domingo, janeiro 15, 2006

Fim da linha para Carlos Bianchi

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Henrique Moretti

O técnico argentino Carlos Bianchi durou pouco no comando do Atlético de Madrid. Sua passagem pelo clube da capital espanhola durou exatamente 219 dias, tendo se iniciado em Junho de 2005. O golpe de misericórdia foi realizado na derrota da última quarta-feira (0x1) para o Zagaroza em pleno estádio Vicente Calderón, pelo jogo de ida das oitavas-de-final da Copa do Rei. “El Virrey” teve inclusive sua cabeça pedida por parte dos torcedores atleticanos.

Essa notícia, tal qual a da demissão de Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid, deixa o torcedor sul-americano com muitas dúvidas na cabeça. Como pode um treinador comprovadamente vencedor na América, com vários títulos importantes por Boca Juniors e Vélez Sarsfield ir tão mal quando o desafio é no Velho Continente?

Bianchi, que já havia fracassado na Roma no fim dos anos 90, sabe que será muito duro receber uma nova boa oportunidade de trabalho na Europa. E o caso do Atlético é bem peculiar. Depois da equipe terminar entre os 10 primeiros da última Liga Espanhola, tendo inclusive brigado diretamente por vagas nas copas européias, o presidente Enrique Cerezo resolveu abrir os cofres do clube para realmente ganhar títulos, depois de longo jejum. Para alcançar o objetivo, nada melhor seria que apostar num técnico já consagrado, como Bianchi, e lhe dar a devida liberdade para contratar.

Ao todo, 22 milhões de euros foram gastos na construção do time, com as contratações dos argentinos Maxí Rodriguez e Luciano Galleti, do sérvio e montenegrino Mateja Kezman - que sofreu muito com contusões - e do búlgaro Martin Petrov, todos defensores de suas seleções nacionais. Todos esses somado à juventude e talento de Fernando Torres (na foto com Kezman), provável dono da camisa 9 da Fúria na Copa 2006, e à habilidade do baixinho meia também argentino Ariel Ibagaza.

O teórico timaço ficou apenas no papel e o Atlético amargou muitos pontos perdidos dentro da própria casa, problemas inusitados, como o da intoxicação estomacal que tirou de cena vários jogadores do elenco na semana retrasada, e uma apenas medíocre 12ª posição no campeonato nacional, a quatro pontos da zona de rebaixamento, e o que era pra ser uma volta triunfal de Bianchi ao futebol (ficou afastado dos gramados por mais de um ano devido a problemas familiares) acabou se transformando num vexame que talvez não tenha mais volta para o argentino.

Só resta agora ao “Virrey” provar novamente que tem condições de realizar um grande trabalho na Europa. Treinar a Seleção Argentina pós-Copa do Mundo pode ser um bom (re)começo.

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