E a Argentina caiu de novo
A partir da competição em solo italiano a sorte argentina não é mais a mesma. Em 1994, obtiveram a classificação apenas na repescagem, contra a Austrália (com direito a derrota por 5x0 ante a Colômbia, nas Eliminatórias). Assim mesmo, estrearam com a banca toda contra a Grécia, num 4x0 com bom futebol e que marcaria o último gol de Diego Maradona com a camisa albiceleste. Como todos sabem, Dieguito caiu ao ser pego no dopping e a seleção também não resistiu, quando nas oitavas nem os gols de Batistuta adiantaram para parar a Romênia, de Hagi: 3x2.
Para o Mundial da França, de
Na Copa de 2002 veio a maior decepção. A Argentina, de campanha impecável nas eliminatórias, apareceu como grande favorita ao título, junto à França. Ambas acabaram caindo ainda na primeira fase, e o time de Bielsa, que ainda tinha remanescentes de fracassos anteriores, como Batistuta, Caniggia e Veron, fez a torcida argentina chorar pela eliminação quando todos consideravam que aquela seria a grande chance. O grupo em que a seleção caiu também não ajudou: um dos mais difíceis da história das Copas, com Nigéria, Suécia e Inglaterra.
E agora, no Mundial da Alemanha, quando nossos vizinhos chegaram discretamente, de mansinho, e foram pouco a pouco construindo um favoritismo (chegando a encostar no Brasil nas casas de apostas), com boa vitória sobre as perigosos marfinenses, goleada sensacional de 6x0 sobre sérvios e virada no coração pra cima dos mexicanos.
Porém, novamente os argentinos sucumbiram, agora diante dos anfitriões alemães, numa partida muito disputada, em que até começaram bem, controlando o ímpeto inicial da Alemanha, que foi característico durante a competição. E ainda saíram ganhando, gol de Ayala, mas depois não souberam segurar o resultado. Pekerman efetuou substituições equivocadas e Klose empatou. A Argentina ainda teve o azar de perder o goleiro Abbondanzieri, machucado, quando o jogo ainda estava 0x0.
E nos pênaltis, o mesmo Ayala, talvez o melhor jogador argentino na Copa, desperdiçou a cobrança, como fez Cambiasso, fazendo com que a albiceleste voltasse pra casa mais cedo, de novo, ampliando o jejum de semifinais por mais quatro anos.
A verdade é que a Argentina parece estar vivendo uma “síndrome de Maradona”, como a que o Brasil viveu nas décadas seguintes à aposentadoria de Pelé, quando ficou por 24 anos sem títulos em Mundiais, de
“Los hermanos” têm bons jogadores, bom ambiente, união, torcida que participa e incentiva, técnicos renomados, mas não conseguem chegar ao ponto máximo do futebol mundial como feito quando puderam usufruir do talento de Dieguito. Talvez seja em 2010, quando com Messi mais maduro, e melhor aproveitado, a equipe encontre um substituo à altura do antigo ídolo.
Enquanto isso o povo argentino, fanático, chora por mais uma eliminação precoce de sua seleção.
A história das Copas do Mundo são marcadas por zebras. Nas competições mais recentes então, o aparecimento do mamífero listrado é mais constante ainda. Porém poucas vezes se viu uma surpresa com um futebol tão pobre quanto o da Ucrânia.
Shevchenko e seus companheiros foram a única seleção sem tradição a se infiltrar entre os oito primeiros da Copa 2006, onde todos os seis campeões mundiais participantes estiveram, mais Portugal, de Felipão.
Mas o futebol apresentado pelo país da ex-União Soviética não é digno de se figurar no rol dos oito mais de uma competição desse porte, já que em praticamente nenhum momento a Ucrânia apresentou alguma coisa, salvo no jogo contra a Arábia Saudita, quando goleou por 4x0. Mas, convenhamos, é a Arábia Saudita...
De resto, derrota acachapante sofrida para a Espanha, vitória polêmica diante da fraca Tunísia e triunfo nos pênaltis após um fraco 0x0 contra a Suíça.
O fato é que a Ucrânia chegou bem mais pela facilidade que apareceu em seu caminho do que por seus próprios méritos. É claro que os comandados de Oleg Blokhin não têm culpa disso, mas até então zebras como Turquia, Senegal, Croácia, Camarões e tantas outras mostraram bem mais futebol que os ucranianos.
Apesar de tudo, a estreante Ucrânia termina a campanha na Alemanha chegando já nas quartas-de-final, e o craque Shevchenko conseguiu deixar sua marca em redes de uma Copa do Mundo (duas vezes), mediante a outros grandes jogadores que nunca anotaram na maior competição do futebol do planeta, ou que sequer participaram dela. Valeu, Sheva!
Coluna também publicada em www.voleio.com
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