quarta-feira, maio 02, 2007

Desfalque que faz bem

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Henrique Moretti

Posso até estar sendo radical, mas no intervalo, ao fim e no decorrer da decisão do Campeonato Paulista, entre São Caetano e Santos, não consegui deixar de pensar que o desfalque de Canindé para o time do ABC não estava sendo sentido. E mais, a entrada de Ademir Sopa em seu lugar foi providencial para o placar ser construído do modo com que foi: um 2 a 0 sem grandes sustos.

Imaginar que um suposto desfalque acabou se tornando um trunfo de uma equipe qualquer, ainda mais quando a ausência refere-se a um dos principais jogadores do time parece de difícil aceitação, porém a entrada de Sopa deu um poder de marcação ao São Caetano a tal ponto que o assemelhou ao sistema defensivo montado pelo Bragantino, nas semifinais, contra o próprio Santos. Sistema esse que impediu o melhor ataque do campeonato de marcar, em 180 minutos jogados.

Analisando taticamente, o Azulão do técnico Dorival Júnior se caracterizou no Paulistão por atuar em um 4-4-2 “quadrado”, que contava sempre com dois volantes (Glaydson e Luís Alberto) e dois meias (Douglas e Canindé). Este, ex-jogador do próprio Santos, chegava ao ataque em alguns momentos como um terceiro atacante, enquanto Douglas, ex-Criciúma, fazia as vezes de um autêntico “camisa 10”, organizando a maioria das jogadas da equipe. Na parte defensiva, Thiago e Maurício se mostraram uma dupla segura, enquanto Paulo Sérgio é um lateral-direito que não compromete e não se lança muito ao ataque, deixando essa tarefa para o companheiro da esquerda, Triguinho, tecnicamente superior. O ataque, formado pelo rápido Luiz Henrique e a referência de área Somália, bem como a meta, defendida por um Luiz Silva que cresceu muito durante a competição, não mudaram.

Então, qual foi a transformação notada com a entrada de Sopa? A explicação: o jogador que se destacou na Série B 2006 pelo Avaí atuando de meia, entrou nesse domingo mais recuado, atuando como um terceiro volante pelo lado esquerdo, enquanto Galiardo (outro que substituía um desfalque, dessa vez de Glaydson) não comprometia mais à direita. No centro, atuando como um terceiro zagueiro do esquema do Bragantino, Luís Alberto.

Foi assim que Marcelo Veiga parou o Santos. E assim também que Dorival Júnior fez mais ainda. A diferença? Enquanto o primeiro contou com uma grande disposição em um time tecnicamente limitado, o segundo tem material humano em mãos para agredir o Santos, especialmente nos contra-ataques.

Para a segunda partida, parecem bem prováveis as entradas de Glaydson e de Canindé, o personagem desta coluna. Nada mais justo: com uma boa vantagem já construída, o ex-santista será importantíssimo em suas escapadas pela esquerda do gramado. Ao mesmo tempo, Ademir Sopa talvez nem precise comparecer ao estádio do Morumbi no próximo fim-de-semana, às 4h da tarde. Afinal, o volante-meia já fez sua parte.


(1)Canindé na segunda semifinal contra o São Paulo: foto FOLHA
(2)Ademir Sopa na marcação de Rodrigo Tabata: foto REUTERS

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