segunda-feira, junho 05, 2006

Justiça por linhas tortas

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Henrique Moretti

Na última quinta-feira o técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira teve que anunciar uma notícia que não agradou a ninguém.

Edmílson, volante/zagueiro do Barcelona e campeão do mundo pelo Brasil em 2002, foi cortado da equipe devido a uma lesão no menisco lateral do joelho direito.

Para seu lugar, Parreira de certa forma surpreendeu, chamando Mineiro, do São Paulo: o jogador de 30 anos era considerado zebra na disputa contra Renato, do Sevilla, e Julio Baptista, do Real Madrid, pelo maior número de aparições entre os listados dos dois “estrangeiros”.

De qualquer forma, a convocação de Mineiro é justa, e foi muito bem explicada por Parreira, que usou o fato de Renato e Julio Baptista já estarem no mínimo há duas semanas parados (a temporada européia se encerrou no dia 20 de maio), enquanto o jogador são-paulino está em plena atividade, inclusive participando da partida da última quarta-feira, diante do Fluminense, pelo Brasileirão. É claro que o modo como se deu a convocação não foi das mais alegres, como o próprio Mineiro observou em entrevista, mas ele se diz muito feliz.

Jogador extremamente discreto e avesso às badalações, Carlos Luciano da Silva, que na verdade é gaúcho de Porto Alegre (herdou o apelido de “Mineiro”, do irmão mais velho), iniciou sua carreira profissional no Rio Branco, de Americana, passando pelo Guarani e ganhando projeção na Ponte Preta, onde alcançou as semifinais do Paulistão e da Copa do Brasil em 2001. Transferiu-se para o São Caetano, conquistando o título estadual de 2004 e chegando, numa idade já avançada (29 anos), a um time grande, o São Paulo. Estreou pela Seleção em 2001, com Leão.

Taticamente, Parreira perde Edmílson, que era sua primeira opção para a reserva dos volantes Emerson e Zé Roberto, cargo que agora deve ficar com Gilberto Silva. Por outro lado, o treinador ganha um volante que pode tanto sair para o jogo com eficiência quanto grudar no principal jogador adversário, feito um “carrapato”.

Enfim, todos se lamentam pela saída do volante do Barcelona, principalmente pelo modo o qual ela se deu, e pelo grande esforço do atleta para alcançar tal vaga na seleção brasileira – Edmílson chegou a ficar 8 meses parado, por conta de outra contusão. Mas cortes fazem parte da rotina das seleções em preparação para uma Copa do Mundo, e como Romário em 98 e Emerson em 2002, Edmílson não poderá disputar a competição. Agora, a bola está nos pés de Mineiro.

Nepotismo?

Já Ilija Petkovic, técnico da seleção de Sérvia e Montenegro, convocou seu filho, Dusan Petkovic (ao lado), para o lugar do bom Mirko Vucinic, atacante que se lesionou durante a disputa do Campeonato Europeu Sub-21, pela própria Sérvia.

O detalhe é que Dusan, jogador de 32 anos do OFK Belgrado, além de não ter participado de boa parte das Eliminatórias para a Copa do Mundo, é zagueiro, portanto de função completamente diferente da do jogador cortado.

O ex-integrante da seleção Dragan Stojkovic considerou a atitude "escandalosa", e vários torcedores a chamaram de "uma vergonha" e de "nepotismo". O atacante do Getafe Veljko Paunovic, preterido na lista sérvia e montenegrina, também não se conformou com a escolha.

A entrada de Dusan na Sérvia lembra o caso da seleção croata, que também vai ao Mundial 2006, em que o treinador Zlatko Kranjcar foi duramente criticado por também chamar seu filho, Niko Kranjcar, para integrar a equipe e ainda mantê-lo como titular do meio-campo.

Porém, no caso croata, a situação é diferente: o jovem Niko, foi eleito o melhor jogador do país em 2004 e vem provando dentro de campo que merece estar na competição da Alemanha.

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