Acompanhando a programação da ESPN Brasil no decorrer da semana que culminou com o início da Copa do Mundo FIFA 2006, me chamou a atenção uma observação de Paulo Vinícius Coelho, na qual, em suporte à tese de que Robinho merece uma vaga no time, o jornalista classificou a dupla de ataque titular da seleção brasileira, composta por Adriano e Ronaldo, como “o ataque mais pesado” entre os favoritos ao título da maior competição do futebol mundial.
Atribuiu assim à dupla o título de “ataque alemão”, mais germânico, curiosamente, que o dos próprios anfitriões do Mundial, que dessa vez apostam em Klose, que apesar de bom cabeceador não é nenhum gigante (1,82m), e Podolski, cuja uma das maiores qualidades que possui é a agilidade.
Adriano, de 1,89m e
Eu iria além: a dupla da seleção de Parreira pode ser considerada a mais pesada entre todos os times da competição, talvez só sendo derrotada pela parceria tcheca, Koller e Baros. Porém, no caso tcheco, onde a soma dos pesos estaria por volta dos 178kg, uma peculiaridade deve ser destacada: Koller, do alto de seus 2,02m, não teria como ser um jogador leve, convenhamos, com os 100kg de sua massa correspondendo a quase 60% do total da dupla.
Antes que o prezado leitor pense que tudo isso não passa de uma grande bobagem, paremos com números e mais números e vamos ao que realmente interessa.
A verdade é que o ataque brasileiro não vive grande fase. Adriano passou por grande seca de gols durante a temporada na Internazionale, de Milão, enquanto Ronaldo, apesar de ainda fazer bons jogos, não conseguiu atuar em mais que sete partidas consecutivas nessa temporada (número que precisaria fazer caso queira realmente chegar à decisão da Copa). Para piorar, o “Fenômeno” passou por uma semana mais que conturbada: bolhas, febre e até um atrito com o presidente Lula.
O petista indagou Parreira, numa videoconferência com a delegação da seleção brasileira, sobre a situação verdadeira de Ronaldo. Queria saber se, afinal, a eterna discussão do excesso de peso procedia ou não. Como Ronaldo não é flor que se cheire, a declaração acabou tendo repercussão na concentração da equipe,
Em treinos e amistosos vê-se que o ataque, composto por dois centroavantes típicos, além de ser lento, não tem o estilo do futebol brasileiro: da agilidade, da leveza, da arte. O trombador Adriano e o experiente Ronaldo são hoje jogadores que gostam de ocupar a mesma faixa de campo. Logo, o reserva Robinho, no lugar de qualquer um dos dois, daria uma maior mobilidade, como se mostrou recentemente nas partidas ante Nova Zelândia e Lucerna.
Minha opção, para não ficar em cima do muro, seria ainda por Ronaldo, que de uma forma ou de outra ostenta uma trajetória invejável na seleção brasileira e, o mais importante, de muitos títulos, o que não pode ser renegado de uma hora pra outra.
Ainda assim, a declaração recente de Parreira, quando disse que “Ronaldo está fazendo o que se queria dele: gols”, justificando as bolas na rede do combinado de Lucerna, leva a uma imediata reflexão: o jogador do Real Madrid, que sempre foi marcado por arrancadas, dribles, passes e, conseqüentemente, gols, hoje tem a missão de “apenas” colocar a redonda pra dentro?
Então o quanto ainda é imprescindível Ronaldo, quando ele, segundo o próprio treinador, não passa mais do que foram Túlio, Luizão, Guilherme e tantos outros matadores brasileiros?
O atacante francês Djibril Cissé não precisou mais de que 10 minutos de partida, no amistoso entre França e China (o último da preparação dos Blues para o Mundial), para se machucar gravemente e ficar fora do sonho maior de qualquer jogador: a Copa do Mundo.
Cissé fraturou tíbia e fíbula da perna direita após choque com o meia Zheng Zhi, e acabou cortado da delegação francesa pelo treinador Raymond Domenech. O chinês não teve culpa no lance.
Esta já é a segunda grave contusão do atacante em menos de 2 anos: em outubro de 2004, atuando pelo Liverpool, Cissé passou por cirurgia delicada, após sofrer fratura na perna esquerda, e ficou quase 6 meses longe dos gramados.
O volante Claude Makelele lamentou muito a infelicidade do companheiro e garantiu que a França quer brilhar pelo atacante do Liverpool: "Levaremos ele conosco e tentaremos chegar o mais longe possível para que ele também participe de alguma forma", explicou.
Para o lugar do cortado Cissé, Domenech justificou a fama de tomar decisões polêmicas, chamando o atacante Sidney Govou, do Lyon, ao invés de Anelka e Giuly, que eram considerados favoritos à vaga.
Coluna também publicada no site: www.voleio.com
A seleção brasileira estréia no Mundial 2006 diante da Croácia, nesta terça, às 16h,
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