sábado, dezembro 17, 2005

Liverpool x São Paulo: Análise da final

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Pedro Galindo


Nesse domingo, a partir das 8h da manhã, será definido o segundo Mundial de Clubes da FIFA, que começou no domingo passado. A final, ratificando o previsto, será entre São Paulo e Liverpool. O primeiro, chegou a essa fase do curto torneio depois de uma vitória apertada sobre o Al Ittihad, da Arábia Saudita, por 3x2. Já o time inglês venceu o Deportivo Saprissa, da Costa Rica, sem dificuldades, pelo placar de 3x0.

Cada equipe tem os seus trunfos: os dois times contam com os artilheiros da competição: Amoroso, pelo São Paulo, e o grandalhão Peter Crouch, pelos ‘Reds’, ambos com dois gols (empatados também com o atacante Noor, do Al Ittihad). No meio-campo, os dois também têm bons jogadores, como Josué e Mineiro, do time paulista, que formam uma grande dupla de volantes. Nesse setor, o Liverpool parece ter mais qualidade: tem dois meias marcadores de altíssima qualidade, o francês Sissoko, considerado o “novo Vieira”, e o jogador da seleção espanhola Xabi Alonso. Conta também com dois armadores de nível mundial: Luís Garcia, também da "Fúria", e o craque inglês Steven Gerrard. Apesar da superioridade britânica na meia-cancha, essa partida promete um jogo enrolado no meio, visto que o São Paulo joga com um homem a mais nesse setor (3-5-2) – além do fato de que o futebol inglês há tempos não é mais apenas aquele do lançamento e do “chutão pra frente”.

O Liverpool joga num esquema típico do futebol inglês: um 4-4-2 clássico, com dois volantes e dois armadores. Nesse esquema, o sistema defensivo fica fixo, com poucas subidas dos laterais ao ataque (a regra vale mais para Finnan do que Riise). Também é comum o uso freqüente da linha de impedimento – que no futebol europeu geralmente funciona, devido à grande inteligência tática dos defensores do Velho Continente. Essa tática também tem como característica a confiança plena nos dois ‘playmakers’ (no caso, Luis Garcia e, principalmente, Gerrard), que têm grande liberdade para criar, e dois pontas-de-lança típicos, à moda antiga, de preferência altos e trombadores. Apenas ultimamente atacantes modernos, que se posicionam à entrada da área, têm tido chances no futebol inglês, como por exemplo Milan Baros, ex-Liverpool e Cissé, não jogando tão presos à grande área. Esse modo de jogar da equipe inglesa tem trazido muitos frutos: uma incrível estabilidade no seu sistema defensivo, mostrada principalmente nos últimos jogos – número de partidas em que o time da terra dos Beatles não sofre gols. Essa incrível marca de sua defesa, juntada à competência de seu ataque, tem trazido ao time resultados excelentes.

Já o tricolor paulista, teve um grande começo de ano, o que pode ter levado a equipe a um enorme relaxamento em relação ao campeonato brasileiro. O time terminou na modesta – pelo menos para um campeão da Libertadores – décima primeira posição, atrás de algumas equipes que, no começo do campeonato, foram apontadas como inferiores, apesar de ter um dos mais fortes times daquela competição (talvez o mais forte).

O treinador do São Paulo, Paulo Autuori, já declarou várias vezes que prefere escalar o time em um 4-4-2. Porém, como ele assumiu o time depois de uma brilhante estadia no Morumbi de Emerson Leão (que escalava o time num 3-5-2 altamente estável, em que ele conseguia tirar o máximo desempenho de todos os jogadores), foi "forçado" a prosseguir utilizando o esquema de Leão, apesar de às vezes tentar fazer sua própria tática. Mas o time demonstrou que joga muito melhor sob o antigo padrão, o que levou o atual treinador a não arriscar e, na estréia do Mundial, tentar fazer o time render o máximo possível, usando o velho esquema.

Esse sistema, apesar de ser rigorosamente o mesmo de Émerson Leão, não parece funcionar da mesma forma sólida do começo do ano. Para provar isso, basta observar um exemplo recente: na semifinal do Mundial, contra o Al Ittihad, foi suficiente apenas o técnico adversário colocar três atacantes em campo para acabar com a sobra da defesa são-paulina e deixar um zagueiro por atacante, o que acabou complicando-a. Isso significa que, se Rafa Benítez, treinador do Liverpool, resolver escalar o polivalente Luis Garcia um pouco mais avançado, como um atacante, o esquema de Autuori pode ruir. Nas outras posições, esse sistema de jogo deve ser suficiente para conter os ‘Reds’. O avanço dos alas é a grande arma tricolor. São dois excelentes atletas, ambos com passagem pela seleção brasileira. A zaga é uma das melhores do Brasil, mas vai ter que suar para segurar o gigante Crouch e o ultra-rápido Cissé.

A final do Mundial de Clubes da FIFA, pelo menos até agora, parece que será definida em detalhes. Ambos os times têm, no geral, boa qualidade, embora o inglês pareça ter um pouco mais. Mas o que pode determinar o resultado é a confiança de cada equipe. O Liverpool, além do fato de ter uma origem mais, digamos, “nobre”, e ter mais jogadores reconhecidos internacionalmente, ainda tem a seu favor a facilidade com que venceu o Saprissa, e o jogo apertado que foi o duelo do São Paulo. Isso deu muita moral aos britânicos, que já chegarão com confiança mais que suficiente para bater o tricolor (vide declarações recentes de Gerrard). Tudo indica que teremos um grande jogo, com todos os ingredientes de uma verdadeira final.

créditos: www.fifa.com

Um comentário:

C. Avgoustopoulos disse...

Mto boa analise...se eu tivesse que apostar alguns trocados, investiria minha grana no time da terra dos beatles...domingo a gte sabe se eu ficaria mais rico ou mais pobre...ehehehe