domingo, fevereiro 26, 2006

O Péssimo Domingo Esportivo da Tv Brasileira


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Dante Baptista

Domingo, 20h, final de mais uma rodada de futebol. É a hora de assistir aos programas esportivos e se aprofundar no que aconteceu durante o fim de semana. Ver resultados, análises, comentários e entrevistas. Você liga a TV e... o resultado é péssimo. Todos os programas do gênero são iguais em forma e equivalentes no fraco conteúdo. O sensacionalismo impera e a discussão não passa do básico rebatido em qualquer bar do país.

Começa com o Show do Esporte Interativo, comandado por Roberto Avallone, "exclamação"! O caricato apresentador é mais notado por suas expressões do que por seu conhecimento de futebol. O time de comentaristas também deixa a desejar. Não por Marilia Ruiz, tampouco por Mauro Beting, Não por Marilia Ruiz, tampouco por Mauro Beting, mas por Cacá Rosset, o ator de teatro que se aventura no mundo do jornalismo esportivo. Seu lugar definitivamente não é esse!

Já o Bola na Rede parece ter sentido a falta de Avallone. Mesmo com Fernando Vanucci no comando, o programa peca pela falta de conteúdo, tanto que apelava descaradamente para as imitações de Alexandre Porpettone, ex-Provollone, hoje na Record. O fanatismo de José Calil pelo Santos torna o programa ainda pior. Mas pelo menos, Alex Muller mostra ter talento e demonstra ter sobriedade e inteligência em seus comentários.

O mais tradicional programa que dá nome ao gênero parou no tempo. O Mesa-Redonda, da Gazeta, é o mais antigo e o pior de todos. Produção, cenário e comentaristas são péssimos. Chico Lang beira a insanidade com seus comentários totalmente parciais e pró-Corinthians. Wanderlei Nogueira é o mais sóbrio e ponderado dos comentaristas. Mas o programa afundou também no 'merchan'. Gol Ypioca, Sodesp e outros anunciantes de menor porte acabam tirando o pouco brilho que o Mesa-Redonda tinha. O comando de Flavio Prado decepciona. Quem o viu com Juca Kfouri e José Trajano no Cartão Verde não o reconhece.

O Terceiro Tempo é, de longe, o programa com melhor produção, os melhores convidados e o mais sóbrio time de comentaristas. Mas, por outro lado, torna-se um dos menos suportáveis dos programas esportivos. O que acontece com o Terceiro Tempo?

A mesa-redonda da Rede Record tem mais de quatro anos sob o comando de Milton Neves e, desde o começo, sempre foi um proveitoso espaço para as empresas anunciarem. Milton não mostra nenhum pudor em lotear minutos de seu programa para os anunciantes, e se preciso, pára uma discussão no meio para fazer o famoso 'merchan'. Com isso, o programa perde o conteúdo, e o que tinha tudo pra ser o melhor do gênero neste horário passa a ser muito difícil de se assistir.

O apresentador é sim um dos responsáveis pela baixa qualidade do programa. PVC acerta em seu livro "Jornalismo Esportivo", quando diz que o apresentador parou no tempo, que prefere lembrar de alguma equipe da década de 60 a se aprofundar mais sobre o futebol de hoje. Para mim, fica a impressão que antes, era o jornalista, agora quem apresenta o Terceiro Tempo é o publicitário Milton Neves.

Todos os programas estão 'nivelados por baixo', jargão comum no meio esportivo (de dentro de campo). Nenhum deles se aprofunda em táticas e análises. Tratam o futebol como qualquer pessoa no bar, no trabalho ou na discussão da faculdade. Por isso, no senso comum, é fácil ser jornalista esportivo, porque fala o que todo mundo sabe falar. Porém, jornalismo esportivo é muito mais do que isso, exclamação!

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