sexta-feira, junho 09, 2006

O maior espetáculo da Terra

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Alden Calviño

Faltando menos de uma semana para o início do maior espetáculo da Terra, a Copa do Mundo de futebol, os grandes apaixonados pelo esporte bretão já não conseguem mais manter os nervos no lugar.

O mundo todo já está de olho na Alemanha, palco da 18ª edição, e, segundo a imprensa esportiva, a edição que talvez seja a mais difícil e equilibrada dos últimos tempos.

Os grandes craques dos maiores clubes europeus e sul-americanos estarão presentes, e a grande ausência será a do camaronês Samuel Eto’o, estrela do Barcelona, que não conseguiu carimbar o passaporte para a Alemanha.

Talvez nunca uma Copa do Mundo apresentou um leque tão diversificado de grandes jogadores. Na Copa de 1994, tivemos grandes jogadores desfilando nos gramados norte-americanos, tais como, Diego Maradona, Romário, Hristo Stoichkov, Gheorghe Hagi, Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann, Roberto Baggio, Franco Baresi, Frank Rijkard, entre outros. Alguns em final de carreira, é verdade, mas que ainda demonstravam grande capacidade técnica e poder de decisão.

E nessa Copa, teremos um arsenal fantástico de jogadores, do calibre de Pavel Nedved, Andriy Shevchenko, Thierry Henry, Zlatan Ibrahimovic, Francesco Totti, Frank Lampard, Kaká, Ruud van Nistelrooy, Lionel Messi, e a grande estrela da atualidade, Ronaldinho Gaúcho.

Outro grande atrativo dessa Copa será a presença mais uma vez de Zinedine Zidane, grande astro da seleção francesa, que havia deixado a seleção, mas acabou retornando durante as Eliminatórias e levando os Blues a mais uma Copa, depois de muitas dificuldades antes de seu retorno. E essa será a última participação dele, para tristeza dos amantes do futebol arte, pois após a Copa ele encerra definitivamente sua brilhante carreira futebolística.

Outra prova de que essa Copa promete ser equilibrada, é o grande equilíbrio entre as seleções. No bloco das favoritas temos Brasil, Itália, Inglaterra, Argentina, França e a anfitriã Alemanha, que apesar de não contar com uma equipe tão forte como em outras Copas, terá o apoio de sua fanática torcida.

Nesse bloco, com exceção da Alemanha, o equilíbrio entre as seleções é incrivelmente igual, todas contam com grandes jogadores, que a qualquer momento podem decidir uma partida.

No bloco intermediário se encontra o que talvez seja o fiel da balança, são seleções que mostram times fortes, que podem realmente complicar e muito as seleções consideradas favoritas ao título e porque não até brigar pelo lugar mais alto.

Podemos destacar equipes como Holanda, Espanha, Portugal, Suécia, e a temida Rep.Tcheca (foto), 2ª colocada no ranking da Fifa, que promete um futebol vistoso e ousado.

Outras equipes nessa Copa merecem uma atenção especial, casos de Ucrânia do craque Shevchenko, da Suíça do ótimo zagueiro Senderos, a Polônia que fez uma grande campanha durante as Eliminatórias, e pretende reviver 1974, época em que o carequinha Lato aterrorizava as defesas adversárias.

Além de Croácia, 3ª colocada em 1998, e da Sérvia e Montenegro que sempre prezou pelo futebol bem jogado, ainda quando se chamava Iugoslávia.

Há também as seleções “emergentes”, como o México, que pela primeira vez na história é cabeça-de-chave, os EUA, os asiáticos Japão e Coréia do Sul, e o sul-americano Equador, em sua 2ª Copa consecutiva, que vem fazendo bons papéis nas Eliminatórias Sul-americanas. A grande pergunta em torno do Equador é: o time sabe jogar sem a altitude de Quito?

Essas seleções nos apresentam bons jogadores, que podem fazer a diferença numa partida. No Japão podemos destacar Nakamura e Nakata, já os sul-coreanos contam com o bom Park Ji-sung, jogador extremamente veloz e hábil.

O México conta com o bom zagueiro Rafa Márquez, além de alguns jogadores que vem se destacando em seus clubes, como Santiago Salcido e Ramoncito Morales, ídolo da torcida mexicana, mas que vem lutando por sua titularidade este ano.

Outras seleções são absolutamente incógnitas nessa Copa, como o Irã, que apesar de contar com Ali Karimi e Mehdi Mahdavikia, podem tanto surpreender em seu grupo como serem facilmente eliminados.

Guus Hiddink, dessa vez na Austrália, tenta algo parecido com o que fez com os sul-coreanos em 2002. Levar os australianos o mais longe possível, tarefa nada fácil, mesmo contando com a maioria dos jogadores atuando na Europa, e com o bom Harry Kewell, do Liverpool da Inglaterra.

Mas a maior incógnita nessa Copa talvez seja Costa do Marfim: a equipe realizou uma boa campanha na Copa da África esse ano, chegando à final e sendo derrotada pelo anfitrião Egito.

A equipe conta com Didier Drogba (abaixo), astro do Chelsea, além de Kolo Touré do Arsenal. Muitos acreditam que os Elefantes são os únicos representantes do continente da África que podem fazer uma boa campanha, mas não terão vida fácil na sua jornada, pois enfrentarão ninguém menos que Argentina, Holanda e Sérvia e Montenegro.

Mas os africanos têm por natureza a superação em suas veias, e ela pode ser extremamente útil na caminhada de Costa do Marfim.

Já Gana, equipe com a menor média de idade, possui alguns jogadores técnicos, e com a já habitual força física, mas nenhum deles no nível de Anthony Yeboah e Abedi Pelé, grande astro da seleção nos anos 90 e do Marseille.

Os ganeses apostam tudo em Michael Essien, Sthephen Appiah e Sammuel Kuffour, zagueiro da Roma, que por muitos anos atuou no Bayern de Munique.

Algumas seleções habituadas a disputar Copas do Mundo sabem que não terão vida fácil na Alemanha: são os casos de Paraguai e Tunísia.

O Paraguai vem para sua 3ª Copa consecutiva, mas sem a mesma esperança de sucesso dos outros anos. Mesclando experiência e juventude a torcida paraguaia, não acredita que a equipe possa sequer passar de fase.

A grande chance será arrancar um empate contra Inglaterra ou Suécia, e golear Trinidad & Tobago, e esse é o objetivo do time. Carlos Gamarra, Roque Santa Cruz, Julio dos Santos são as armas do técnico Aníbal Ruiz.

A Tunísia é outra seleção que chega novamente desacreditada em uma Copa. Não pelo time, que nem é tão fraco como em anos anteriores, mas pelo difícil grupo em que caíram. Ucrânia e Espanha ainda são equipes superiores aos tunisianos, mas a fanática torcida acredita que o brasileiro Francileudo dos Santos possa levá-los as oitavas de final, tarefa difícil, mas não impossível para as Águias de Cartago, como é carinhosamente chamada a seleção.

E como é de praxe, depois que a Fifa aumentou o número de seleções de 24 para 32 seleções, neste ano, contaremos com várias equipes frágeis e debutantes.

Algumas como a Arábia Saudita e a Costa Rica, contam com participações em outras edições.

O jovem Noor do Al-Ittihad é uma esperança para os sauditas, um jogador muito ágil, e de bom drible. Além é claro dos eternos Sami-Al Jaber e Al-Deayea, que participam provavelmente da última Copa.

A Costa Rica, comandado pelo brasileiro Alexandre Guimarães, sonha em repetir o feito de 1990, quando ainda jogador, conseguiu a façanha de eliminar Suécia e Escócia. O grupo não é dos mais complicados, Equador e Polônia não são adversários imbatíveis, e o clima na Costa Rica é de extremo entusiasmo.

Paulo Wanchope e Gilberto Martinez são os destaques da equipe que não sabem jogar defensivamente, e abusam do toque de bola e do jogo ofensivo. Os jogos da Costa Rica prometem gols, muitos gols, tanto a favor quanto contra.

E por fim as seleções que provavelmente irão com outros objetivos traçados. A jovem equipe do Togo (foto) conta com apenas um jogador capaz de intimidar os adversários, o grandalhão Emmanuel Adebayor do Arsenal, muito pouco contra equipes do nível de França, Suíça e Coréia do Sul.

A pequena ilha de Trinidad & Tobago está em festa. Desde a classificação obtida diante de Bahrein, a torcida não vê a hora de poder ver seus jogadores atuando em solo alemão. Sim, eles estão cientes de que sua equipe não tem a pretensão de passar de fase. Um ponto já será motivo de comemoração, e se não forem goleados em todos os jogos a festa será maior ainda.

A expectativa dos adversários e do público em geral é saber se o artilheiro da Copa sairá nos confrontos contra Trinidad, tamanha fragilidade de sua defesa. Dwight Yorke é o grande astro da seleção, ele que por um tempo foi um dos bons nomes do Manchester United, no final da década de 90.

Angola, que até 30 anos atrás ainda era colônia portuguesa, com certeza terá a torcida de muitos países, e ela tem tudo para ganhar a simpatia de todos, devido à alegria e irreverência de seu povo. Seus jogadores na grande maioria atuam na 2º divisão de Portugal, demonstrando o baixo nível técnico da equipe. O que ninguém ainda entende é como eles conseguiram eliminar os nigerianos nas Eliminatórias Africanas.

A curiosidade de Angola fica por conta dos nomes de seus jogadores. Nomes incomuns e de certa forma engraçados para nós brasileiros, como Love, Zé Kalanga, Loco e talvez o mais curioso: Lebo-Lebo.

Mas o destino reservou para estes jogadores algo que talvez eles jamais tivessem imaginado em suas vidas: enfrentar Portugal, logo na 1ª partida. Esse jogo para os angolanos é mais que uma partida, envolve sentimentos políticos, civis e familiares. Resta saber se esses sentimentos podem levar os angolanos a algum lugar de destaque. Mas não será uma tarefa fácil, aliás, será muito complicada.

As cartas estão na mesa, a sorte está lançada. Tudo o que dissermos aqui pode cair por terra logo depois da 1ª rodada.

Mas isso pouco importa. O que realmente importa é se teremos uma Copa tão brilhante como de 1994, ou uma Copa tão decepcionante quanto 1990, onde o pragmatismo das seleções imperou.

Que os deuses do futebol nos encham de gols, que possamos ter uma Copa de alto nível técnico, tático, mas acima de tudo, uma Copa de respeito ao próximo, de paz, afinal no maior espetáculo da Terra, não há espaço para o racismo, ideologias neonazistas, atos terroristas.

E que venha a Copa!

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