou na Euro 2004 em Portugal disposta a ganhá-la de qualquer forma. E não foi o que aconteceu.

Apesar de uma boa primeira fase, alcançando a primeira posição de um grupo que contava com a forte Inglaterra, os franceses acabaram eliminados pela até então modestíssima Grécia de forma melancólica.

Assim, entrou em cena o atual técnico dos Bleus, Raymond Domenech (ex-treinador do sub-20 francês), que viu-se diante de uma situação muito difícil de ser resolvida. A equipe não contava mais com o astro Zidane, além dos também importantes Lílian Thuram e Claude Makelele, todos acima da casa dos 30 anos e aposentados do futebol internacional.

E a seleção da França continuou sem solução. Até 3 de Agosto do ano passado, poucos, em sã consciência, poderiam apostar numa classificação francesa para a Copa da Alemanha. Afinal, o time somava apenas 10 pontos em seis jogos nas eliminatórias européias, disputando o passaporte à Alemanha palmo-a-palmo com Suíça, Israel e Irlanda.

Mas foi então que entrou em cena, novamente, Zinedine Zidane. O meia anunciou sua volta à seleção, e com ele vieram ainda Thuram e Makelele.

A equipe sentiu esses retornos imediatamente, conquistando dez dos últimos doze pontos disputados e garantindo a classificação como líder do grupo 4.

Já projetando o Mundial da Alemanha para os franceses, há no papel um excelente time, com vários jogadores de destaque no futebol internacional. O único porém é a idade elevada de alguns desses, como o goleiro Fabien Barthez, um dos heróis da conquista de 98, que hoje atua no Marseille e deve assistir do banco o bom Grégory Coupet, também "trintão", atuar. Na defesa, mais um veterano: Lilian Thuram. Mais jovens, Sagnol aparece na lateral-direita, e Gallas na esquerda. Boumsong, do Newcastle United, deve formar a linha principal de defesa com Thuram.

Para o meio-campo, dois grandes volantes. Makelele, do Chelsea, e Vieira, da Juve, formam uma dupla que não deixa a desejar a nenhuma seleção mundial. Na criação, o capitão Zidane, que pode ser acompanhado de Malouda, do Lyon, Giuly, do Barcelona, ou ainda Wiltord, atacante também do atual campeão francês, que já foi improvisado na posição. Há ainda outras opções da nova safra, como Diarra, Pedretti e Rothen.

No ataque, uma parceria mortal. Trezeguet e Henry já formam a linha de frente francesa há seis anos e estão mais que entrosados para fazer os gols necessários. No banco, Cissé, do Liverpool, Anelka, do Fenerbahçe, voltando à equipe depois de três anos de ausência, e ainda Govou, do Lyon, este com menos chances de ir ao Mundial, são grandes trunfos.

Tirando a dúvida no meio-campo, a França tem um verdadeiro esquadrão. Se Domenech deixasse de lado os problemas pessoais, Pires poderia ser essa solução, enquanto Silvestre e Ismael poderiam reforçar a defesa. Porém, devem ficar de fora, apesar de que o meia do Arsenal chegou recentemente a pedir desculpas publicamente ao treinador, juntando pequenas esperanças de participar da campanha francesa.

O grupo da França na Copa é o G, um dos mais tranqüilos da competição. Acompanhada de Suíça, companheira de eliminatórias, Coréia do Sul, que não tem mais o fator casa, e Togo, canditato a último colocado da Copa, a classificação gaulesa é praticamente certa. Num hipotético cruzamento para as oitavas-de-final, mais boas notícias. O Grupo H não parece assustar, com a incógnita Ucrânia e a desfalcada Espanha como possíveis adversários.

Portanto, o caminho francês parece traçado até, ao menos, às quartas-de-final. Isso se Domenech, que vem dando declarações de que só o título o interessa, conseguir levar bem a envelhecida equipe para a Alemanha e se Zidane, que vai se despedir da seleção após a Copa, estiver em boa forma. A irregular campanha nas eliminatórias prova o quanto o maior jogador francês desde Platini é importante para a equipe e seu estado físico, em Junho, será decisivo para as pretensões francesas de dar a volta por cima.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1919
Afiliação à FIFA: 1904
Participações em Mundiais: 11 (1930, 1934, 1938, 1954, 1958, 1966, 1978, 1982, 1986, 1998, 2002)
Melhor Resultado: Campeã (1998)
Última Copa: Primeira Fase (2002)
Campanha nas Eliminatórias: 1ª colocada do Grupo 4 da Zona Européia
Títulos Continentais: Bicampeã da Eurocopa (1984, 2000)
Ranking FIFA: 5º
Time-Base: Coupet, Sagnol, Thuram, Boumsong, Gallas; Makelele, Vieira, Malouda (Wiltord), Zidane; Trezeguet e Henry
Formação: 4-4-2
Técnico: Raymond Domenech
Principal Destaque: Zinedine Zidane (Real Madrid)
Avaliação: **** (Boas chances de título)

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