Mudanças radicais ocorreriam no futebol segundo sua vigência, principalmente no que diz respeito à segurança, à venda de ingressos e ao atendimento médico caso algum incidente ocorresse.
Mas, como garantir a segurança dos torcedores se a própria polícia apóia as torcidas organizadas? Os mesmos que decidiram acabar com elas foram os que permitiram suas voltas gradativas aos estádios. Hoje, a situação é a mesma de antes, com apenas uma diferença: as brigas não ocorrem mais nos estádios, mas sim nas suas imediações.
Antes de chegar ao jogo propriamente dito, é preciso passar pela humilhação da compra dos ingressos. O torcedor é tratado como gado, enfrenta filas enormes e ainda fica com o resto, afinal, o primeiro lote é sempre dos cambistas.
É, entrar nesse assunto traz a polícia de volta para a conversa, pois ela é a única que não vê esses criminosos agindo. Todo mundo sabe que o esquema existe, como ele funciona e que basta estar perto da bilheteria para surgirem dois ou três oferecendo o ingresso esgotado. Alguém, que não os torcedores, ganham muito com isso...
A morte do jogador Serginho, do São Caetano, em 2004, mostrou o quanto pode ser perigoso precisar de maiores cuidados dentro de um estádio de futebol. Segundo o Estatuto, é obrigação do organizador da partida:
Art. 16 III Disponibilizar um médico e dois enfermeiros-padrão para cada dez mil torcedores presentes à partida.
IV Disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presentes à partida.
A ambulância realmente existia mas não com os equipamentos adequados, e a partida era no Morumbi. Será que numa partida de segunda ou terceira divisão isso existe?
Bom, só para ilustrar, separei outros trechos que se referem ao que já foi comentado:
Art.20
2º A venda (dos ingressos) deverá ser realizada por sistema que assegure a sua agilidade e amplo acesso à informação.
Art. 21 A entidade detentora domando de jogo implementará, na organização da emissão e venda de ingressos, sistema de segurança contra falsificações, fraudes e outras práticas que contribuam para a evasão da receita decorrente do evento esportivo.
Não seria exagero colar todo o texto, pois nem as medidas mais simples como o direito a um número razoável de banheiros decentes e de pessoas que auxiliem os torcedores a encontrarem seus lugares foram cumpridas.
Admiro os que apesar de todo esse desrespeito ainda insistem em ir apoiar o seu time de coração, mesmo sabendo que correm risco de serem atacados pelos animais organizados. Após esses três anos, como torcedora, não queria um estatuto “para inglês ver”, só o básico já me bastaria: queria ter o direito de ir aos estádios e voltar viva para casa.
Para os que se interessaram, o Estatuto pode ser lido integralmente no seguinte endereço: http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.671.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário