Esta semana aconteceu de novo: torcidas dentro de campo, dando instruções aos jogadores de Flamengo e Corinthians e o pior, com o maior respaldo.
A cena era bizarra e ridícula, num mesmo campo, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, o técnico Ney Franco, os jogadores e os desorganizados dando a sua palavra de incentivo para o time que está disputando a final da Copa do Brasil.
A presença até do presidente do clube mostra que a “palestra motivacional gratuita” que os jogadores rubro-negros receberam foi mais do que aprovada pela diretoria.
A partir do momento em que intimidação e ameaças tornam-se fatores motivacionais para uma equipe, é hora de todos reverem seus conceitos! Atitudes como esta só atrasam mais ainda um futebol que já é atrasado quando se fala em organização.
Bem vindos ao regresso!
Se alguém ainda entende a “preleção” dos desorganizados como um incentivo, é bom lembrar que eles são tão torcedores como qualquer um, portanto, o seu lugar é na torcida. Não há maior incentivo do que um estádio lotado.
O Flamengo acabou ganhando a primeira partida da final, mas por saber da importância que este título da Copa do Brasil tem. Além de ser um título, por mais óbvio que isso pareça, é o caminho mais fácil para chegar a Libertadores.
A ineficácia dessas visitas surpresas foi comprovada mais uma vez, pois no Corinthians, Geninho recebeu os torcedores e a equipe continua sem vencer...
Até que tomar medidas como estas não é tão má idéia... Assim, a administração mostra que está preocupada com a situação da equipe e ao mesmo tempo, acalma os ânimos das desorganizadas, que poderiam organizar um protesto que atingiria a própria administração. Para mim isto tem outro nome: politicagem, da mais barata que existe!
É sempre aquele esquema: “a gente finge que ouve vocês, e vocês fingem que concordam com as nossas decisões...”.
No caso do Flamengo, acho que as conseqüências não serão tão graves como podem ser no Timão. Eu explico: O Corinthians tem um time com muitas estrelas (Tevez, Carlos Alberto, Nilmar, Mascherano, Roger), que não precisam mais provar que sabem jogar futebol. Imaginem se eles resolvem fazer corpo mole em campo, por birra mesmo, afinal, estão a pouco de serem agredidos pela “torcida”.
Claro que isso seria uma falta de profissionalismo, mas para uma diretoria que não é profissional, nada mais justo!
Quando se fala em Corinthians, não é preciso ir muito longe para relembrar de várias agressões que os jogadores já sofreram dos desorganizados. Eles vão embora, e os problemas ficam.
Uma administração que não impõe limites de torcedor a torcedor, não tem moral para condenar atitudes como essa, mas condena. Aí é a hora em que a oposição aparece, cheia de moral, de razão, com o mesmo discurso: “Mas é claro que isso aconteceu, a situação não pensa no time” e aquele blá, blá, blá de sempre...
Mais uma vez, a discussão vai, e o clube fica!
Quem está no poder não quer sair (e tem um Estatuto que o garante lá), e quem não está, o quer a qualquer custo. Mas e o torcedor? Aquele verdadeiro, que só quer torcer, que não tem intenção política nenhuma e que além de tudo nem é ouvido?
Este, como eu, torce, mas torce mesmo, para que um dia tudo isso seja diferente.
Um comentário:
Bem focado o assunto, Daniele. Também me indigno com esses "desorganizados" que tomam os clubes e, mais ainda, com os dirigentes que consentem. Mas aí é que está: trata-se de um parasitismo mútuo. Lamentável!
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