quinta-feira, março 16, 2006

RUMO A 2006: Togo

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Henrique Moretti

Dentre as várias seleções estreantes que obtiveram classificação para o Mundial da Alemanha, a presença da seleção togolesa é uma das que mais surpreende.

Pequeno país localizado a Oeste Africano, Togo tem uma história no futebol irrelevante. Nenhum título no currículo e apenas meia dúzia de participações em Copas Africanas de Nações. Soma-se a isso modestas campanhas nas eliminatórias recentes: quarto colocado de sua chave nas últimas três oportunidades.

Assim, a classificação da equipe comandada até então pelo nigeriano Stephen Keshi faz as seleções mais tradicionais do continente negro refletirem. Como todos sabem, forças regionais da qualidade de Camarões, Nigéria e Senegal não estarão na Alemanha. O último, aliás, eliminado pelos próprios togoleses, que garantiram a primeira colocação do Grupo 1 do Zonal Africano, dois pontos à frente da zebra da último Mundial e quatro à frente de Zâmbia.

Ao técnico Keshi, que disputou como capitão da Nigéria a Copa de 1994, nos EUA, cabe grande parte do mérito pela classificação histórica. A princípio nem mesmo o treinador esperava tal resultado, dizendo aspirar um posto entre os três primeiros de seu grupo. Porém, os jogos se passavam e Togo se punha a cada rodada mais próximo da Alemanha. Um grande passo rumo à classificação veio ao arrancar um empate diante de Senegal em Dakar (a partida em Togo havia sido vencida por 3x1 pelos donos-da-casa) com excelente participação do atacante Emmanuel Adebayor. Ali, faltando duas rodadas para o término do Zonal, Togo passou de zebra a favorito à vaga.

Adebayor aliás, é o grande destaque da equipe. Recém-transferido do francês Mônaco para o inglês Arsenal, o atacante foi artilheiro do zonal regional com 11 gols e é o único do elenco a ser um jogador de nível internacional. Os meias Cherif Touré-Maman, do Metz, e Abdel Coubadja também se destaca,, sendo o último autor de gols decisivos na vitória da equipe sobre Congo, na última partida da campanha.

Porém, a festa togolesa deve acabar por aí. Apesar de no Mundial os africanos estarem num grupo apenas razoável, com França, Coréia do Sul e Suíça, dificilmente conseguirão a classificação.

Isso porque “os Gaviões”, como são conhecidos, não conseguiram passar por recentes testes de fogo, como na derrota em amistoso diante do Paraguai por 4x2. Na Copa Africana 2006, no Egito, Togo foi ainda pior, acumulando três derrotas em três jogos, diante de Angola, Camarões e Congo.

Para piorar, Adebayor (foto abaixo) ainda teve problemas disciplinares com o técnico Keshi, o que acarretou na demissão do nigeriano, mesmo com ele ostentando o prêmio de melhor treinador africano do ano passado.

Seu substituto é o alemão Otto Pfister, de 67 anos, que possui grande experiência no continente, tendo dirigido as seleções de Gana, Costa do Marfim e Senegal, além de clubes egípcios.

Só que o pouco tempo que o alemão terá para acertar a equipe para a disputa da Copa faz-se crer ainda mais em desclassificação togolesa na primeira fase. E o despreparo dos dirigentes, demitindo o técnico responsável pelo passaporte para o Mundial às vésperas da competição, faz, e muito, por merecê-la.


FICHA TÉCNICA

Fundação: 1960
Afiliação à FIFA: 1962
Participações em Mundiais: Estreante
Melhor Resultado: Estreante
Última Copa: Não Participou
Campanha nas Eliminatórias: 1º lugar do Grupo 1 da Zona Africana
Títulos Continentais: Nenhum
Ranking FIFA: 58º
Time-Base: Agassa, Nibombe, Abalo, Mathias, Aziawonou; Atte-Oudeyi, Coubadja, Mamah, Touré-Maman; Adebayor e Senaya
Formação: 4-4-2
Técnico: Otto Pfister
Principal Destaque: Emmanuel Adebayor (Arsenal)
Avaliação: * (Mero participante)

Um comentário:

C. Avgoustopoulos disse...

Hm...quem sabe Togo não surpreende novamente? Vão jogar sem nenhuma pressão nas costas...isso pode ajudar um pouco. Mas creio que de fato será muito dificil se classificarem neste grupo.

Belo texto!