Num primeiro de maio de alguns anos atrás, minha mãe me fez a pergunta clássica: Filha, o que você quer ser quando crescer?
Eu na hora respondi: Jornalista esportiva!
De início ela tomou um susto, a filhinha mais nova, delicadinha, entrar nesse meio, tão “machista”.
Bom, na época queria entrar nesse meio simplesmente por ser fanática por esportes.
Hoje, sou muito consciente de que isso não basta! Claro que a parte boa inclui estar de camarote assistindo aos jogos, presenciar lances que podem entrar para a história, conhecer os ídolos de um país ou do mundo quem sabe.
Mas acho que a parte mais fascinante de tudo isso é atingir a um número tão grande de pessoas. Todos sempre dão uma olhadinha em algum programa esportivo e está comprovado, a seção de esportes do jornal é disparada a mais lida: do patrão ao empregado, do faxineiro ao presidente da empresa, todos discutem a rodada no dia seguinte.
Justamente por esse motivo é que muitos jornalistas se tornam marqueteiros e publicitários... e como vendem! A televisão aberta está contaminada de programas que dedicam boa parte de seu tempo para propagandas. Às vezes penso estar por engano assistindo a um canal de vendas, mas são apenas as mesas redondas de domingo à noite.
Outro grande problema está na “vulgarização” do termo jornalista, afinal, hoje em dia todo mundo é, né? Modelos que nada sabem do assunto e nem se quer passaram na porta de uma faculdade andam tirando vagas de muita gente competente.
Num meio como o esporte onde muitas fusões, parcerias acontecem, o trabalho investigativo é primordial. Na busca de uma notícia, às vezes, descobre-se esquemas muito lucrativos e principalmente foras da lei e é nessa hora que o verdadeiro jornalista aparece! Sua função é de repassá-la, sem omissão de informações, afinal ele deve estar do lado do público.
Trabalhar para grandes meios coloca-os em situação delicada, existe um editor que realmente corta o que não é interessante a seus patrocinadores. Daí surge o grande dilema da profissão: trabalhar para a grande massa ou escolher um meio alternativo, portanto mais liberal, mas falando para poucos?
Apesar de todas as dificuldades, desde a mais simples como encarar técnicos e jogadores mal humorados, até as mais pesadas, como a escolha entre se manter em um bom emprego ou prezar pela ética, não desisti da idéia. Aliás, ela está mais forte do que nunca. Afinal, como diria Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!
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