segunda-feira, maio 29, 2006

Não gostou do que viu? Desligue a televisão!

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Daniele Pechi

Há 11 dias para o início da Copa do mundo, vendo os treinos e toda a badalação em cima da seleção me lembrei de uma coisa muito importante: quais são os canais em que os brasileiros poderão ver os jogos mesmo?

Levando em consideração que os assinantes de TV a cabo são uma minoria absoluta, não existe outra opção: Poderemos ver na Globo, ou na Globo e também na Globo.

Mais uma vez a grande emissora tem a prioridade, monopoliza a Copa e os torcedores, que já estão acostumados com isso, nem se dão conta do quanto essa exclusividade não é nada saudável.

Os conservadores podem alegar que essa emissora é a mais bem preparada, que possui os melhores profissionais, os melhores equipamentos... Será?

Quanto aos equipamentos pode até ser, mas pelo que me consta, a transmissão de uma Copa é mundial, ou seja, é gerada para todas as emissoras das mesmas câmeras. Então este argumento não vale!

Com relação aos profissionais, faça você mesmo o teste! Pergunte por aí os 3 ou até mesmo os 5 melhores jornalistas esportivos e veja quantos “globais” aparecem na lista.

O mesmo problema acontece com a cobertura do Paulista e do Brasileiro. Os jogos menos importantes são repassados à Record, mas apenas duas emissoras para cobrir tantos campeonatos (simultâneos) é muito pouco. É fato que a Record se sujeita: enquanto a poderosa transmite a Libertadores, a subordinada fica com a Copa do Brasil.

Por que não buscar uma outra alternativa então?

O órgão que negocia os direitos de transmissão, o famoso Clube dos 13, se acomoda com a situação. Será que emissoras como a Bandeirantes ou o SBT, que transmitiu o Paulista em 2003 (se bem ou mal já é outra discussão), não tem grana nem interesse em comprar esses campeonatos?

A iniciativa de 2003 do SBT, que não foi muito bem sucedida, comprova que o problema não é bem esse!

É importante deixar bem claro que o principal objetivo deste texto não é criticar a Rede Globo, que independentemente de como tenha conseguido esses privilégios, tem os seus méritos. A crítica aqui vai para a forma de como as negociações são feitas.

Se um dia a Globo não quiser comprar os jogos, as outras emissoras querem, mas e se acontecesse o contrário? Se o Clube dos 13 não quisesse vendê-los à Globo? A livre concorrência poderia trazer números melhores para os clubes, ofertas mais altas poderiam surgir.

Outra solução viável seria fazer como acontece na Europa onde cada time negocia com a emissora que tem interesse por suas partidas e aí sim, adquire a exclusividade.

A situação de hoje não é interessante para ninguém pois quem perde é o jornalismo esportivo, que fica resumido a 2 ou 3 emissoras detentoras de imagens, perdem os profissionais da área que poderiam ser em maior número, perdem-se talentos e principalmente perdem os torcedores, que não tem liberdade de escolha. Pensando bem, até que tem: ou seja amigo da Rede Globo ou fique sem futebol, amigo!

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