Tal popularidade precoce tornou os Estados Unidos uma espécie de potência mundial precursora. Se, com os marmanjos, passaram quarenta anos sem ir a uma Copa, com as moçoilas figuraram sempre entre os três primeiros, ostentando dois títulos em quatro dos mundiais disputados. Nomes como Michelle Akers, Joy Fawcett e Shannon McMillan logo alçariam condição de referência global.
Abaixo do equador, o clima era outro. Mulheres jogando bola taxadas de lésbicas ou coisa pior. Falta de incentivo à formação e profissionalização de atletas tornaram a América do Sul terceiro mundo no futebol de saias, e a coisa pouco mudou desde então, exceto por um detalhe.
Um detalhe chamado Seleção Brasileira.
Ocorreu devagar. Lampejos de uma geração prodigiosa e guerreira que, desde sempre, lutou contra tudo e contra todos para não perecer. Marta, Formiga, Pretinha... surgiram como curiosidades, ganharam simpatia pública e viraram ícones de garra e perseverança, heroínas nacionais. No começo, tiravam onda nos trópicos com homéricas goleadas, mas caíam ante as "gigantes" chinesas, norueguesas e americanas. Para cada mundial perdido, um choro por apoio e meses de esquecimento até o próximo compromisso importante. Promessas não cumpridas, mal-entendidos, “crocodilagens” e a eterna superação de um time que de zebra virou "pedreira" e agora quer ser grande. Mereceu ganhar ouro em Atenas, faturou dois Pan-americanos e por fim, enfim, desbancou o antigo carrasco, candidato a freguês. Nosso Brasil também quer ser potência entre as meninas, e pode, se nós aqui deixarmos.
Torcerei por elas na decisão, claro, e ainda mais depois. Torcerei para não serem esquecidas. Para que a TV, empresas, federações, e nós, o público "pagante", não as deixemos de lado, ou viverão sempre comendo migalhas dos rapazes, apesar do esforço e glória alcançados.
Nos "estates", o fenômeno é inverso. A velha zebra yankee da seleção masculina, ressurgida às copas de 90 para cá, mostra sinais evolutivos claros. Fez bonito em 2002, deu azar em 2006 com uma chave difícil e hoje consegue encarar o Brasil de Kaká e Ronaldinho quase de igual para igual. Não duvido que em alguns anos os homens, e não as mulheres, sejam o sexo forte no futebol de lá. A pergunta é: Isso bastaria para popularizar o "soccer for men"? E aqui? Algo inverso ocorreria com um título feminino em copa do mundo?
Bom... vamos aguardar.
Texto também publicado no blog: http://www.noticiasdofront3.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário