terça-feira, fevereiro 14, 2006

Copa de 1954: A máquina Húngara

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Alden Calviño

Terminada a Copa de 1950, os olhos agora estavam voltados para a Suíça, novamente uma Copa do Mundo seria na Europa. Depois de 16 anos, os europeus sediariam novamente uma competição deste porte, agora com a volta da Alemanha, até então banida pela Fifa, depois da 2ª Guerra Mundial.

Como de praxe, as eliminatórias tiveram várias desistências, e dos 82 países ligados à Fifa, apenas 35 disputaram as Eliminatórias. E duas grandes potências futebolísticas não participaram: a URSS e a Argentina, que achava ter o melhor futebol da América.

Mas, o que realmente todo mundo queria saber era: existe alguma chance da Hungria não ser a campeã do mundo? Afinal estavam invictos a mais de 25 jogos, e estavam aniquilando seus adversários. Com o comunismo a todo vapor no Leste Europeu, eles criaram o Honvéd, uma equipe do Exército que contava com os grandes craques da Hungria, este time era praticamente imbatível, logo, foi criado um outro time, o MTK, ou o time da Polícia, para que o Campeonato Húngaro se tornasse mais equilibrado.

E a Seleção Húngara começou a fazer história, com um esquema totalmente inovador, os húngaros iam desfilando seu futebol encantador, que deixava todo o mundo embasbacado. Até a estréia na Copa, os húngaros fizeram mais de 100 gols em 27 jogos, levando apenas 26 gols.

O grande momento para eles seria enfrentar a Seleção Inglesa em amistoso em Wembley, local este aonde jamais os ingleses haviam perdido para alguma seleção não-britânica.

Os ingleses não sabiam da força da Hungria, se achavam superior a qualquer seleção, e no dia 25 de novembro de 1953, puderam enfim, assistir (literalmente) o time húngaro jogar.

No final, 6x3 para a Hungria, num jogo em que o resultado ficou de bom tamanho para os britânicos, sendo que poderia ser bem pior.

Um novo confronto então foi marcado, para que os húngaros se colocassem em seu devido lugar, pois os prepotentes ingleses achavam que aquele resultado foi além da sorte, um certo despreparo por parte deles, e que jamais aquilo iria ocorrer novamente.

E em 23 de maio, desta vez em Budapeste, os filhos da "terra da rainha" entraram confiantes e preparados, mas mesmo assim foram novamente dizimados pela Hungria: sonoro 7x1, e a certeza que ninguém poderia detê-los.

Iniciada a Copa da Suíça, a certeza de antes se transformava em fato concreto. Os húngaros e o seu “Quarteto Mágico”, formado por Puskás, Kocsis, Hidegkuti e Czibor, venceram sem dificuldades os coreanos por 9x0 e os alemães por 8x3.

Um fato curioso, que marcou a competição, foi a partida entre Brasil e Iugoslávia. Os brasileiros não tinham muito conhecimento do regulamento e não sabiam que o empate classificaria as duas seleções.

O jogo estava 1x1, e os iugoslavos tentavam com mímicas dizer aos brasileiros que o empate serviria para os dois, mas entendendo que aqueles gestos eram provocação, partiram com tudo pra cima, atrás da vitória, que não ocorreu.

E no final os brasileiros saíram de campo cabisbaixos, pois achavam erroneamente que haviam sido eliminados.

Terminada a primeira fase, as seleções sorteadas iniciariam as quartas-de-final, e o destino selou para os brasileiros enfrentar nada menos que a Hungria, no jogo que ficou conhecido como a Batalha de Berna (foto ao lado).

Como poucos previam, o jogo foi extremamente equilibrado, mas os gols relâmpagos que os húngaros faziam nos inícios das partidas foi fundamental, num 2x0 em apenas 7 minutos.

O Brasil reagiria e ainda chegaria e encostar no marcador em 3x2, mas as expulsões de Nilton Santos e Humberto acabaram com as chances brasileiras, que ainda viram Kocsis marcar o quarto gol húngaro.

A partida foi umas das mais violentas de todas as Copas. Humberto deu uma inacreditável tesoura em Lorant, Brandãozinho derrubou Hidegkuti com um incrível soco, depois de haver recebido um chutinho na canela, Puskas quebrou uma garrafa na testa de Pinheiro e Zezé Moreira deu com a chuteira no rosto do técnico húngaro Gusztav Sebes.

No dia seguinte os jornais execraram Brasil e Hungria, e alguns jornais brasileiros acreditavam numa suposta ajuda ao time húngaro por parte da arbitragem.

Nos outros confrontos, dois lindos jogos, Uruguai 4x2 Inglaterra, e Áustria 7x5 Suíça, além de Alemanha 2x0 Iugoslavia.

Nas semi-finais, a Hungria enfrentaria os poderosos uruguaios e a Alemanha, a Áustria.

Os germânicos passearam em campo e venceram com sobras por 6x1, e esse resultado deixou todos surpresos, pois antes da Copa poucos acreditavam no poderio da Alemanha. Assim, restava a eles esperarem seu adversário na grande final.

Na outra semifinal, a mais bela partida de toda o Mundial. Depois de estarem perdendo por 2x0, os uruguaios iniciaram uma reação formidável e chegaram ao empate com Hohberg, aos 41 do 2º tempo, levando o jogo para a prorrogação.

No final do jogo o herói uruguaio, tomado pela emoção e cansaço, acabou desmaiando e ficou de fora do restante da partida.

A prorrogação foi um espetáculo, as duas equipes buscaram a vitória, e qualquer uma que saísse com a ela seria justo, mas Kocsis, com dois gols de cabeça, derrubou a valente e organizada equipe celeste.

Na final, um confronto repetido. Durante a primeira fase, a Hungria havia derrotado a Alemanha por 8x3, e todos não imaginavam outro resultado a não ser a vitória húngara.

E ela começou a ser desenhada logo aos 6 minutos com Puskas. Aos 9, Czibor aumentaria a vantagem: 2x0.

Mas então começou a mais fantástica reação de uma equipe numa final de Copa do Mundo. Até hoje ninguém consegue explicar o que aconteceu naquele 4 de julho de 1954.

Com uma rapidez assustadora, a Alemanha empataria o jogo, aos 11 e 18 minutos, colocando fogo na partida, deixando os húngaros estarrecidos, e aumentando sua confiança.

O técnico Sepp Herberger, famoso por suas táticas defensivas, anulava com perfeição o cérebro da equipe húngara, Hidegkuti, e apenas esperava para encaixar uma de suas armas favoritas: o contra-ataque.

E faltando 5 minutos para o final da partida, Rahn, sozinho na grande área, definiu o jogo para a Alemanha: 3x2.

Como havia acontecido quatro anos atrás, ninguém acreditava naquilo, e todos puderam presenciar a queda da máquina húngara, a então imbatível seleção da Hungria.

E mais uma vez, os céus mostravam como o futebol pode ser decidido num detalhe, numa fração de segundo, e de que uma partida se resolve somente, e tão-somente, dentro de campo.


Alemanha 3 x 2 Hungria

Local: Wankdorf-Stadion, Berna
Árbitro: William Ling (Inglaterra)

Alemanha: Turek, Posipal, Kohlmeyer, Eckel; Liebrich, Mai; Rahn, Morlock, O. Walter, F. Walter, Schäfer
Técnico: Joseph Herberger

Hungria: Grosics, Buzanszky, Lantos, Bozsik; Lorant, Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas, M.Toth
Ténico: Gusztav Sebes

Público: 60000 pessoas
Gols: Puskas, aos 6, Czibor, aos 9, Morlock, aos 11, Rahn, aos 18 minutos do primeiro tempo. Rahn, aos 39 minutos do segundo tempo

4 comentários:

Anônimo disse...

Kbça, Mando mto bem!
Kralho história sensasional!
Owww... Vc eh f.
heheehhe

Abraço!

Anônimo disse...

É por essas e outras que sou uma irmã afixionada pelo seu talento. Muito bom, garoto! Parabéns...

Anônimo disse...

ae garoto....mto bons os textos..parabens pela pesquisa realizada..
abraços!!

Anônimo disse...

Caramba, muito bom o texto!!!
Ficou manero demais!!
Muito boa as fotos tb!!

E esse blog é bem looko hein??