Romário. É nessa palavra em que se resume uma figura enigmática do futebol brasileiro. Esse é o nome que às vezes se confunde com a palavra ‘mito’. Um mito polêmico, mas um mito. Sua habilidade em disparar declarações polêmicas, as famosas “escapadas” das concentrações, e principalmente, seus gols – ao todo quase mil – são a marca registrada desse jogador, que certamente foi um dos maiores (e um dos mais longevos também!) da década de 90. Tudo isso pode ser sintetizado em apenas uma alcunha: o Rei do Rio.
Sua vida é uma verdadeira história de sucesso, recheada de gols e títulos por quase todos os lugares em que passou. Ele começou sua carreira no mesmo clube em que joga atualmente, o Clube de Regatas Vasco da Gama. Com 19 anos, subiu ao elenco profissional do time cruz-maltino. Nesse mesmo ano (1985), conquistou o campeonato sul-americano sub-20, com a Seleção Brasileira, e no ano seguinte sagrou-se artilheiro do Cariocão. Dois anos depois, conquistou o campeonato carioca, feito que se repetiria no ano seguinte. Em 1988, transferiu-se para o PSV Eindhoven, da Holanda. Na terra de Van Gogh, sua carreira meteórica continuou impressionando a todos. Com o “Baixinho” em seu elenco, o time da Phillips conseguiu uma “dobradinha” – Copa Holandesa e Campeonato Holandês – logo na sua primeira temporada. Durante todo o tempo que passou em Eindhoven, foram três ligas e três copas. Depois desse sucesso estrondoso na Holanda, o gigante espanhol Barcelona se interessou pelo craque. Então, o “peixe” seguiu para a Espanha, terra da maior liga do mundo. Mas isso não foi suficiente para barrar sua ascensão no futebol: em uma primeira temporada avassaladora, Romário fez 33 gols em 30 jogos pela Liga Espanhola, se sagrou campeão do mundo com a Seleção Brasileira, sendo escolhido o melhor jogador da Copa. De quebra, terminou o ano de 1994 como o melhor jogador do mundo escolhido pela FIFA.
Apesar de ter se adaptado à vida espanhola, o craque sentia falta da vida nas praias do Rio, do futevôlei, e da vida boêmia que a Cidade Maravilhosa lhe proporcionava. Então, numa das maiores transferências da história do futebol brasileiro, o Flamengo repatriou o Baixinho, e não demorou a colher os frutos. Romário foi artilheiro também no rubro-negro carioca, onde jogou por dois anos (95 e 96). Novamente, chamou a atenção de clubes europeus, e decidiu retornar à Espanha, só que desta vez ao Valencia. Não chegou a atuar muitas vezes pelo clube, e voltou ao Brasil apenas um ano depois de sua saída, mais uma vez ao Flamengo, onde permaneceu por mais alguns anos, até que, no final de 1999, ele trocou o Flamengo pelo seu clube de origem, o Vasco. Foi artilheiro do Campeonato Carioca, do Brasileirão e da Copa Mercosul, no ano seguinte. Em 2001, o craque continuou brilhando, se tornando o artilheiro do Brasileirão, ainda pelo Vasco. Em 2002, mais uma transação polêmica, na qual ele foi para o Fluminense. O tricolor carioca foi um dos clubes em que obteve menos sucesso: não conquistou nenhum título, embora tenha continuado uma fonte interminável de gols, mesmo com a idade já avançada.
Romário permaneceu no “Flu” até 2004, quando, aos 38 anos, acertou sua volta ao clube que o revelou. Sua passagem pelo Vasco foi marcada pelas críticas da imprensa a respeito da sua “esticada” na carreira. E, quando todos menos esperavam, o “Baixinho” reassumiu com primor a função de colocar a bola para dentro das redes, ao terminar o Campeonato Brasileiro de 2005 como artilheiro, com 22 gols em pouco mais da metade das partidas do Vasco no campeonato.
Dessa marca que o “Gênio da Área”, como gosta de ser chamado, alcançou, podem ser tiradas duas conclusões:
1) Romário é, realmente, um gênio. Um jogador que conseguiu fazer história, sendo artilheiro de um campeonato difícil como o Brasileiro aos 40 anos. Só deuses do futebol conseguem proezas como essa, logo, o Baixinho se enquadraria nessa categoria, o que deixa seu lugar guardado na história do esporte bretão.
2) O campeonato brasileiro, infelizmente, está em um nível tão medíocre que até um jogador de 40 consegue ser artilheiro. Com a debandada de craques para o futebol europeu, aqui em nossas terras só sobra o “bagaço”, o que facilita o trabalho de “ex-jogadores em atividade”, como Romário.
Os críticos optariam pela segunda alternativa. Até porque é a mais lógica. Não restam dúvidas de que se Adriano, Ronaldo, Aílton, e muitos outros “matadores” estivessem aqui, a briga pela artilharia seria muito mais acirrada. Eu, particularmente, prefiro acreditar na magia, na inteligência e no toque refinado e decisivo do “Baixinho”. Romário sempre será uma referência de atacante no futebol do mundo todo, uma inspiração a todas as crianças que sonham em ser jogadores de futebol (ou seja, todas as crianças), e, sobretudo, um ícone da cultura nacional. Mesmo aos 40 anos, o artilheiro do Brasileirão é o principal atrativo usado na campanha de venda do Brasileirão-2006 fora do Brasil. Ele é o símbolo da tradicional malandragem do brasileiro, o símbolo do talento natural do povo da nossa nação com a bola nos pés – não é exatamente um adepto dos treinamentos: já nasceu com o dom. Resta-me, então, a mim e a todos os brasileiros, desejar boa sorte a este gênio, nessa que parece ser sua “última cruzada” na carreira: alcançar o milésimo gol. Boa sorte, Romário, e parabéns pelos seus 40 anos!
3 comentários:
Sou fã do Baixinho! Prefirô tô-lo no meu time com 40 anos a ter um ataque com Bobô e William, por exemplo, que devem ter 20 anos cada um.
Ele é mesmo o gênio da grande área, como disse Cruyff. "Quando Deus olhou pra mim, ele apontou o dedo e disse: esse é o cara!"
Parabéns, Baixinho!
Romário é foda!!!!!
BOa coluna piteka..abraços;D
Show show, bela matéria! também sou fã do baixinho...dos jogadores que pude ver ele foi o melhor. Toda sorte do mundo pra que ele alcance os 1000 gols!
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