terça-feira, junho 27, 2006

A tradicional surpresa africana...

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Henrique Moretti

Desde 1986 o continente africano leva ao menos um representante para a segunda fase da Copa do Mundo. Marrocos, na Copa do México, foi a primeira seleção oriunda da “Mãe-África” a conseguir tal feito, que acabou repetido por Camarões, de Roger Milla, em 1990, na Itália; pela Nigéria, de Amokachi, em 1994, nos EUA, e de West, na França, em 1998; além do surpreendente Senegal, de Diouf, na Copa da Coréia e do Japão, há quatro anos.


Porém, apesar do retrospecto positivo das equipes do Continente Negro nos últimos tempos, não se esperava, dos menos aos mais entendidos, que dessa vez um africano conseguisse passar da primeira fase do Mundial alemão. Pois Gana conseguiu.


A seleção de Gana provou que nunca se deve duvidar do futebol da África, e, contrariando os prognósticos, obteve a classificação no grupo que se mostrou no mais difícil da Copa, o E. Na verdade, a qualidade dos adversários era o maior obstáculo para Gana, e, isso, particularmente, fez com que o colunista não apostasse nas “Estrelas Negras”.


Porque potencial, muitos sabiam que eles tinham. A equipe, conhecida por ser uma potência nas categorias de base - foi duas vezes campeã mundial Sub-17 e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992 -, teve uma campanha impecável nas Eliminatórias, deixando a África do Sul, anfitriã do Mundial de 2010, para trás com larga folga, e apenas 4 bolas chegaram às redes ganesas em toda a fase preliminar. E essa fortaleza na defesa é que diferencia Gana das demais seleções africanas e, conseqüentemente, foi uma das principais razões para que a equipe levasse a melhor sobre EUA e República Tcheca, só sendo derrotada pela tricampeã mundial Itália.


Se é assim, é bom o Brasil tomar cuidado na etapa de oitavas de finais, quando canarinhos e ganeses ficarão frente a frente em Dortmund, no próximo dia 27, porque o clichê de que as seleções africanas têm alegria, muita ginga, dribles, porém inocência na defesa e falta de disciplina tática, cai por terra quando o assunto é a seleção de Essien e cia.


O time é treinado pelo sérvio Ratomir Djukovic e apresenta um zagueiraço, John Mensah, que desde a CAN 2006 (em que a equipe, desfalcada, não obteve nem sequer vaga à segunda fase) vem se destacando. Seu parceiro seria o conhecido Samuel Kuffour, com passagem pelo Bayern e hoje na Roma. Seria porque, ao falhar bisonhamente na estréia diante da Itália, Kuffour foi sacado do time sem dó por Djukovic, dando lugar a Mohammed. A fortaleza continua no meio-campo, com verdadeiros “tanques de guerra”. Essien, Muntari e Appiah são jogadores de muita força física e que aliam marcação firme com boas saídas ao ataque, que parecia (e se confirmou) como a principal deficiência do time, aparecendo Amoah e Gyan, que não são maus jogadores – longe disso -, porém a quantidade de chances de gols que desperdiçam impressiona.


E é com esse time que os comandados de Djukovic tentarão surpreender os pentacampeões brasileiros. E eles levam toda a África consigo, já que Costa do Marfim, Tunísia, Togo e Angola não foram capazes de avançar. O único (porém não menos relevante) contra-tempo para a partida decisiva de Dortmund é o desfalque de Essien, infeliz ao tomar o segundo cartão amarelo logo aos 4 minutos do jogo contra os EUA.



Zidane uma vez mais


Foi duro. Foi difícil. Foi sofrido. Mas a França está nas oitavas de final da Copa do Mundo 2006. A partida contra Togo, quando todos pensavam que fosse ser fácil, tomou rumos desfavoráveis aos franceses, que além de jogarem pela classificação depois do vexame de 2002 tentavam manter a carreira de Zidane ao menos até as oitavas de finais.


O camisa 10 e capitão dos “Blues”, que anunciou sua aposentadoria ao término da Copa, estava suspenso para a partida, após receber dois cartões amarelos nas duas primeiras partidas, contra Suíça e Coréia e, no dia de seu 34º aniversário, restava-lhe apenas torcer para os companheiros prolongarem a vida francesa no Mundial.


Porém Togo parecia estar disposto a encerrar mais cedo a carreira do brilhante jogador, e apesar da pressão francesa no primeiro tempo, o gol acabou não saindo, com o desespero já tomando conta do time treinado por Raymond Domenech. Mas no segundo tempo Vieira e Henry furaram o bloqueio do bom goleiro Agassa e obtiveram a classificação para enfrentar a Espanha nas oitavas.


Outro destaque da equipe foi David Trezeguet, que deve ter finalmente convencido o teimoso Domenech que sua presença entre os 11 titulares é indispensável.


Assim, no aniversário de Zidane os agraciados com presente foram os fãs do futebol, que têm a oportunidade de ver o craque em campo por mais uma vez. Mas nada impede os franceses de torcerem por mais 3 jogos com Zizou nos gramados.


Coluna também publicada em www.voleio.com

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